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sexta-feira, setembro 05, 2008

COMO ENCAÇAPAR GENTE DECENTE COM PIRULITOS E BANDEIROLAS – IGREJINHA UM CANTO BUCÓLICO

por: Laerte Braga

O dilema maior nos dias atuais é a opção sobre se somos humanos ou se somos reses. Se caminhamos por nossas próprias pernas ou se nos deixamos tanger na convicção da verdade absoluta determinada pelas classes dominantes. Um dos efeitos da globalização nos termos em que vem sendo imposta é o desaparecimento da aldeia como centro de um universo peculiar com características próprias de cultura no sentido mais amplo da palavra. Querem seres produzidos em série e iguais para diminuir os custos de produção. Surge a aldeia global, imensa, gigantesca e habitada por “seres” imensos no processo político e econômico da verdade única e absoluta de algo que denominam progresso e consideram irreversível. É como se a marcha para o abismo e a queda no abismo fossem fatalidades inexoráveis e alternativas não existissem, ou existam. Uma das falácias desse mundo de “imensos” conglomerados é a do emprego. Oferecem o emprego como se fosse a bóia para o náufrago em alto mar e ao mesmo tempo em que falam da perspectiva de sobrevivência em bases que propagandeiam “dignas”, mas escondem a exploração perversa e cruel. E geram o desemprego na natureza do modelo. Conscientes e oniscientes das garras e tentáculos com que dominam e escravizam. No emprego matam o ser, pelo modelo. Falam em futuro, mas esquecem-se de dizer que é o deles. Não oferecem futuro algum. Transformam o planeta em propriedade privada, onde constroem o mundo dos castelos tecnológicos com que alijam em desertos gigantescos os seres/robôs que colocam cada pedra dessas pirâmides delirantes de uma eternidade finita que se esvai na finitude do ser. São nuvens de gafanhotos predadores e destruidores. A cidade, não especificamente a minha, mas a cidade como célula e realidade imediata de cada um de nós é o exemplo típico dessa realidade. Some, desaparece. Transforma-se em parte da aldeia global gerida e montada nos cânones dessa verdade absoluta. Uma das discussões mais presentes nos dias atuais é a do destino do lixo que produzimos. Não falo dos grandes empresários, dos banqueiros, ou dos latifundiários. Nem de seus pastinhas espalhados como fiscais de corredores de escola por todos os cantos. Falo de lixo mesmo. Na esteira do completo e total controle da mídia. No planejamento e na ação destinados a moldar o ser e transformá-lo em objeto, tanto criam o que se acredita inserido no contexto da construção desse mundo, o dominado do qual usam e abusam no delírio de brincar de Deus. No filme “Doutor Fantástico” do notável cineasta Stanley Kubrick, há um momento em que um general percebe que a destruição nuclear é inevitável e proclama: “vamos para as cavernas”. As cavernas deles, pois cenas antes, haviam calculado quantos milhões iriam morrer e quantos se salvariam. Transformado em cenário todo o horror da barbárie atômica. “Às cavernas” para reconstruir o poder destruidor. Essa sensação que permeia consciente ou inconscientemente a cada um de nós é real e palpável, seja nos momentos de revolta e de impotência diante da força do modelo, ou nos seres robotizados, quando jogados aos laboratórios e suas pílulas mágicas de sorrisos e vida feliz enquanto escorre a água e o sangue diluídos nas caçapas para onde nos arremetem sem que nos percebamos objetos. O lixo chega a ser simbólico, emblemático nesse processo todo. A localidade de Igrejinha, um canto bucólico da cidade mineira de Juiz de Fora, foi ludibriada e enganada com os pirulitos e as bandeirolas do progresso e do futuro pela Votorantin. A possibilidade de um aterro sanitário ali revoltou a população. A construção de um aterro industrial não. A empresa vendeu a idéia que trazia progresso, empregos, sem explicar que em curto prazo o local se transforma em área degradada em todos os sentidos ambientais possíveis, logo, não existe futuro. Só o desespero de acreditar que a bóia atirada em alto mar não vai furar, consciente ou não que cedo ou tarde ela fura e o naufrágio é a única conseqüência líquida e