*Osvaldo Luiz
Padre Jonas sempre viveu esta época com empolgação. Lembro-me dos chamados "Natal com os pobres", quando, após a missa, colocava um gorro vermelho e organizava a entrega de cestas básicas e um almoço para os mais carentes, em Cachoeira Paulista (SP).
O sacerdote, falecido no dia de Nossa Senhora de Guadalupe, 12 de dezembro, aguardava ansiosamente a vinda definitiva de Jesus. Sonhava com o que será o ponto alto da história humana: Jesus sendo avistado entre as nuvens, voltando para libertar os povos da terra de todos seus males e sofrimentos.
Vivia nessa expectativa. Tinha, por isso, pressa, melhor dizendo, foco. Pregava, cantava, vivia a necessidade de nos prepararmos para esse momento, com vidas transformadas, vivendo a bondade, a misericórdia e a fé.
Como o apóstolo Paulo, monsenhor Jonas de certo pensava: "viver pra mim é Cristo, morrer pra mim é ganho" (Cf. Fl 1,21). Mas, no momento mais difícil da doença que enfrentava, ele demonstrou tamanha força e vontade de viver, lutando até o fim. Seria uma contradição?
A cofundadora da Comunidade Canção Nova, Luzia Santiago, que o acompanhou por mais de 40 anos, testemunhou, antes do seu sepultamento, um dos motivos: monsenhor Jonas entendia que sua missão ainda não tinha terminado. O discípulo Jonas desejava muito se encontrar com Jesus, mas o missionário Abib pensava nos seus irmãos de Comunidade e em tantos fiéis que ainda precisavam de sua presença de pastor.
Jonas Abib vive agora seu primeiro Natal pleno e, se prestarmos atenção, poderemos ainda escutar o eco de uma frase por ele tantas vezes repetida: "Natal feliz é Natal com Cristo!"
* Osvaldo Luiz é jornalista, trabalha há 32 anos na Canção Nova e escreveu o livro "A Vida é Caminhar", que relata fatos da década de 1970 da vida de Padre Jonas Abib.
|