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segunda-feira, maio 03, 2010

Cresce peso das igrejas no tabuleiro pré-eleitoral

Adriano Villela e Fernanda Chagas

A corrida eleitoral se acirra a cada dia e na guerra por quem leva a melhor, os pré-candidatos, em especial ao governo estadual, descobriram nova aposta em busca de votos, diga-se de passagem, de muitos votos. Trata-se dos eleitores ligados às igrejas evangélicas. Para se ter ideia, de acordo com o engenheiro civil e professor de matemática Rubem Soares, responsável pela análise da curva mostrada pelos censos realizados a cada dez anos, mantendo-se a tendência, tanto em termos percentuais como absolutos, a perspectiva é de que este ano somente em Salvador 19% da população seja de evangélicos, o que equivale a 570 mil pessoas. “Isso me parece muito claro porque as curvas são uniformes”, esclareceu.

Os números, entretanto, podem ser ainda maiores, levando em consideração que em passado recente, somente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), com o evento intitulado de “Dia D”, reuniu num único espaço – Parque de Exposições de Salvador – , público estimado em 600 mil evangélicos.

Próximo deste número ou não, o contingente humano atraído mostrou a popularidade e a capacidade de mobilização do segmento religioso, duas características importantes no tabuleiro eleitoral. E os partidos estão atentos a isso. Tanto que dois dos principais pré-candidatos a governador já fizeram seus lances.

Candidato à reeleição, o governador Jaques Wagner (PT) consolidou a aliança com o PRB, partido ligado à Universal. Vencedor na acirrada disputada pelo apoio do PR do senador César Borges, o pré-candidato peemedebista Geddel Vieira Lima (PMDB) também não fica a atrás. Ele tem certo o apoio do PSC, cujo presidente estadual, Eliel Santana, é da Assembleia de Deus. Ainda, é possível citar como exemplo do poder dos evangélicos na Bahia, dois batistas – João Henrique (PMDB) e Walter Pinheiro (PT) – fizeram o segundo turno nas eleições de 2008 em Salvador.

Cientes do poder, o próprio segmento já se movimenta em busca de espaços. Segundo circula nos bastidores, o braço político da Iurd, por exemplo, está com receio do avanço eleitoral das outras igrejas evangélicas na Bahia, como a “Renascer,” representada pelo Bispo Gê Tenuta. Vale ressaltar que já visando esse crescimento, o bispo, hoje deputado federal pelo DEM paulista, se mudou para a Bahia, com malas e emendas de nada menos que R$ 8,1 milhões.

Outro que estaria assustando é o Pastor Jaquetto, candidato a deputado federal pelo PMDB, com grande base no Extremo Sul, usando como “cavalo de batalha” a estrutura da igreja “A Hora da Graça”, dona da TV Sul da Bahia, que foi montada e já pertenceu ao ex-deputado Francistonio Pinto e, posteriormente, ao publicitário Nizan Guanaes.

Diálogo com todos é a palavra de ordem

Partidários do governador Jaques Wagner (PT) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) admitem: estão conversando com todos os segmentos religiosos. Na Igreja Católica, o PMDB conta com o vereador Joceval Rodrigues, do PPS; enquanto a coligação do governador Jaques Wagner deve recorrer ao deputado estadual Yulo Oiticica.

“Vamos colher sugestões. Todos podem contribuir para a formação de um programa de governo sólido e consistente”, afirmou o presidente estadual do PMDB e irmão do concorrente ao governo, Lúcio Vieira Lima. Segundo Lúcio, o que une todos os segmentos – quer sejam da área religiosa, de classe ou de outra natureza – é o representar uma parcela da sociedade. “Estamos construindo um projeto para governar a Bahia. Então todos devem ser ouvidos”.

O comentário nos corredores políticos é que a estratégia da cúpula desta igreja é focar em um candidato a deputado federal e outra a estadual em todos os estados. Na Bahia, as fichas seriam centradas em recolocar o bispo Márcio Marinho – que articulou a aliança com a chapa do governador - no Congresso Nacional e apoiar o vereador de Salvador Sidelvan Nóbrega para deputado estadual. Ambos são do PRB.

Já o PSC vai lançar o próprio Santana como candidato a deputado federal e deve contar com a primeira-dama de Salvador, deputada estadual Maria Luíza Carneiro, que, após anunciar que não concorreria nestas eleições, reconsiderou e manifestou desejo de tentar a reeleição. Maria Luíza é batista, tanto quanto o prefeito de Salvador.

Entre os batistas, um dos votos mais procurados é o do pastor Átila Brandão, dono de 189 mil votos nas eleições para governador em 2006. Liderança antiga no segmento religioso, ele obteve a terceira maior votação do pleito passado, ficando atrás apenas de Wagner e Paulo Souto (PFL, hoje DEM). PMDB, PV e PT buscam o diálogo com o pastor.

O ex-governador Paulo Souto (DEM) disse, via assessoria, que considera cedo para pensar no diálogo com as igrejas. Entre os batistas, o democrata dispõe de um canal de aproximação por meio do presidente da Saltur, Cláudio Tinoco – sobrinho do ex-vice-governador na última gestão soutista, Eraldo Tinoco (já falecido), que era de formação batista.Explica-se: com exceção da Igreja Católica e da Universal, as religiões não têm um poder central, tampouco rege-se por fidelidade partidária ou verticalização. O voto é mais disperso, a estratégia recorrente é lançar mão de quadros dos próprios partidos com alguma presença nos espaços religiosos. A disputa é templo a templo nas religiões de menor peso político.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT baiano, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, informa que o governador prosseguirá marcando presença em eventos de todas as denominações religiosas. “Jaques Wagner participou de um encontro na Assembleia de Deus com mais de 200 pastores. Ainda não conversei com ele, mas tenho certeza que o presidente da Assembleia de Deus, pastor Valdomiro, vai apoiar Wagner”.

O candidato a governador pelo PV, Luiz Bassuma, é espírita, dialoga com a Assembleia de Deus por meio da presidenciável Marina Silva e visitou na semana passada o arcebispo primaz do Brasil, dom Geraldo Magela Agnelo.

Fonte: Tribuna da Bahia

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