Lula já escolheu 80% do Ministério, mas só anuncia os nomes após a diplomação
José Carlos Werneck
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou nesta sexta-feira que “80%” do ministério já estão definidos “na cabeça”, mas só dará os nomes da equipe após sua diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral, marcada para 12 de dezembro. Ele fez essas afirmações ao conceder uma entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, onde funciona o gabinete de transição de governo.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acompanhou a entrevista, na qual Lula anunciou que ela não será nomeada para o Ministério.
AFIRMOU LULA – “Eu tive uma discussão com a companheira Gleisi e disse para a companheira Gleisi que, primeiro, o PT é um partido muito grande, o PT é um partido muito importante e o PT é um partido majoritário na montagem da governança dentro do Congresso Nacional. É muito importante manter o PT se organizando, manter o PT se fortalecendo e tem outras pessoas que podem representá-la dignamente no governo, a começar pelo presidente da República”, declarou, acrescentando:
“Então, o fato de eu ter dito para a Gleisi que ela não será ministra é o reconhecimento do papel que a Gleisi tem na organização política do PT no Brasil”, salientou.
Na entrevista coletiva, Lula também disse que quer aprovar PEC da Transição enviada, mas aceita negociar. Assinalou que vai discutir com o presidente americano Joe Biden dois temas – democracia e guerra na Ucrânia. Disse que o orçamento ‘secreto’ não pode continuar como está e assinalou que pretende influir nas decisões da Economia.
ALIADOS E SARNEY – Antes de conceder a entrevista, ele recebeu aliados no hotel onde está hospedado em Brasília e se reuniu com o ex-presidente José Sarney. Aos jornalistas, afirmou estar “convencido” que a Proposta de Emenda à Constituição, conhecida como PEC da Transição será aprovada pelo Congresso Nacional, mas que aceita negociar com os parlamentares.
Entre outros pontos, a PEC prevê que as despesas com o Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família, ficarão fora do teto de gastos. O governo eleito argumenta que a medida é necessária para garantir, por exemplo, o pagamento de R$ 600 mensais, uma vez que a proposta de Orçamento do governo de Jair Bolsonaro garante apenas R$ 400.
“Até agora, não há sinal de que as pessoas queiram mudar a PEC. As pessoas sabem que não é o governo que precisa dessa PEC, sabem que o Brasil precisa dessa PEC. Quem deveria ter colocado a quantidade de recursos no Orçamento era o atual governo. O que ele está fazendo é tirando mais dinheiro, mais dinheiro da Saúde, mais dinheiro da Educação. Ou seja, me parece que eles querem deixar esse país a zero para a gente recomeçar a governar” disse Lula. “Nós vamos consertar esse país. Eu vim pra esta Presidência com essa missão, e nós vamos cumprir”.