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quinta-feira, dezembro 02, 2021

Dados do Caged também eram ‘fakes’




Por Gilberto Menezes Cortes

Desde o 2º semestre de 2020, quando a economia voltou, lentamente, a retomar as atividades, embora retardada justamente no setor de serviços e no comércio, que são os maiores empregadores, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se valia das estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), então subordinadas à sua pasta, para destacar que o mercado de trabalho estava melhorando fortemente e que os dados da PNAD Contínua do IBGE, que guardavam defasagem de dois meses (um a mais que o Caged) não expressavam a realidade, criticando fortemente o IBGE, também da sua pasta.

O tempo passou. Desde o 2º semestre deste ano, as estatísticas do Caged passaram à pasta do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), recriado pelo presidente Bolsonaro para abrigar o ministro Onyx Lorenzoni, que saiu da Casa Civil, entregue ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos líderes do Centrão. E, coincidentemente, enquanto o IBGE retomava, em maio, as pesquisas de campo (trocadas na pandemia pelas consultas telefônicas), o Caged passou a receber informações atualizadas da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de muitas empresas que tinham paralisado atividades durante o auge da pandemia, sobretudo nas áreas de turismo e lazer, bares e restaurantes.

E a realidade mostrou-se completamente diversa da narrativa do ministro da Economia. Em vez dos celebrados 142.690 empregos criados em pleno ano da pandemia de 2020, quando nenhum brasileiro tinha sido vacinado e a volta ao trabalho presencial era incerta, em outubro deste ano houve a 1ª retificação nos dados do Caged de 2020. E a tal criação de empregos foi reduzida a 75,8 mil vagas. Agora em novembro, quando os dados da PNAD Contínua referentes ao trimestre julho-agosto-setembro, foram divulgadas de manhã, pelo IBGE, e os do Caged, à tarde pelo MTP, houve uma reviravolta completa.

Ao contrário dos comunicados otimistas, não houve recuperação de empregos no mercado de trabalho brasileiro (como indicavam todas as pesquisas do IBGE, com redução dos trabalhadores com carteira assinada e aumento da informalidade e das taxas de desocupação, de subutilização da mão de obra e do desalento - a desistência de busca de emprego num mercado retraído e cada vez mais exigente de qualificação). Os dados do Caged, atualizados, indicaram a perda de 191.502 empregos ao longo de 2020.
 
Os números na berlinda

Entretanto, ainda será preciso o Caged fazer uma clivagem completa em seus números (dependentes das informações da RAIS, sempre defasadas, mas que se avolumaram em atrasos no ano passado pelo fechamento ou hibernação de muitas empresas nos setores de serviços - bares, restaurantes, atividades ligadas ao turismo e lazer), para poder ser feito o balanço fiel do impacto da Covid-19 no mercado de trabalho do Brasil.

É que em janeiro e fevereiro (antes da pandemia) houve a criação de 652 mil.934 vagas, que começaram a encolher em março (ainda positivo), com demissões em massa em abril, maio e junho. Se no total de 2020, o Caged encontrou a perda de 191.502 vagas líquidas (demissões X admissões), teriam ocorrido a perda de 844.430 empregos com carteira assinada em 2020 sob o impacto da pandemia (metade de março em diante). Seria um número bem menor que as vagas perdidas na recessão de 2015 (1.542.371 vagas perdidas com carteira) e de 2016 (mais 1.321.904 demissões), somando 2,87 milhões de empregos perdidos.

Este ano, até outubro, o país teria recriado 2.645.974 vagas com carteira assinada, segundo o Caged. Parece um salto muito grande na gangorra. Como em dezembro ocorrem muitos desligamentos após o Natal e a chegada do ano novo, é preciso esperar um pouco mais para que as estatísticas do IBGE e do Caged ofereçam (mesmo mantendo um mês de defasagem entre elas), um retrato mais preciso do mercado de trabalho.

A gangorra dos números

Na PNAD Contínua do trimestre encerrado em setembro, houve ajuste no número médio da população ocupada em 2020, com avanço de 900 mil pessoas. Até setembro de 2021, o número de pessoas trabalhando no Brasil era de 93,0 milhões enquanto o número de pessoas desempregadas atingiu 13,5 milhões. A renda real habitual do trabalho registrou queda de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado (indicando que a recomposição do emprego está sendo feita com salários mais baixos), dado o excesso de oferta de mão-de-obra, além da escalada da inflação.