certa. Assim é o lixo em Juiz de Fora, em Betim, em Sabará, em Belo Horizonte. Empresas como a Votorantin lotearam o Brasil. A máfia do lixo como descreve Ênio Raffin em seu livro sobre o assunto fez o mesmo. Aqui ganha a empresa tal, ali a outra, acolá a terceira, fazem o faz de conta da concorrência, da licitação e se assenhoram do processo transformando lixo em lucro e se lixando para as comunidades. Toda essa história se reveste do mesmo discurso de futuro, de progresso, de bem estar, de cuidados com o ambiente, etc, etc, passa pela compra de políticos corruptos, funcionários públicos corruptos, mídia corrupta e desemboca nos tais castelos desses novos barões da aldeia global, no duro mesmo, bem definida, por Milton Santos, como “globalitarização”. Pouco antes da guerra do Iraque uma empresa de games nos EUA, ligada e financiada pelo Departamento de Estado, lançou um jogo em que um “heróico libertador” livrava o povo do Iraque das garras do ditador Saddam Hussein. Vendeu. Vendeu a idéia que Saddam iria destruir o mundo com armas químicas e biológicas que não existiam, mas precedeu à invasão, ocupação e espoliação do Iraque e do povo iraquiano. Há cerca de duas semanas a mesma empresa lançou um outro game, onde um “libertador” livra o povo venezuelano das garras de Hugo Chávez e toma posse do petróleo daquele país. Destrói todos os inimigos do progresso e assegura ao povo, povo norte-americano, o petróleo do povo venezuelano. O mundo globalizado dessa gente é isso. Tanto faz que seja o Iraque, um país, ou a Venezuela, outro país. Que exploda uma guerra separatista na Bolívia porque elites não aceitam a eleição e confirmação de um índio no poder. Que seja um ex-bispo empenhado em restaurar a dignidade do Paraguai, ou a localidade de Igrejinha. Ou a floresta Amazônica. Ou o estado do Espírito Santo. Têm modelos de vendedores comprados para tudo. Seja um prefeito em Juiz de Fora. Um governador em Minas ou no Espírito Santo. Um general na Amazônia. Um presidente como foi Fernando Henrique. Cada caso é um caso e cada venda/compra e uma venda/compra. Os que se opõem são transformados em entulhos, monstros, seres perversos, bandidos, terroristas, o que seja, importante é pespegar o rótulo, vender o progresso deles e para isso basta controlar a mídia, distribuir pirulitos e bandeirolas que pessoas decentes e inocentes se acreditam inseridas no contexto, sem perceber que estão sendo jogadas numa pasta e transformadas em outra forma de pasta, essa servida na exploração dos donos. Jogam sabendo da decência e da dignidade de populações inteiras, tanto quanto buscam quebrá-la na sociedade de espetáculo proporcionada pela mídia, seja nos quartos espelhados do bordel BBB, ou nos dramas farsescos das novelas, entremeados pelas notícias transformadas em verdades absolutas das mentiras dos donos. O que está em jogo é isso. Ser ou rês. Bejani, José Eduardo, Serra, Aécio, Mangabeira Unger, essa gente toda funciona como vendedores e agentes dessa destruição travestida de modernidade. Gente como Augusto Heleno, o comandante militar da Amazônia, que acha que os índios são os culpados de tudo, representam a borduna para os que teimam em não aceitar a cangalha. Não é só eleição. Eleições são meios, instrumentos e não fim. É o modelo que está podre. É a destruição inevitável não deles. Mas dos explorados, dos encaçapados. Vai chegar um dia que nem os laboratórios deles conseguirão produzir as pílulas de felicidade e ajustamento e aí os castelos fechados e impenetráveis deles já estarão prontos. Só vão restar grandes desertos dentro e fora do ser. Vão restar apenas os escombros da percepção que não somos nada para a Votorantin, qualquer que seja o nome que tenha. VALE, ARACRUZ, QUEIROZ GALVÃO. BANCO/BANDO BRADESCO, SANTANDER, ITAÚ. ARROZEIROS/GRILEIROS em Raposa Reserva do Sol. Onde quer que seja. Vai existir sempre um gilmar mendes e por isso lutar é necessário.
É questão de sobrevivência.
*link para o vídeo sobre a Venezuela
http://www.youtube.com/watch?v=bR3XgsDjM6E&eurl=http://www.orkut.com.br/FavoriteVideos.aspx?uid=14353373109359112601.

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