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quarta-feira, novembro 11, 2009

Beira-Mar é condenado a 15 anos de prisão


Sete jurados admitiram que ele ordenou o homicídio duplamente qualificado. Julgamento durou 9 horas e 20 minutos. Traficante já havia sido condenado a 130 anos de prisão em outros processos
Agência Estado

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado nesta terça-feira (10) a 15 anos de prisão sob a acusação de ser mandante do assassinato do traficante João Morel, ocorrido em janeiro de 2001, dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).
Os sete jurados (cinco mulheres e dois homens) admitiram que ele ordenou o homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e cruel. Eles não aceitaram a terceira qualificação de que o crime seria por pagamento.
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Beira-Mar admite tráfico mas nega ter ordenado morte
O júri acabou nove horas e vinte minutos depois de seu início. Mais cedo, segundo agentes penitenciários, o réu admitira que seria condenado por sete votos a zero.
Antes da condenação desta terça, Beira-Mar já tinha 130 anos de cadeia para cumprir. Sua defesa negou as acusações.
Interrogado pelo juiz do 1º Tribunal do Júri de Campo Grande, Carlos Alberto Garcete de Almeida, Beira-Mar, admitiu ser traficante, mas negou ter mandado assassinar Morel, em janeiro de 2001, e ser líder do Comando Vermelho. "Eu tiro cadeia no meio do Comando Vermelho, então o pessoal me intitula como líder do Comando Vermelho, na verdade eu sou bucha do Comando Vermelho Tudo, tudo que acontece é Fernandinho Beira-Mar", reclamou. O traficante também esbravejou do presídio federal onde está preso - nas prisões da União, a vigilância é mais rigorosa - e negou responsabilidade na última guerra do tráfico no Rio, que envolveu uma disputa pelo domínio do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte do Rio.
Mídia
No interrogatório, Beira-Mar, afirmou que todos sabem que foi abrigado por Morel em Capitan Bado, no Paraguai, quando a Policia Federal brasileira fechou o cerco a ele na cidade de Ponta Porã (MS) e na vizinha Pedro Juan Cabalero, no Paraguai. Para ele, a acusação foi feita com base em noticias de jornal, sem provas. "É tão sem cabimento a denúncia contra mim que eles trazem como prova o que sai na mídia. A mídia publica, serve de prova. Então, um exemplo, se a Luana Piovani engravidar e alguém colocar que eu sou pai do filho da Piovani vão me fazer teste de DNA", provocou.
O magistrado então lembrou que o senador Magno Malta, ex-presidente da CPI do Narcotráfico, teria testemunhado que o traficante viveu na fazendo do morto. "CPI hoje em dia não existe para investigar ninguém, mas para ser palco para os políticos", atacou. "Na CPI, botam pessoas sem conhecimento de causa e para presidir o cara não sabe nem quem é quem", finalizou.
Beira-Mar provocou risos quando disse, inicialmente, ser empresário do ramo de construção civil. Depois, questionado pela promotoria, alegou que não precisa plantar maconha nem cocaína para poder vendê-la, "assim como quem vende celular não precisa fabricá-lo". Por duas vezes, disse ser muito fácil comprar drogas e armas nos países vizinhos. Respondendo ao juiz, explicou: "No Paraguai, em qualquer esquina o senhor consegue comprar arma, maconha, cocaína, qualquer tipo de entorpecente. Não preciso plantar para ter o produto".
Respondendo à promotora Luciana Rabelo, o traficante afirmou que, com a morte do João Morel, não teve nenhum tipo de ganho, porque no Paraguai, em qualquer esquina compra-se o que quiser. "Com a morte dele, ou com a minha prisão, o tráfico continua do mesmo jeito. É uma utopia dizer que com a morte de um, fulano vai lucrar mais, ou com a morte de outro, fulano vai lucrar menos".
Beira-Mar queixou-se da imprensa outra vez, ao lembrar ter sido acusado de ter mandado invadir o Morro dos Macacos, no episódio em que bandidos abateram a tiros um helicóptero da Polícia Militar - o episódio resultou em três mortes de policiais. Dias depois, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, desmentiu seu envolvimento. Por causa disso, Beira-Mar disse não querer mais voltar para um presídio do Rio.
"Hoje em dia eu sou motivo de moeda de troca. Se eu for para o Rio qualquer fato que acontecer vai cair nas minhas costas, e eu vou voltar para o presídio federal. Eu quero sair do presídio federal que não é um presídio, é uma fábrica de fazer louco. Quem criou o sistema penitenciário federal é um psicopata. Quero pagar o que devo à justiça de forma decente", afirmou.
Fonte: Gazeta do Povo

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