Já o Novo CAGED indicou a criação de 253,1 mil empregos formais em outubro. Em termos dessazonalizados, esse resultado representa uma desaceleração de 169 mil para 138 mil empregos.

Para a LCA Consultores, a hipótese de que mais pessoas viriam a procurar emprego com o intuito de recomposição de renda e consequentemente passassem a compor a Força de Trabalho continua sendo observada e deve persistir. Os dados de População Ocupada por setor mostram crescimento na variação mensal dessazonalizada da maioria dos setores, com destaque para Alojamento e alimentação (2,2%) – um dos subsetores de Serviços mais prejudicados pela crise provocada pela Covid-19.

Quando olhamos os dados de População Ocupada por tipo de ocupação, o destaque fica para as posições informais, sobretudo os por conta-própria, apesar de que continuamos a observar uma recuperação mais tímida do setor privado com carteira de trabalho.

O cenário do mercado de trabalho brasileiro continua em elevada ociosidade. Um dos indícios é quando olhamos para algumas taxas alternativas de desemprego. Por exemplo, se adicionarmos os subocupados, aqueles que têm uma jornada de trabalho inferior a 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar por um período maior, aos desocupados e aos desalentados (aqueles que não procuraram trabalho pois não acham que conseguiriam) temos uma taxa composta de subutilização, que em setembro alcançou 26,5% da força de trabalho potencial.

BC põe criptomoeda no radar remoto

O Banco Central debateu ontem as possibilidades de criação de um Real digital, a criptmoeda do BC. Mas as apreciações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto indicam que a ideia é sedutora, mas está no radar para eventual aplicação a longo prazo.

Campos disse que o BC vem observando “as plataformas de serviços oferecidos com base em “stablecoins”; e o que vem se multiplicando nos ambientes de finanças descentralizadas, acrescentando que “as ferramentas desses ambientes são promissoras e os bancos centrais têm de se preparar para incorporá-las a seu perímetro regulatório para fomentar a inovação enquanto preservam a estabilidade financeira e monetária”.

Mas, ponderou, “esse é um processo evolutivo, onde riscos e oportunidades devem ser avaliados constantemente. Temos ainda um longo caminho a percorrer e, sempre abertos ao diálogo, tenho certeza de que chegaremos a uma solução que beneficie toda nossa sociedade”. O mandato de Campos no BC vai até 31 de dezembro de 2024, qualquer que seja o novo governo.

Golpe duro no Biodiesel

As associações que representam o setor de biocombustíveis no Brasil criticaram, em nota conjunta, a decisão do governo federal, por meio do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de manter em 10% a mistura do biodiesel ao diesel durante todo o ano que vem. O Ministério das Minas e Energia (MME) justificou a medida como forma de proteger os interesses do consumidor, pois tal decisão "confere previsibilidade, transparência, segurança jurídica e regulatória ao setor".

O biodiesel, usado há 15 anos como mistura, é formado, predominantemente, por óleo de soja (84%), gordura animal (sebo bovino, suíno e gordura de aves) e óleo alternativos (exceto mamona, levantado no 1º governo Lula e abandonado por oxidar rapidamente e não ter produção em escala comercial), chegou a ser misturado em até 15% no diesel, depois caiu para 12% e 10%, com a disparada do preço do óleo de soja no ano passado.

Uma das maiores críticas à decisão deve-se ao fato de que reflete "uma posição de defesa do diesel fóssil importado [como o transporte no Brasil é dependente do caminhão e trens a diesel, a estrutura de consumo do diesel no país supera a natural fatia do diesel no refino de cada barril de petróleo] e reverbera os interesses do setor petrolífero, de distribuição e do setor automotivo, que destoam das sinalizações de empresas e governos de muitos países durante a COP-26 em favor da sustentabilidade".

Para as entidades, o CNPE "dá um sinal contrário aos compromissos estabelecidos na COP-26 (a Conferência do Clima, que se encerrou há poucos dias, em Glasgow, Escócia)".

Só para inglês ver

Assim como a redução de 5% no desmatamento da Amazônia era só de fachada, como constatou o embaixador alemão no Brasil, estarrecido com as estatísticas oficiais, só divulgadas após a COP-26, de que houve aumento de 22% na área desmatada, o Renovabio (programa de uso de biocombustíveis para reduzir as emissões de CO2) foi uma das "vitrines" sustentáveis que o Brasil mostrou durante a COP-26, na Escócia).

Jornal do Brasil

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