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quarta-feira, outubro 01, 2008

Eleições: se os sintomas de desgoverno persistirem...


... consulte a sua consciência

Por Maria da Piedade Eça de Almeida (*)

A Cidadania é o exercício do conjunto de direitos humanos e sociais promotores da participação independente de todos na vida da cidade e nas ações de Governo. Os direitos da Cidadania são também deveres por que a natureza associativa dos seres humanos, a solidariedade característica da Humanidade e a fraqueza dos indivíduos isolados quando enfrentam o Estado provocam a necessidade de união e participação de todos nas atividades de interesse coletivo. Próximos a uma eleição é preciso saber escolher os representantes da população, aqueles que nos vão dirigir e organizar. A propaganda do TSE afirma que quatro anos é muito tempo. Pior: é um presente caríssimo com pagamento de altos salários, se for total a ineficiência dos eleitos. Depois não adianta reclamar. Agüenta se a escolha foi errada fruto da desinformação, da alienação voluntária e da omissão. Melhor teria sido investigar em quem votar, o que pretendia fazer para melhorar a cidade. Assim a nossa representação através da nossa escolha talvez se realizasse de forma séria e efetiva.
As nossas preocupações de sobrevivência cotidiana impedem-nos de dar às eleições e ao nosso ato de votar o devido grau de responsabilidade. Se para nos desculpar da nossa omissão ou inconsciência dizemos que “político é tudo igual” e que “não ligamos para política” apenas justificamos o engano e o sofrimento que vamos passar durante os próximos quatro anos. A nossa atitude imatura e irresponsável de não procurar analisar e avaliar as propostas e idéias dos candidatos será a causa de sermos governados por quem não escolhemos e sequer tivemos a curiosidade de conhecer.
A Câmara de Vereadores não é muito lembrada pela mídia. A não ser que surja um escândalo que a coloque no foco sistemático de observação. Todavia é a Câmara Municipal que soluciona os assuntos que mais afligem o cidadão comum: o caos urbano, as carências dos serviços públicos, a ampliação do poder das empresas de ônibus, da coleta de lixo, criação de regras de priorização do transporte coletivo em vez do individual, regulamentação e organização do crescimento da cidade. No município o desequilíbrio do sistema político entre os Poderes é nítido e aviltante. Do Executivo surgem a maior parte dos Projetos de Lei aprovados; o controle do Legislativo sobre o Executivo é frágil por que existem as tais negociações “por debaixo do pano” que se traduzem na “maioria dócil” a tal base de sustentação que os Prefeitos barganham para conseguir tranquilamente aprovar os seus projetos. O perfil do vereador/despachante de bairro transforma as Câmaras numa arena de mera defesa do particular, com muito pouco espaço para questões gerais.
As instituições da Sociedade como escolas, igrejas, empresas, associações civis devem ouvir e questionar os candidatos a Vereador que serão seus futuros representantes no Legislativo local. No dia 05 de outubro em frente à urna eleitoral precisamos decidir com consciência e votar em candidatos comprometidos com o trabalho e a defesa de Bem Comum para a nossa cidade. Ainda existem candidatos merecedores do voto, da admiração e respeito. Porém são poucos. Em geral a safadeza supera a honra e a dignidade empana a corrupção. Todavia não podemos desistir. É preciso continuar fomentando a capacidade de julgamento e participação dos eleitores visando a melhoria da qualidade dos políticos eleitos, informando, fornecendo dados verdadeiros que proporcionem a todos um posicionamento político livre e de acordo com sua consciência. Lutar para obter um corpo de eleitores interessados, combativos e atuantes, com capacidade ampliada de decisão, criar mecanismos eficazes de controle de qualidade dos candidatos a cargos eletivos, promovendo ações conjuntas de conscientização política.
Indignação não basta. É hora de se informar, julgar e agir. Escolha os melhores entre os bons. Desista de eleger o “menos ruim”.Lembre-se: quem vai pagar a conta é a nossa cidade de Campinas.

(*) Maria da Piedade Eça de Almeida é Filósofa, pós graduada, professora universitária, secretária executiva do “MDC” Campinas e diretora da Escola de Governo de Campinas.
Fonte: Prosa & Política

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