Publicado em 17 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
As declarações feitas pelo presidente Lula da Silva em Pequim foram realmente absurdas e registraram um gesto de ingratidão incompreensível para com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Lula criticou o envio de armas defensivas para a Ucrânia e esqueceu que a guerra surgiu de uma invasão russa ao território do país com o objetivo de ocupar espaços ou a Ucrânia toda pelas armas e pela violação do direito internacional.
A ingratidão soa forte porque Lula contou com o apoio incondicional de Biden tanto nos rumos da campanha eleitoral quanto na escala final de sua posse na Presidência da República. Agrediu o presidente dos Estados Unidos por qual motivo? E, além disso, hoje, segunda-feira, receberá em Brasília o chanceler russo. A repercussão nos Estados Unidos foi muito ruim para o presidente brasileiro. Reportagem de Patrícia Campos Mello, Folha de S. Paulo deste domingo, reflete a posição de integrantes do governo de Washington que consideram o posicionamento de Lula da Silva uma afronta.
EQUÍVOCOS – Lula chegou ao ponto de dizer que os americanos devem parar de incentivar a guerra e começarem a falar de paz na Ucrânia. Em primeiro lugar, Lula omite a invasão russa que deu início a toda a tragédia que se verifica há mais de um ano no cenário internacional. Também ignorou o repúdio universal sobre a invasão russa e o forte bombardeio contra cidades ucranianas. Além do mais, as armas fornecidas ao governo de Kiev são muito mais procedentes da Alemanha, do Reino Unido e da Polônia do que da América do Norte.
Lula mostrou-se também desinformado quanto ao envio de armamento defensivo a um país que foi brutalmente agredido pelo governo de Vladimir Putin. A impressão nos Estados Unidos é a de que o Brasil está mais próximo da Rússia do que do governo de Washington. Tal posição representa um absurdo completo que não faz o menor sentido. O grande trabalho da equipe do Palácio do Planalto será através do tempo tentando corrigir ou suavizar o episódio que atinge a própria diplomacia brasileira.
É preciso não esquecer também que Biden foi o primeiro chefe de Estado a cumprimentar Lula pela vitória nas urnas e a convidá-lo a visitar Washington. Lula viajou para Washington pouco após assumir o Palácio do Planalto. Foi recebido de forma tão cordial quanto enfática, daí a surpresa de sua reação não levando em conta o apoio que recebeu da Casa Branca.
FMI – Em artigo publicado no O Globo neste domingo, Miriam Leitão focaliza as trapalhadas de Lula em sua visita a Pequim. Lula também atacou o Fundo Monetário Internacional na solenidade de posse de Dilma Rousseff na Presidência do Banco do Brics. O FMI, lembra Miriam Leitão, é um fundo do qual nosso país faz parte. O fundo não é mais o mesmo de décadas atrás. Ele mudou muito e esse tipo de crítica está envelhecida.
Inclusive Miriam Leitão lembra que o diretor do hemisfério ocidental do FMI, Nigel Chalk, pronunciou-se há poucos dias de forma favorável ao arcabouço fiscal projetado pelo ministro Fernando Haddad. A impressão que se tem é de que Lula cometeu um equívoco completo.
REFINARIAS – A Direção da Petrobras está planejando ampliar a capacidade das refinarias de petróleo brasileiras, pois enquanto a produção no país é autossuficiente e até é exportada, no setor de produtos refinados, como gasolina, diesel e o gás, é importador desses produtos essenciais. O cálculo é que 20% do consumo depende das importações, encarecendo os preços pagos pela estatal.
O governo Lula tem como objetivo interromper também a venda de refinarias e aumentar a produção nacional de combustíveis. William França da Silva, diretor de Refino e Gás da Petrobras, revela que faz parte do plano a construção de refinarias como a de Abreu Lima e a ampliação de Cubatão.
Nas gestões anteriores de Michel Temer e Bolsonaro a meta era vender oito unidades de refino. A Petrobras tinha vendido unidades na Bahia e na Amazônia. Foi um erro, pois a dependência do refino consome dívidas brasileiras. Os fornecedores de produtos refinados, é claro, só podem ser contra a expansão do refino nacional. A luta pelo petróleo e a sua utilização continua sendo intensa.
HOSPITAIS FECHADOS – Nos sábado à noite, o jornal da GloboNews revelou que deputados inspecionaram as instalações de hospitais federais localizados no Rio e constataram o fechamento de unidades e redução do número de leitos que nas estatísticas apareciam como utilizáveis, mas que na prática encontravam-se sem receber paciente algum.
Aconteceu no Hospital da Lagoa, aconteceu no Cardoso Fontes, no Hospital Federal de Bonsucesso, entre outras unidades. Um absurdo total e informações falsas nas estatísticas. As direções dos hospitais têm que ser responsabilizadas pelo que se verificou e pelo descaso com a população.