Posted on by Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O assunto é delicadíssimo. Não há dúvida de que, se o Presidente Jair Bolsonaro recuar de sua decisão que suspendeu o aumento de preço do óleo diesel, sofrerá sem dúvida um terrível desgaste político, sobretudo porque o ministro Paulo Guedes, que se encontrava em Washington afirmou aos jornalistas que era possível consertar a decisão do Presidente da República, uma vez que ele já disse publicamente na campanha eleitoral que não entendia de Economia.
Acentuando a imagem contida ao se referir a “consertar a decisão”, implicitamente Paulo Guedes sustentou que a medida presidencial afetou um dos pilares do liberalismo econômico.
ACIMA DE BOLSONARO – Só se conserta o que está errado. Portanto, o titular da Economia colocou-se acima do Palácio do Planalto. Fica claro, o clima de tensão dentro do próprio governo, sobretudo porque Bolsonaro deve ter se baseado em opiniões de assessores que lhe são próximos.
O Globo, a Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, nas edições de ontem, deram grande destaque ao fato que gerou praticamente uma crise que deverá ser solucionada a partir de hoje. Em O Estado de São Paulo, a matéria é assinada por Beatriz Bulla e Ricardo Leopoldo; na Folha de São Paulo, por Marina Dias; e em O Globo por Paola de Orte, Sérgio Lamucci, Marcello Corrêa e Bruno Góes.
CONSERTAR O ERRO – Um dos aspectos destacados por Paulo Guedes é quando ele diz que uma conversa conserta tudo. E, no caso, seria o conserto manter o aumento do óleo Diesel? Se isso acontecer ficará ainda mais nítido o distanciamento de Bolsonaro em relação ao processo econômico global. Mas o que surpreende principalmente está na forma com que Guedes se referiu ao presidente da República que, afinal de contas, foi quem o nomeou para o cargo de ministro da Economia.
Um outro detalhe que vale a pena lembrar está no fato de a iniciativa visando a apagar a chama derramada pelo diesel ter sido levantada por Paulo Guedes e não pelo ministro de Minas e Energia, a quem a Petrobrás encontra-se subordinada. Mas esta é uma outra questão.
QUEDA DAS AÇÕES – O que a imprensa destaca em tudo isso é a queda do valor das ações da Petrobrás na Bolsa de Valores. Uma queda de 8,5% reduzindo em 32 bilhões de reais o valor da estatal no mercado. Hoje, segunda-feira, se for confirmado o recuo do Presidente da República as ações subirão de preço.
A polêmica se torna um ótimo negócio para os bancos e profissionais da área vinculada ao universo financeiro. Mas um péssimo negócio para o Brasil, que não pode aumentar o preço do diesel.