José Maria Tomazela
Estadão
Em uma retomada ao “abril vermelho”, onda de invasões de terras e prédios públicos no País ao longo do mês, o Movimento dos Sem Terra (MST) invadiu neste domingo, 16, uma área de preservação ambiental e de pesquisas genéticas da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa Semiárido), órgão do governo federal, em Pernambuco. Outras sete propriedades rurais foram invadidas e seguem ocupadas no Estado.
As superintendências regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre e em Belo Horizonte, também foram alvo de protestos e invasões.
EXIGEM DEMISSÃO – Na capital mineira, os sem-terra exigem a demissão do superintendente Batmaisterson Schmidt, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. No Rio Grande do Sul e Minas Gerais, os prédios públicos seguem ocupados. Ações similares acontecem também em outros Estados.
Por meio de nota, o MST afirmou que os atos do “Abril Vermelho” relembram a morte de 18 sem-terra pela Polícia Militar, em 17 de abril de 1997, em Eldorado dos Carajás, no Pará.
Só em Pernambuco foram oito áreas invadidas desde o início do mês – cinco no último fim de semana. Em nota, o movimento diz que estão sendo “ocupadas” terras “que não cumprem a função social da propriedade” e cobra o assentamento de famílias acampadas em todo o País.
ATÉ NA EMBRAPA… – A fazenda da Embrapa Semiárido fica em Petrolina, sul de Pernambuco. Segundo a empresa, a invasão aconteceu em terras agriculturáveis e de preservação da caatinga, onde são realizados experimentos e multiplicação de material genético básico de cultivares (sementes e mudas). Há risco de prejuízo às pesquisas para conservação ambiental e de uso sustentável do bioma (caatinga). A área também abriga animais ameaçados de extinção.
Em nota, a empresa afirma que a ação “é inaceitável, visto que as terras são patrimônio do governo brasileiro, produtivas e destinadas ao uso exclusivo da Embrapa Semiárido para o desenvolvimento de pesquisas e geração de tecnologias voltadas à melhoria da qualidade de vida de populações rurais”.
A Embrapa Semiárido declara ainda estar adotando as “medidas cabíveis” para solucionar a situação e destaca que a invasão da área “já está trazendo danos à condução de seus trabalhos e ao planejamento da execução de projetos e ações de pesquisa.
MUITOS PREJUÍZOS – “Por fim, a invasão traz prejuízos consideráveis a produtores e agricultores familiares da área de abrangência da atuação da nossa instituição, bem como para toda a sociedade”, diz a nota da Embrapa Semiárido.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ainda não se pronunciou.
Como mostrou o Estadão, nos três primeiros meses do governo Lula, as invasões de terra superaram as ocupações registradas ao longo todo o primeiro ano do governo anterior, de Jair Bolsonaro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A piada é velha, mas sempre atual. Com amigos do tipo João Pedro Stédile, o presidente Lula nem precisa de inimigos. Stédile, porém, deve ser um ótimo como companheiro de viagem. (C.N.)