Publicado em 10 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Hugo Marques
Veja
Após a prisão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, por suposta omissão frente aos atos golpistas na Esplanada dos Ministérios, surgiram rumores de que ele poderia fazer uma delação premiada e comprometer o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas essa possibilidade, segundo o advogado do ex-ministro, não existe.
Veja entrevistou o advogado Eumar Novacki, um ex-militar que foi chefe da Casa Civil do governador do DF, Ibaneis Rocha, e que chegou a ocupar interinamente o cargo de ministro da Agricultura no governo de Michel Temer.
SEM CHANCE – Ele garante que não existe a perspectiva de delação por parte de seu cliente. “O ex-ministro Anderson Torres não tem nada a revelar”, afirmou.
Pode ser um despiste? Pode. Os rumores de que o ex-ministro estaria disposto a delatar emergiram diante das informações de que ele, preso há quase 90 dias, está enfrentando problemas de saúde e tem reclamado de abandono, como mostra uma reportagem da edição impressa de VEJA desta semana.
O advogado informou que vai apresentar ao Supremo Tribunal Federal um novo pedido de libertação de seu cliente — o terceiro nos últimos três meses.
DIZ O ADVOGADO – “O Supremo agiu certo ao dar um basta na escalada de violência, mas vamos provar que o Anderson não tem nenhuma ligação com as manifestações de 8 de janeiro”, diz Novacki, ressaltando que o ex-ministro não pretende fugir, não ameaça testemunhas e nem representa qualquer tipo de perigo à sociedade.
Consultado por Veja, o professor de Direito Processual da Universidade Federal Fluminense João Pedro Pádua também ressalta que não vê motivo para uma prisão tão longa.
“Não me parece que esteja demonstrado o risco de que ele interfira nas apurações ou represente perigo imediato para a sociedade”, diz.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Realmente, na forma da lei, Anderson Torres já devia ter sido libertado há tempos. Por muito menos o Supremo costuma soltar até mesmo chefões do crime organizado, que realmente trazem riscos à sociedade e à ordem pública. Mas quem se interessa pelo cumprimento das leis? (C.N.)