Oposicionistas acusam governistas de tentarem vincular crime a Bolsonaro
Por João RosaLuciana Amaral
A sessão do plenário da Câmara dos Deputados desta terça-feira (26) foi encerrada após uma confusão generalizada entre os parlamentares da Casa que discutiam os últimos desdobramentos do caso do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco.
A confusão aconteceu após o deputado Éder Mauro (PL-PA) subir à tribuna e realizar um discurso provocando os governistas, ligando o assassinato de Marielle à esquerda.
Além das falas, Mauro levantou um cartaz com a foto do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato, vestindo uma camisa com a estampa “Dilma 13”, uma referência a ex-presidente Dilma Rousseff.
“Onde é que os comunistas vão enfiar a língua deles com essa notícia da prisão de quem mandou matar Marielle? Comunistas, está aqui quem mandou matar Marielle. O que vocês vão fazer agora? Vocês terão que arrumar outro defunto para atribuir a Bolsonaro”, afirmou Éder Mauro, levantando a fotografia.
Após as declarações de Éder Mauro, deputados da base governista reagiram e foi possível escutar a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) gritando “respeite a Marielle”.
O deputado Delegado Caveira (PL-PA) estava no plenário e exibiu a mesma fotografia na frente de deputados da base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O gesto irritou os governistas.
Um dos vice-líderes do governo na Câmara, o deputado Alencar Santana (PT-SP) rasgou o cartaz. À CNN, Santana afirmou que se trata de uma “acusação infundada”. Depois de rasgar o cartaz, ele foi empurrado pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT).
O tumulto foi tão grande que o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), que presidia a sessão, decidiu encerrar os trabalhos.
Votação sobre prisão de Brazão adiada
Nesta terça, um pedido de vista – mais tempo para análise – adiou a votação pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara sobre a prisão do deputado Brazão. Durante a sessão do colegiado, o deputado Darci de Matos (PSD-SC), relator do caso, defendeu que o colega siga preso.
“Considerando presentes os requisitos constitucionais do flagrante e da inafiançabilidade, além de estar adequadamente fundamentada, meu voto é pela preservação da eficácia da decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, referendada, à unanimidade, pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal”, diz o relatório.
Após a leitura do relatório, porém, os deputados Gilson Marques (Novo-SC), Fausto Pinato (PP-SP) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram vista do caso, ou seja, mais tempo para discutir a matéria.
O prazo de vista na CCJ é de duas sessões plenárias da Câmara. Por conta do feriado de Páscoa, porém, o caso pode ficar para as próximas semanas.
CNN