A sucessão de 2010 está tão complicada que mais parece uma sessão do Supremo. Tudo é confuso, necessita de interpretação, e para espanto geral só uma autoridade concentra não só o Poder de decidir, mas também o que interpretar. Seu nome: Luiz Inácio Lula da Silva. Seu cargo: presidente da República até agora e por vontade própria, desde que ninguém consiga afastá-lo.
Os oposicionistas (?) que pareciam ter uma união sólida entre dois candidatos, se dividiram e não conseguem se reunificar, nem mesmo no que sempre se chamou de “chapa pura”. No caso, Serra e Aécio, embora nada esteja decidido.
No lado governista, a união ou desunião, terá que passar pelo crivo, avaliação e consagração do próprio presidente. Que controla tudo, tem sempre a primeira e a última palavra. Principalmente na sucessão que pode nem existir.
A chapa pura, que parecia unanimidade no PSDB, virou bandeira do PT, perdão, do presidente Lula. O partido não decide nada, quem faz e desfaz é o presidente Lula. E os que discordam, no máximo apelam para ele: “Presidente, me apoiando o senhor terá mais um palanque”. Assim, nos mais diversos estados.
Os candidatos dos dois lados não são melhores ou piores. Só que a possível chapa pura da oposição, reuniria nomes fartos de disputar eleições. Já a imaginável chapa pura do governo, reuniria candidatos que jamais subiram num palanque eleitoral.
No PSDB as coisas só estarão resolvidas a partir da desincompatibilização. No lado de Lula, excluindo ou excluído o próprio, sobra Dona Dilma como cabeça de chapa, uma incongruência, que palavra. O vice deve (ou pode) sair do PMDB, o que tem tudo para se chamar de chapa pura, sem nenhuma gozação.
Meirelles à procura de um partido
Quando Lula se lembrou (assim oficializou) do nome de Meirelles para vice de Dona Dilma, ele estava sem partido, e sua ambição se restringia a governador de Goiás. Precisava se filiar a um partido, Lula chamou o presidente do BC, ordenou no tom amável que usa sempre com os subordinados: “O senhor pode entrar em qualquer partido, desde que seja no PMDB”. E assim foi feito.
Dilma-Meirelles jamais disputaram votos
Seria verdadeiramente insensato apresentar uma chapa composta por dois nomes sem experiência eleitoral, e muito menos política. Podem dizer: “Meirelles se elegeu deputado por Goiás com 180 mil votos”.
Não era eleição e sim trampolim
Tão evidente, que tendo “sido eleito”, Meirelles renunciou, exigência para ser presidente do Banco Central. Na verdade ele só foi a Goiás para nascer, fez carreira no exterior, (Banco de Boston) voltou com objetivos e ambições. Custos? Nenhum problema.
O PT no seu pior momento
Desde que surgiu o PT vem construindo, ou melhor, destruindo a imagem positiva que marcou seu aparecimento. Agora, de fora do partido e dentro dele, as maiores restrições.
Meirelles faz vestibular
para vice-presidente
O presidente do Banco Central, à tarde, pela primeira vez compareceu a uma reunião do seu novo e glorioso partido, o PMDB. Suas convicções político-eleitorais, são iguais às econômico-financeiras.
Em 7 anos de pastor,
saiu do PSDB para o PMDB
Em 2002, nem ele sabia que logo, logo seria tão poderoso quanto Celso Amorim, os dois que completarão os 8 anos dos dois primeiros mandatos de Lula. Tanto Meirelles não sabia, que comprou 183 mil votos para deputado, inscrito pelo igualmente glorioso PSDB.
Não sabe o que o futuro (Lula)
reserva para ele, tenta adivinhar
Ficou satisfeito com o “tratamento recebido”. Confessou isso a um amigo. Este não pôde deixar de fazer a pergunta que todos fazem: “Por que entrou no PMDB e não no PSDB, pelo qual se “elegeu” deputado em 2002?”.
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PS- Agora surgiram duas jogadas numa só. Henrique Meirelles, um dos “grandes” do PMDB, passou a “amestralizar”: “O Presidente Lula me pediu para ficar com ele até o fim”. Suspeitíssimo. Como ninguém sabe o que é o fim, segundo Luiz Inácio, a reflexão é imediata. Lula pediria a Meirelles para encerrar a carreira tão cedo?
PS2- Surgiu então o nome de Michel Temer para vice de Dona Dilma. Nenhuma concretização, apenas o lado positivo. Como Dona Dilma não se elege, Temer também não se elegeria, encerraria o tempo de vida pública, não tem sido eleito nem deputado.
Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa