Elio Gaspari
Folha/O Globo
Enquanto existirem presos e carcereiros alguém se lembrará da história de Nelson Mandela com Christo Brown, que vigiava a cela onde ele passou 18 dos 27 anos de encarceramento. O preso tornou-se presidente da África do Sul e o carcereiro continuou sua vida de humilde servidor público.
Ao encontrá-lo numa sessão do Congresso, Mandela o abraçou e pediu que sentasse ao seu lado para serem fotografados.
RECONCILIAÇÃO – Mandiba, como era conhecido Nelson Mandela, queria reconciliar a África do Sul depois de décadas de segregação racial.
Depois de Bolsonaro, em menor medida, o Brasil precisa de paz. O futuro ministro Flávio Dino desconvidou o futuro chefe da Polícia Rodoviária Federal porque ele exaltava o juiz Sergio Moro e comemorou a prisão de Lula. Se não devia tê-lo convidado, não deveria tê-lo desconvidado.
Dino escolheu o coronel da PM paulista Nivaldo César Restivo para a Secretaria Nacional de Políticas Penais. Há 31 anos, como tenente, ele estava na logística da operação policial que resultou no massacre de presos do Carandiru, onde foram mortos 111 presidiários. Nunca foi acusado de nada. Incriminá-lo por “estar presente” é um exagero.
DISSE O CORONEL – Atribui-se a Restivo a afirmação, feita em 2017, de que o desfecho da operação foi “legítimo e necessário”.
O coronel é um servidor respeitado no sistema penal. Acusado, recusou o convite do futuro ministro. Poupou Dino de um constrangimento.
Christo Brown nunca maltratou o preso Mandela.