Carlos Newton
Não é propósito da Tribuna da Internet fazer campanha contra o governo de Jair Bolsonaro. Muitos apoiadores do presidente, porém, julgam que estamos em oposição, não percebem que isso “non ecziste”, diria o saudoso padre Quevedo. A função do jornalismo político é exercer um juízo de valor sobre os atos do governo, apoiando as decisões acertadas e criticando os equívocos que ocorrerem. É ilusão achar que o governo não erra, é uma maluquice entender que tudo o que o governo faz está correto. É preciso analisar os fatos com equilíbrio, sem esses ridículos partidarismos ideológicos e sem esse fanatismo por ocasionais líderes que se julgam mitos, como Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
Aqui na Tribuna da Internet, nosso objetivo é a imparcialidade. Quando o governo acerta, elogiamos incondicionalmente, como ocorreu na apresentação do pacote anticrime e na proibição de que sindicatos emitam boletos de contribuição sem concordância do trabalhador. Mas quando erra, como está acontecendo na gestão econômica, estamos sempre prontos a criticar e apontar caminhos.
A MAIOR CRISE – O fato concreto e indesmentível é que o Brasil vive a maior crise de sua história. Não há dinheiro para nada, nem mesmo para socorrer calamidades como a queda da barragem de Brumadinho, onde os exemplares bombeiros de Minas trabalharam sem receber salários, ou como a tragédia do Rio de Janeiro, em que o prefeito agora sonha em receber recursos recuperados pela Lava Jato.
Os brasileiros – especialmente os que formam a opinião pública – precisam entender que o maior problema do país é a dívida pública (interna e externa), totalmente descontrolada. E não é culpa do atual governo, que herdou o caos. O problema é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao invés de admitir a gravidade da situação e tomar providências, simplesmente se comporta como se a reforma da Previdência tivesse o condão mágico de resolver os problemas brasileiros.
VON MISES – Conforme já registramos aqui, o próprio Instituto Von Mises, que apoia incondicionalmente o ultraliberalismo proposto por Guedes, já se mostra alarmado com o agravamento da dívida. Basta buscar na internet a reportagem “A explosiva situação fiscal do governo brasileiro”, publicada dia 4 no site “Mises Brasil”, com números oficiais do Banco Central.
Os adeptos do “Mises Brasil” são os membros da mais radical extrema-direita do país, jamais poderão ser tidos como comunistas. Na reportagem sobre a dívida, em nenhum momento os economistas Ubiratan Jorge Iorio (diretor do Mises) e Leandro Roque aceitam a tese de Guedes de que a reforma da Previdência pode resolver a crise econômica, nem que vá rapidamente abrir “milhões de empregos”.
Na verdade, não há base científica nas promessas do ministro, são apenas suposições, e os especialistas do Mises não se deixaram iludir.
FRACASSO CHILENO – Na década de 80, Guedes era professor da Universidade do Chile e foi um dos criadores do sistema de capitalização que agora tenta impor no Brasil. O modelo da ditadura do general Pinochet foi adotado em vários países, que tiveram de recuar. Devido às grandes perdas dos trabalhadores, a Hungria e a Argentina foram os primeiros a voltar à Previdência estatal, a Bolívia trilhou o mesmo caminho em 2010 e a Polônia reestatizou seu sistema em 2014.
Para maior esclarecimento, daqui a pouco vamos publicar importantes declarações do especialista Andras Uthoff, professor da Universidade do Chile e consultor do Instituto Igualdad, em entrevista concedida ao portal Barão de Itararé, que pesquisa manipulações de notícias no Brasil.
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P.S. – Sem partidarismos ideológicos nem fanatismo, é preciso que os brasileiros resolvam seus próprios problemas, discutindo-os com a necessária profundidade, conforme propomos aqui na TI. (C.N.)
P.S. – Sem partidarismos ideológicos nem fanatismo, é preciso que os brasileiros resolvam seus próprios problemas, discutindo-os com a necessária profundidade, conforme propomos aqui na TI. (C.N.)