Publicado em 15 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Vinícius Prates
Estado de Minas
O ex-governador paulista João Doria (sem partido) disse que deixou a vida pública com um pensamento diferente daquele de quando a iniciou. Em 2016, eleito prefeito de São Paulo, Doria começou sua trajetória se descrevendo como um “liberalista econômico”. No ano passado, ao deixar o cargo de governador, ele se via como “liberal-social”.
Em entrevista a GloboNews, na noite dessa sexta-feira (14/4), Doria disse que é necessário “ter uma função social” nas ações políticas. “Você tem um brasileiro, em todas as partes do Brasil, inclusive no estado mais rico e mais poderoso que e São Paulo, passando fome. Isso é inaceitável. Não há justificativa para isso”, declarou Doria.
ESTAVA ERRADO – Ele declarou que, quando iniciou a carreira política, acreditava que o liberalismo econômico resolveria todos os problemas do país, mas mudou de ideia ao longo da trajetória.
“E eu quero dar uma informação aqui a você; na verdade, um testemunho de aprendizado também. Eu entrei na vida pública como prefeito de São Paulo e saí da vida pública como governador de São Paulo, sendo que entrei como liberal e saí como liberal-social. Eu acreditava que o liberalismo econômico resolveria todos os problemas do país. Não, não resolve”, disse, acrescentando:
“É preciso ter uma função social, mas com equilíbrio, com balanço, principalmente com paz. O atrito, a briga e o confronto não vão levar o país a um bom destino”, completou.
ARREPENDIMENTO – O ex-governador de São Paulo afirmou que se arrepende de ter apoiado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais em 2018. Para Doria, Bolsonaro foi o “pior presidente” que o país ja teve e, assim como “milhões de brasileiros”, foi enganado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro naquela época.
Doria alega que na época era difícil para ele apoiar o PT, isso porque em 2016 ele venceu a disputa pela Prefeitura de São Paulo de Fernando Haddad (PT), que tentava a reeleição. Doria ganhou as eleições com 53,29% dos votos (3 milhões de votos), enquanto Haddad teve apenas 16,70% (900 mil votos).
“Naquele momento eu havia vencido o PT em São Paulo em 2016. Havia vencido uma eleição dura, com o Presidente Lula ainda no alto do seu prestígio, embora não mais como presidente, era a Dilma (Rousseff). Havia vencido Fernando Haddad, que foi um bom prefeito, não foi um mal prefeito, é uma boa pessoa. Não tinha como fazer o apoio ao PT naquele momento”, disse Doria à GloboNews.
CONTO DO BOLSONARO – O ex-tucano diz também que um dos critérios do ex-presidente que o enganou foi a escolha dos ministros para o seu governo.
Doria disse que a aproximação de Bolsonaro com Paulo Guedes, ex-ministro da Economia e amigo próximo dele, com Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e outros figuras “liberais, que ele respeitava”, fez ele cair “no conto do Bolsonaro”.
“Bolsonaro acenava com Paulo Guedes, o liberal, meu amigo, quase fomos sócios de uma empresa, tinha uma boa relação com ele. Falava com Sergio Moro, falava com figuras liberais, pessoas que eu respeitava. Eu, como muitos milhões de brasileiros, caí no conto do Bolsonaro, e foi o conto do vigário. Tristemente, foi o pior presidente que o Brasil já teve”, disse Doria, que rompeu com Bolsonaro por causa da Covid-19.