Publicado em 28 de maio de 2022 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha , concluída na manhã de quinta-feira e comentada no final da tarde pela GloboNews, foi destacada também no O Globo, edição desta sexta-feira, em reportagem de Bernardo Mello, Lucas Matias, Bianca Gomes e Sérgio Rôxo. O levantamento aponta que se as eleições presidenciais fossem hoje, Lula da Silva alcançaria 48 pontos contra 27 de Jair Bolsonaro e 7 pontos de Ciro Gomes.
Em matéria de votos úteis, ou seja, retirada a parcela de 7% dos que se dispõem a anular ou votar em branco, Lula teria 54%, contra 30% de Bolsonaro e 8% de Ciro Gomes. O quadro sucessório, a meu ver, parece estar definido, não vendo a necessidade de Simone Tebet firmar alianças com candidatos a governos estaduais. Ela surge na pesquisa do Datafolha com apenas 2% das intenções de votos.
DIVISÃO DO VOTO – Mas a pesquisa revela dados importantes. Mais uma vez fica nítida a divisão do voto por classes sociais na medida em que desce a renda dos eleitores e eleitoras, Lula sobe. Na medida que sobe a renda dos entrevistados pelo Datafolha, Bolsonaro melhora.
Esse dado de divisão por classes sociais, foi focalizado em meu livro “O voto e o povo”, de algumas décadas atrás. A divisão dos votos por segmentos sociais é fundamental, sobretudo porque a grande maioria do eleitorado brasileiro é formada por grupos de renda menor. Afinal de contas, estamos em um país em que 60% dos que trabalham ganham de um a dois salários mínimos, a meu ver incluída a parcela dos que não chegam a receber por mês o piso fixado na lei.
Temos, porém, que levar em consideração que entre os que têm renda familiar superior a dez salários mínimos, Bolsonaro atinge 42% contra 32% de Lula da Silva. Mas entre as famílias cuja renda mensal vai até dois salários mínimos, Lula tem 56% e Lula 20%. O Datafolha fez a pesquisa também junto aos evangélicos, onde Bolsonaro leva vantagem com 39% contra 35% de Lula da Silva.
VANTAGEM – Na região Nordeste, a vantagem a favor de Lula da Silva se amplia, ele tem 62 pontos contra apenas 17% a favor de Bolsonaro. Inclusive, entre os beneficiários do Auxilio Brasil (R$ 400 por mês), Lula chega a 59 pontos contra 20% de Bolsonaro. Entre os jovens de 16 a 24 anos, Lula mantém a dianteira com 58% contra 21% de Jair Bolsonaro. O quadro parece estar cristalizado e sua divulgação representa uma ducha fria lançada sobre o Planalto.
Importante o efeito consequente, que são as alianças para os governos estaduais fora das correntes que apoiam Lula e Bolsonaro. Por isso, não vejo condições de Tebet decolar. Os outros candidatos pré-existentes têm uma pontuação fraca.
Enquanto isso, numa entrevista ao O Globo, Guilherme Caetano e Ivan Martinez-Vargas, o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, acredita que disputará o segundo turno com Fernando Haddad pelo governo paulista. Mas acrescenta um ângulo importante em relação ao panorama político. “Se perder a eleição, Bolsonaro passa a faixa a Lula da Sila”, afirmou.
FOME NO BRASIL – Na edição de quinta-feira, dia 26 de maio, Fernando Canzian, Folha de S. Paulo, escreveu extensa matéria, muito boa, focalizando o aumento da fome no Brasil que de 2014 para 2021 subiu 33% para os homens e 37% para as mulheres. Em 2014, era de 14% para os homens e 20% para as mulheres.
A causa principal do problema está na falta de dinheiro para adquirir alimentos numa escala bastante alta que chega a 70% dos casos de insegurança alimentar. Portanto, verifica-se que a liberação de preços e a estagnação de salários e do desemprego são as causas essenciais que conduzem à fome parte muito grande da população brasileira.
PLANOS DE SAÚDE – A Agência Nacional de Saúde, órgão do Ministério da Saúde, autorizou no final da tarde de quinta-feira, o aumento dos planos de saúde individuais e familiares na ordem de 15,5%. Cinco por cento acima da inflação registrada em 2021. As razões são o encarecimento dos insumos, dos serviços médicos e também da frequência maior à assistência de saúde, incluindo interações.
Luciana Carneiro e Poliana Bretas, O Globo, comentam muito bem o tema. Um dos reflexos que o aumento produzirá certamente é o risco de segurados não poderem pagar o acréscimo, pois como sempre digo, os salários estão estacionados.
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