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terça-feira, setembro 09, 2008

A omissão dos institutos de pesquisa

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Mudar, as previsões podem, ainda mais porque alimentadas por institutos de pesquisa que, salvo exceções, são negócios comerciais, encomendados e pagos por algum cliente. Como os clientes têm sempre razão, quem quiser que conclua. Mesmo assim, as pesquisas exprimem tendências impossíveis de ser desprezadas.
Grandes vantagens conquistaram os candidatos às prefeituras das capitais apoiados pelo presidente Lula, ou, mais objetivamente, que apóiam o presidente Lula. Das 26 capitais, estão liderando as pesquisas em 20, sinal de que votos se transferem. Transferem? É bom marcar coluna do meio, porque o eleitor estará votando em candidatos que se propõem governar à sombra do presidente Lula, contando com sua popularidade e com supostos respaldos financeiros para as respectivas administrações municipais.
A pergunta que se faz é sobre a transferência maior, quando o presidente Lula pedir votos para alguém que ocupará o seu lugar. É dessa indagação que os institutos de pesquisa fogem como o diabo foge da cruz. Nada mais natural do que na tomada de opiniões sobre os pretendentes às prefeituras fosse incluída questão relativa aos possíveis candidatos ao palácio do Planalto, em 2010. Porque é isso que realmente interessa. Numa palavra, porque não perguntam os institutos, a respeito das preferências do eleitorado sobre Dilma Rousseff, José Serra, Aécio Neves, Ciro Gomes e outros?
Poderíamos sentir, assim, se votos realmente se transferem no plano superior. Para embolar ainda mais o meio campo, que tal se nessa pesquisa imaginária, mas imprescindível, fosse incluído o nome do presidente Lula? Ou a consulta sobre se o eleitorado admitiria um terceiro mandato, mesmo tornando-se necessária uma reforma constitucional? Ou, melhor dizendo, um golpe de estado?
Uma coisa é certa: na impossibilidade de ver transferido votos para Dilma Rousseff, conformar-se-iam os atuais detentores do poder em entregá-lo a José Serra ou, mesmo, a Aécio Neves? PT, PMDB e penduricalhos admitiriam passar aos tucanos as vantagens, benesses, nomeações, financiamentos e demais prerrogativas que usufruem no plano federal?
Por enquanto, estão adiando a decisão fundamental iludida uns com a possibilidade da transferência maior, outros maliciosamente conscientes de que a hora do golpe ainda não chegou. Explica-se, assim, a razão de os institutos de pesquisa omitir a questão principal...
Ouvir a vítima?
Esteviveram no Supremo Tribunal Federal os delegados da Polícia Federal encarregados do inquérito sobre os grampos nos telefones e no gabinete do ministro Gilmar Mendes. Ouviram a vítima principal das recentes escutas telefônicas clandestinas, mas, com todo o respeito, o que terá dito o presidente da mais alta corte nacional de justiça, além de repetir sua indignação?
Muita gente duvida de que esse inquérito poderá redundar em algo mais do que revelar o nome de dois agentes ou ex-agentes da Abin que teriam, supostamente a pedido de um delegado da Polícia Federal, grampeado os telefones de Gilmar Mendes. Uma das linhas de investigação conduz a essa hipótese, por conta da reação do delegado Protógenes Queirós diante da concessão de habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas, pelo presidente do Supremo.
O policial não se teria conformado com a libertação do principal suspeito, na operação que conduzia e da qual foi afastado. Se verdadeira essa versão, seria uma das maiores infantilidades praticadas à sombra de ações destinadas a apurar irregularidades.
O depoimento de Gilmar Mendes, porém, pouco adiantou para desenvolver o inquérito. Tendo sido ele o ofendido, que informação avançou aos delegados da Polícia Federal? Que ouvia ruídos estranhos sempre que falava ao telefone?
O mesmo vício de sempre
Anunciou o ministro do Futuro, Mangabeira Unger, o adiamento da divulgação do novo Plano de Defesa Nacional. O presidente Lula não terá gostado do original, mandou abrir novos debates.
Fora o inusitado de o ministro da Defesa, Nelson Jobim, funcionar como coroinha nessa missa, quando a questão deveria ser exclusiva dele, salta aos olhos que se não fosse o presidente Lula, estaria hoje assistindo a implantação de aspectos polêmicos no âmbito da defesa Nacional. Por exemplo: o plano Mangabeira restabelece a obrigatoriedade de todo brasileiro com 18 anos prestar serviço militar ou, como alternativa, serviço civil na área social. Como teoria é muito bonito, mas, na prática, inexeqüível.
As forças armadas carecem de recursos para sustentar até mesmo a minoria que vai servir nos quartéis. Todos os anos as dispensas são antecipadas por falta de verba para o rancho. Obrigá-las a uma despesa por enquanto incalculável seria cortar ainda mais o dinheiro imprescindível para renovação de equipamento e manutenção, sabe-se lá como, da máquina militar.
Vale o mesmo para a prestação do serviço civil alternativo. Tirar a meninada das escolas, ao menos em parte do dia, para colocá-lo onde? Nas filas do INSS? Na porta dos hospitais? O que falta, nestes, são médicos enfermeiros diplomados, assim como, naqueles, recursos para processar pensões e aposentadorias conforme o direito dos cidadãos.
Mas tem mais. O ministro do Futuro parece não ter limites em sua tentativa de abraçar o governo e o mundo. Também declarou estar a um passo da criação de um novo órgão fundiário para investigar e regularizar a posse de terras na Amazônia, já que apenas 4% das propriedades estão legais. É a malfadada redundância que atinge o Brasil desde o Descobrimento. Esse órgão já existe, é o Incra, que pertence ao ministério da Reforma Agrária. Se não funciona, se deixa desejar, que seja aprimorado, reformado, até revolucionado. Mas criar outro, superposto, subordinado à presidência da República, com todo o respeito, é bobagem.
As incursões de Mangabeira Unger no quintal de seus colegas de ministério estão virando piadas. Qualquer dia desses ele vai sugerir a criação de uma nova Polícia Federal, desligada do ministério da Justiça, formada para atuar na estratosfera. Suas idéias fossem exeqüíveis, seria o "ministro Bom-Bril", aquele das mil e uma utilidades.
Ausência discutida
O presidente do Senado, Garibaldi Alves, faltou ao palanque presidencial no desfile de Sete de Setembro. Ficou no Rio Grande do Norte, em campanha para as próximas eleições, ainda que se desculpasse por conta de respeitável resfriado. O presidente Lula não gostou.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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