terça-feira, 11 de abril de 2023
‘Eu era lotado na Câmara, mas trabalhava na fazenda do tio dele’ - O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), contratou com dinheiro público o “faz-tudo” de fazendas da sua família, no interior do Maranhão. O motorista Waldenôr Alves Catarino passou quase uma década realizando diversos serviços braçais na roça enquanto era pago pela Câmara. Em entrevista exclusiva ao Estadão, o homem de 57 anos afirmou que foi contratado por Juscelino como assessor parlamentar, mas nunca trabalhou na função. O local de trabalho eram as terras do ex-senador e ex-prefeito de Santa Inês Roberth Bringel, tio de Juscelino. “Era assim, ó: eu era lotado aí na Câmara Federal e trabalhava aqui para o tio dele na fazenda”, afirmou o trabalhador ao Estadão. O homem foi nomeado como secretário parlamentar no gabinete do então deputado Juscelino Filho logo no início do seu mandato, em outubro de 2015. A contratação irregular chegou ao fim somente em maio de 2022, um ano antes de Juscelino virar ministro de Lula, porque o funcionário quis mudar de emprego após se fartar do serviço duro que começava no nascer do sol e não tinha hora para acabar. Nos sete anos que esteve nomeado na Câmara, afirma Waldênor, uma das únicas vezes que fez algo para Juscelino Filho foi buscá-lo certa vez no aeroporto. O homem sequer se comunicava com o deputado, que, no papel, era seu chefe. “Se eu for dizer as vezes que eu falei com Juscelino foi pouco”, revela. O salário do motorista era de R$ 2,3 mil. Pelo período em que ficou na Casa, ganhou R$ 171,4 mil.