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sábado, setembro 13, 2008

Ex-presidentes humilhados e ofendidos

Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Falar, ele fala o que quer, desde menino. Responde pelas conseqüências, quando agride o vernáculo, mas vai em frente. O problema é que em certos dias, exagera. Falamos do presidente Lula. Quarta-feira, no Amazonas, disse que de 1980 a 2002 "o Brasil esteve em estado de coma, atrofiado, deitado numa cama, sem saber quem era e para onde ia".
Fora o general João Figueiredo, que já morreu, estão os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso na obrigação de reagir. De público, foram não apenas ofendidos, mas humilhados. E receberam dose dupla, por haverem sido agraciados com outra virulenta referência: "Quem governou este País já tinha feito universidade, portanto, não estava ligando para os que não fizeram." Um formado em Sociologia, outro em Engenharia, este em Administração e aquele em Direito. Todos com diploma, agora acusados de inação completa no quesito educação e ensino.
O singular nesse rosário de diatribes do Lula aos antecessores é que nenhum deles reage. Aqui e ali Fernando Henrique escreve um artigo defendendo-se, mas sem atacar o sucessor. Itamar, conhecido pelo estopim curto, parece enfurnado no bunker de Juiz de Fora, onde nada chega, nem as ofensas. Collor e Sarney, no Senado, preferem preservar a condição de aliados e imaginar que não foram presidentes nem dispõem de um passado a defender. Cuidam do futuro.
A gente fica pensando se vivêssemos num país sério, onde as palavras não voassem com o vento. Com todo o respeito, o presidente Lula já teria sido chamado às falas. Parece que a exceção é o futebol, mas o próprio goleiro Júlio César, único a reagir, obrigou-se a um pedido de desculpas, coordenado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Mesmo mantendo acesa a chama da conciliação e do entendimento, peculiares a quem faz política, os ex-presidentes da República não deveriam deixar-se enxovalhar desse jeito. Só o general Figueiredo responderia à altura, enquadrado nos vinte e dois anos relacionados pelo Lula, mas, como escrevemos acima, já morreu...
A História se repete
Nunca será demais relembrar autor pouco citado nos tempos atuais, para quem a História só se repetia como farsa. Mas é preciso prestar atenção nos acontecimentos na Bolívia. Vimos incontáveis vezes esse filme, da Guatemala ao Chile, à Argentina, ao Uruguai e até o Brasil. Sempre que um governante contraria os interesses das elites dominantes, é deposto por bem urdida trama cujos reais inspiradores costumam ficar de fora.
É deposto? Bem, as coisas podem estar mudando, porque tentaram contra Hugo Chávez, três anos atrás, e não conseguiram. Agora, investem sobre Evo Morales. Há preocupação no governo diante da tentativa de desestabilização do presidente da Bolívia. Não que a moda possa pegar entre nós, porque o presidente Lula, nada tendo de bobo, conserva nossas elites em berço esplêndido. O problema é que uma revolução do outro lado de nossas fronteiras arrisca-se a desarticular a economia nacional. E não será apenas pela interrupção no fornecimento de gás.
Temos interesses variados, lá, tanto de empresas públicas quanto privadas. Além do que, seria constrangedor mobilizar tropas para evitar que os derrotados, quaisquer que venham a ser, façam o caminho inverso da Coluna Prestes. Os tenentes internaram-se na Bolívia, depois de sua epopéia. E se os generais e os empresários bolivianos vierem pedir asilo no Mato Grosso?
Cinqüenta e seis arapongas
Nesse escândalo dos grampos telefônicos, o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera. Agora pela voz de um ex-diretor da Abin, ficamos sabendo que nada menos do que 56 arapongas prestaram serviço à Operação Satiagraha, da Polícia Federal. É claro que alguém pediu no caso o delegado Protógenes Queirós, e alguém autorizou. Teria sido o delegado Paulo Lacerda, dirigente maior da Abin? Alguém abaixo dele?
A situação fica pior se imaginarmos que o conluio entre as duas instituições é rotineiro, vem de muito tempo. Serão redundantes ou complementares, a Abin e a Polícia Federal? Que tipo de apoio deram os arapongas à investigação sobre atividades financeiras do banqueiro Daniel Dantas? Grampearam telefones? Analisaram documentos? Trocaram figurinhas? Ou emprestaram pastas "007" para seus primos? Mais grave ainda é verificar que nem o presidente Lula nem o general Jorge Félix sabiam de nada. Muito menos o ministro Tarso Genro.
Dos escombros desse terremoto não sobrará nada, a não ser, é claro, a satisfação de Daniel Dantas, acusado de cérebro maligno por trás de toda a confusão. Sem falar na celebração permanente promovida pelo crime organizado, agora livre de escutas telefônicas capazes de investigar seus movimentos.
Ministério da Amazônia
No encontro mantido com os governadores da Amazônia Legal, hoje, o presidente Lula não prometeu, mas ouviu sugestões para a criação do Ministério da Amazônia. Tomara que não se tenha sensibilizado, porque esse hipotético paquiderme só determinaria mais uma superposição de funções. Os outros ministérios não poderiam abdicar de planos e programas desenvolvidos na região. Só a burocracia ficaria em festa com o surgimento de uma nova instituição encarregada de dar palpites e até ordens.
Haveria, também, o risco de a moda pegar. Que tal o Ministério do Pantanal? O Ministério do Nordeste?
Os governadores da Amazônia pertencem a partidos distintos, mas todos, sem exceção, apóiam o presidente Lula. Ouve-se que um deles, na ânsia de agradar, reclamou que a ministra Dilma Rousseff já tinha visitado o Pará e o Amazonas, prometendo em seu estado uma recepção ainda mais calorosa.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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