"Um golpe de Estado não pode ser legitimado como forma de mudança política", acrescentou
O chanceler Celso Amorim afirmou nesta quinta-feira que o governo brasileiro não irá apoiar o novo governo de Honduras, a ser eleito no próximo domingo.
Perguntado por jornalistas antes do início da cúpula climática de países amazônicos e da França se o Brasil reconheceria o governo que surgirá das eleições do fim de semana, Amorim foi bastante sucinto: "Não, não vai reconhecer."
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Micheletti denuncia plano para matá-lo no dia da eleição
"Um golpe de Estado não pode ser legitimado como forma de mudança política", acrescentou, referindo-se à deposição de Manuel Zelaya da Presidência.
Zelaya, que irritou a elite hondurenha ao estabelecer laços próximos com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi deposto e enviado de pijamas para o exílio em 28 de junho por forças militares sob acusação de tentar violar a Constituição para se reeleger.
O Congresso empossou Roberto Micheletti na Presidência, mas a comunidade internacional denunciou a medida e se recusou a reconhecer o governo de facto, isolando o país.
A postura do governo brasileiro diverge da posição dos Estados Unidos. Depois do golpe de Estado na nação da América Central, os EUA apoiaram energicamente Zelaya e exigiram sua restituição.
Mas, nos últimos meses Washington suavizou sua posição e anunciou que apoiará as eleições, mesmo se o mandatário não voltar ao poder antes.
Para Amorim, a diferença de abordagem deve-se ao fato de que o Brasil já "sofreu na pele" um golpe de Estado e sabe que, mesmo que seguido de eleições ou atos civis, não pode ser legitimado
O presidente deposto também alega que a eleição do dia 29 de novembro legitimaria o golpe. Por isso, pede a seus seguidores que boicotem o pleito.
Nesta quinta-feira, a Suprema Corte hondurenha afirmou que Zelaya não poderá legalmente voltar ao poder. A opinião do tribunal foi repassada ao Congresso como parte de um acordo apoiado pelos Estados Unidos entre as duas partes para decidir se Zelaya seria ou não restituído.
A opinião deve influenciar uma votação no Congresso hondurenho marcada para 2 de dezembro contra Zelaya, que voltou clandestinamente ao país em 21 de setembro e está abrigado desde então na embaixada brasileira em Tegucigalpa.
Fonte: Gazeta do Povo
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