Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
As alianças firmadas pelos partidos políticos para as eleições municipais deste ano ignoram, em sua maioria, a correlação de forças entre governo e oposição. Pelo menos é o extrato que se tira das composições entre as três maiores legendas que fazem oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - PSDB, DEM e PPS. Um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo mostra que, entre as 26 capitais do País, em 24 delas há coligação entre o PT e os partidos aliados e adversários. As exceções são Vitória (ES) e Florianópolis (SC). Em regra, portanto, prevalecem as arrumações locais. Em pelo menos quatro capitais o PT do presidente Lula vai às urnas aliado com tucanos, democratas ou os pós-socialistas do PPS: Aracaju, Manaus, Porto Velho e João Pessoa. Contudo, mesmo diante deste quadro confuso, a disputa pelas prefeituras em 26 capitais não deixa dúvida de que o PT atuou em duas frentes de olho nas eleições de 2010. Além de usar a montagem dos palanques municipais para manter sua hegemonia na base governista, o partido operou para enfraquecer seus dois principais adversários na sucessão presidencial, os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). A disputa pela prefeitura de Salvador, terceira maior capital brasileira, acontece entre o PMDB, PT, PSDB e DEM, não por acaso os quatro maiores partidos brasileiros. O PMDB tem o prefeito João Henrique como candidato à reeleição, e o professor Edvaldo Brito como vice. O peemedebista é apoiado por uma aliança de partidos formada por PMDB-PP-PDT-PTB-PSC-PHS-PSL. Já o PT, que comanda uma Frente de Esquerda composta também por PSB, PCdoB e PV, disputa a eleição com o deputado federal Walter Pinheiro, numa chapa que tem a deputada federal Lídice da Mata (PSB) como vice. O principal trunfo da coligação é capitalizar a imagem do presidente Lula e do governador Jaques Wagner durante a campanha. Líder das últimas pesquisas divulgadas, o deputado federal ACM Neto é o candidato do Democratas, que tem o bispo Márcio Marinho (PR) como vice. Neto conta ainda com o apoio de uma coligação formada pelos partidos DEM-PR-PRB-PTN-PRP-PSDC-PTdoB-PTC. O democrata conta também com o apoio do ex-governador Paulo Souto, do senador César Borges e do apresentador Raimundo Varela. Segundo colocado nas pesquisas, o ex-prefeito Antônio Imbassahy (PSDB) trabalha para botar o seu time no segundo turno. O tucano conta com a experiência de já ter sido prefeito de Salvador, onde fez uma administração avaliada entre as melhores do País. O seu vice é o ex-vereador Miguel Kertzman (PPS). Embora o seu partido seja oposição no plano federal, Imbassahy é considerado da base de apoio do governador Jaques Wagner (PT). Em Recife, pouca coisa muda em relação à disputa de Salvador. Lá, entre os três grandes partidos, apenas o PSDB não tem candidato próprio. No comando de uma coligação que envolve 16 legendas, o candidato a prefeito pelo PT é o ex-secretário João da Costa. Ele conseguiu agregar uma frente formada por PT, PSB, PTB, PDT, PR, PMN, PHS, PTN, PRB, PTdoB, PSL, PRTB, PRP, PGT, PSDC e PCdoB. O candidato a vice na chapa é Milton Coelho, indicado pelo governador Eduardo Campos (PSB). A disputa em Recife conta ainda com três concorrentes da oposição. Apenas o deputado Carlos Eduardo Cadoca (PSC) é da base aliada do presidente Lula. Ele disputa pela coligação PP, PPS, PTC e PV. O ex-governador Mendonça Filho (DEM), líder das pesquisas, concorre com a chapa puro-sangue, formada com o deputado federal André de Paula. O outro concorrente é o deputado Raul Henry (PMDB), da coligação PMDB-PSDB, que tem o apoio dos senadores Jarbas Vasconcelos e Sérgio Guerra.(Por Evandro Matos)
São Paulo e Rio são termômetros para 2010
Maior capital brasileira e aonde se concentra o maior PIB do País, São Paulo terá uma eleição disputadíssima entre o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e a ex-ministra Marta Suplicy (PT). O deputado federal Paulo Maluf (PP), a apresentadora Soninha (PPS) e o deputado Ivan Valente (PSOL) também estão na disputa. Devido à sua importância, a eleição é estratégica para os partidos que mantêm os três candidatos melhor posicionados nas pesquisas: PT, PSDB e DEM. Os primeiros porque, vencendo ou perdendo, repercutirá nas eleições de 2010; e o terceiro, porque a eleição faz parte do plano de renovação da sigla. Até agora as pesquisas têm apontado as primeiras colocações para Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), com vantagem para a primeira. Contudo, numa projeção para um segundo turno, a vitória seria do tucano, embora a diferença venha se reduzindo. O