O secretário-geral da OTAN disse hoje que a Aliança "não viu nenhuma mudança" na estratégia nuclear de Moscovo, alertando para a necessidade de se estar preparado para "mais destruição massiva" por parte da Rússia na guerra na Ucrânia.
"Devemo-nos preparar para ofensivas russas, mais brutalidade, mais angústia e destruição ainda mais massiva de infraestruturas críticas e áreas residenciais", disse Jens Stoltenberg em entrevista publicada hoje pelo jornal belga "Le Soir".
Ainda assim, acrescentou, "desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, a OTAN não viu nenhuma mudança na estratégia nuclear da Rússia", apesar das ameaças do Presidente russo, Vladimir Putin, de usar tais armas. "É nosso dever reduzir esse risco.
A OTAN é a aliança mais forte do mundo. E a nossa mensagem é clara: após o uso de armas nucleares só haveria perdedores de todos os lados", advertiu o primeiro-ministro norueguês.
O secretário-geral da OTAN salienta que, "infelizmente", esta guerra "poderia durar meses ou mesmo anos". Para "repelir de forma sustentável e bem-sucedida a invasão russa", Kiev precisa "mudar para armas ocidentais modernas", disse. "A Ucrânia precisa urgentemente de mais armas pesadas.
O Ocidente deve intensificar suas entregas, fazer ainda mais e preparar-se para um compromisso de longo prazo. Devemos garantir que a Ucrânia se possa defender. A coragem e bravura dos soldados ucranianos não serão suficientes. Também requer um apoio militar sustentado do Ocidente", defendeu Stoltenberg.
De acordo com o responsável, Putin foi à guerra "porque queria menos OTAN nas suas fronteiras", referindo que o que este conseguiu foi "exatamente o oposto, ou seja, mais OTAN nas suas fronteiras, mais presença da Aliança no flanco leste e possivelmente dois novos membros da OTAN (Suécia e Finlândia).
Se a Suécia e a Finlândia finalmente derem o passo, prosseguiu, "poderão integrar-se rapidamente" na Aliança. Stoltenberg espera que na Cimeira de Madrid, no final de junho, os líderes dos países da OTAN "concordem em reforçar a defesa" da Aliança, argumentando: "Enfrentamos o maior desafio de segurança desta geração", não só pela Rússia, mas por causa do terrorismo, ciberataques e as implicações da política de segurança da ascensão da China.
"Os aliados da OTAN já foram inimigos, mas conseguimos construir instituições como a Aliança e a União Europeia sobre as ruínas da Segunda Guerra Mundial para evitar a guerra", lembrou, coincidindo com a comemoração do fim daquela guerra em 08 de maio de 1945.
Rússia destrói quatro aviões e quatro helicópteros ucranianos
(Lusa) As forças armadas da Rússia destruíram quatro aviões, quatro helicópteros, três 'drones' e uma aeronave de transporte ucraniana nas últimas 24 horas perto da ilha Zmiinyi (Cobra) no Mar Negro, disse hoje o Ministério da Defesa russo.
"No decurso da noite, sobre a ilha Zmiinyi, os meios de defesa aérea russos abateram mais dois bombardeiros Su-25 e um helicóptero Mi-24 da Força Aérea Ucraniana, bem como um 'drone' Bayraktar-TB2 nas proximidades da cidade de Odessa", disse o porta-voz do Exército russo, Igor Konashenkov.
O comando militar russo acrescentou que durante o último dia "quatro aviões ucranianos, quatro helicópteros, incluindo três helicópteros de transporte com tropas a bordo, três aviões Bayraktar-TB2 e uma aeronave de transporte foram abatidos nesta zona".
O Ministério da Defesa russo deu a entender que as forças ucranianas tentaram efetuar um desembarque na pequena ilha na tarde de sábado e no início da manhã de hoje. Vários meios de comunicação russos sugeriram que o ataque ucraniano foi uma tentativa de estragar as celebrações do Dia da Vitória sobre a Alemanha Nazi, talvez a mais importante celebração oficial na Rússia.
A ilha, a 143 quilómetros da cidade portuária, foi tomado pela Marinha russa em 24 de fevereiro, no mesmo dia em que a Rússia lançou a sua denominada "operação militar especial" na Ucrânia.
Konashenkov também relatou ataques aéreos russos em outras partes do país, observando que a Força Aérea destruiu o comando de uma brigada motorizada na região de Kharkiv e um centro de comunicações no aeródromo militar de Chernovoglinskoye, na cidade de Artsyz, perto da Moldávia.
Além disso, a Força Aérea afundou uma corveta de classe Tarantul ucraniana nas proximidades de Odessa, de acordo com a classificação da OTAN. A aviação tática e de assalto também atacou 130 alvos militares ucranianos, incluindo três postos de comando, duas baterias de artilharia, dois arsenais e 123 posições fortificadas.
Segundo Konashenkov, 420 militares ucranianos morreram em resultado destes ataques, e 55 peças de equipamento de combate foram destruídas. A artilharia russa atacou 56 postos de comando, 32 baterias de artilharia, 415 postos fortificados e dois sistemas de mísseis antiaéreos S-300 perto da cidade de Korotich, na região de Kharkiv.
RFI / DefesaNet