principal trunfo de Marta será usar a imagem do presidente Lula. Ela conta ainda com o apoio dos partidos que formam o bloquinho: PCdoB, PDT, PSB e PRB, que indicaram o deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para vice. Alckmin, por sua vez, usará a experiência de ex-governador, mas outro trunfo que poderia ser decisivo para ele, o apoio do governador José Serra, pode não ser tão fácil. É que Serra, pensando em 2010, hesita em lhe dar um apoio explícito, já que também flerta com Gilberto Kassab. Na segunda maior cidade brasileira, Rio de Janeiro, o quadro, com vários candidatos, está confuso. O governador Sergio Cabral (PMDB) lançou o deputado Alessandro Molon (PT), mas o abandonou no meio do caminho. Cabral agora aposta no seu ex-secretário Eduardo Paes (PMDB), com o apoio do PP, PSL e PTB. Por outro lado, o prefeito César Maia apóia a deputada federal Solange Amaral (DEM), e o PSDB desistiu de lançar candidato para apoiar o deputado federal Fernando Gabeira (PV). A disputa conta também com a participação do bispo Marcelo Crivela (PRB), ainda líder das pesquisas, e da ex-deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), a segunda colocada segundo o DataFolha. Feghali está na disputa com o apoio do PHS, PTN, PRTB e PSB. Para completar a extensa lista de candidatos, o PDT lançou o deputado estadual Paulo Ramos, e o PSOL lançou o deputado federal Chico Alencar, dando mais uma demonstração de que, na capital fluminense, a esquerda está dividida.(Por Evandro Matos)
Tucanos e petistas juntos em Belo Horizonte
Belo Horizonte é a capital brasileira onde o PT parece mais perto do PSDB, mas nacionalmente mostra-se distante. É que o esforço do governador Aécio Neves para formalizar a aliança não teve o aval do diretório nacional petista para apoiar o ex-secretário Marcio Lacerda (PSB) para a prefeitura. O acordo faz parte de um projeto que envolve o atual prefeito de BH, Fernando Pimentel, que seria indicado para suceder Aécio em 2010. Contudo, os petistas nacionais vetaram a aliança, entendendo que ela beneficiaria uma provável candidatura do tucano ao Palácio do Planalto em 2010. Mesmo com a resistência do diretório nacional, os petistas mineiros indicaram o deputado Roberto Carvalho como vice na chapa de Lacerda e selaram a aliança. E a campanha já está nas ruas de BH, com as bandeiras de tucanos e petistas juntas. Mas a disputa conta ainda com as candidaturas da comunista Jô Moraes (PCdoB), que lidera as pesquisas, e de Sérgio Miranda (PDT). Na capital gaúcha a novidade da eleição é a forte participação feminina. Além da deputada federal Luciana Genro (PSOL) e de Manuela D’Ávila (PCdoB), a disputa conta ainda com Maria do Rosário (PT) e Vera Guasso (PSTU). Mas o atual prefeito José Fogaça (PMDB), líder das pesquisas divulgadas até aqui, é o favorito da disputa. Ele tem o apoio do PDT e do PTB. Participarão do pleito ainda Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Onyx Lorenzoni (DEM) e Paulo Rogowski (PHS). Em Curitiba (PR), o atual prefeito Beto Richa (PSDB), favorito da disputa, vai para a reeleição com o apoio do PPS, DEM, PP, PDT, PT do B, PSB, PSL, PR e PSDC. O PMDB lançou Carlos Moreira Júnior. Gleisi Hoffmann, mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento), será a candidata do PT. A chapa tem ainda o apoio do PSC, PHS, PTC, PRB e PMN. São candidatos também o deputado estadual Fábio Camargo (PTB), Marinete Silva (PRTB), Lauro Rodrigues (PTdoB), Maurício Furtado (PV), Bruno Meirinho (PSOL) e Ricardo Gomide (PCdoB).
Ciro e Cid em lados opostos em Fortaleza
A disputa pela prefeitura de Fortaleza apenas começou, mas já trouxe dois fatos curiosos para a política nacional. O primeiro deles é a posição dos irmãos Ferreira Gomes, que estarão em palanques opostos durante a campanha. Enquanto o governador Cid Gomes declarou apoio à prefeita Luizianne Lins (PT), o atual deputado federal Ciro Gomes (PSB) já pede voto para a sua ex-mulher, a senadora Patrícia Saboya (PDT). O segundo caso curioso é a volta da aliança Ciro Gomes/Tasso Jereissati, que se revezaram nas administrações que transformaram o Ceará. Aliado com o PDT, o PSDB do senador Jereissati também vai apoiar Patrícia Saboya. Por outro lado, a prefeita Luizianne Lins (PT) disputa a reeleição com o apoio de 11 partidos, mas ainda enfrenta uma pendência na Justiça, já que é acusada pelo Ministério Público de ter cometido crime eleitoral durante a convenção que homologou o seu nome. Outro que está na disputa é o ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM), que lidera uma pesquisa divulgada esta semana.
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