BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) identificou indícios da possível participação do governador de Rondônia, Ivo Cassol, num esquema de fraudes na importação de veículos de luxo e de eletroeletrônicos pela empresa TAG, sediada no estado e com filial no Espírito Santo. Esses indícios foram remetidos à Procuradoria Geral da República (PGR), já que o governador tem foro privilegiado. Caberá à PGR decidir se as evidências são suficientes para abertura de um inquérito.
O filho do governador, Ivo Junior Cassol, e o sobrinho, Alessandro Cassol Zabott, foram presos durante a Operação Titanic, deflagrada ontem pela PF em quatro estados - Rondônia, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
A prisão dos dois, de acordo com o delegado responsável pelo caso, Honazi de Paula Farias, pode ser um sinal da participação do governador. "Sendo parentes do governador, acredito que há certo viés de relacionamento", disse.
Investigação
Segundo a PF, a investigação, iniciada há um ano, revelou a participação de servidores públicos, empresas exportadoras sediadas no Canadá e Estados Unidos, uma empresa importadora do Espírito Santo, despachantes e intermediários. Em dois anos, foram importados mais de R$ 21 milhões em carros de alto luxo.
Apenas no ano passado, aproximadamente 190 veículos chegaram ao Brasil de forma fraudulenta. A estimativa da PF é de que o esquema, supostamente montado pelo dono da TAG, Adriano Scopel, tenha dado um prejuízo de R$ 7 milhões com a falta de pagamento dos tributos, sem considerar o acréscimo de multa e juros.
Entre os modelos importados há marcas como Ferrari, Lamborghini, Porsche, Nissan Infiniti, entre outros. Houve também importação fraudulenta de mais de 50 motos de luxo. Foram mobilizados 160 policiais federais e 8 auditores da Receita Federal para cumprir 54 mandados de busca e apreensão e cerca de 23 mandados de prisão nos estados do Espírito Santo, Rondônia, São Paulo e Rio de Janeiro.
Nas investigações, a PF identificou que o filho e o sobrinho do governador negociaram com a TAG a renovação de benefícios ficais que a empresa havia perdido no ano passado. Os dois, em troca de ingressos para a corrida de Fórmula 1 de Interlagos, em São Paulo, mediaram a concessão de isenção de tributos estaduais com o governo do estado.
Por esse mesmo motivo, foi preso o ex-senador Mário Calixto. Em troca de dinheiro, ele estaria negociando com o governo a renovação dos benefícios. Na operação, a Polícia Federal prendeu 21 pessoas. Um dos investigados, um empresário do Espírito Santo, está nos Estados Unidos. A PF pediu ajuda das autoridades americanas para prendê-lo. Além disso, as informações do caso serão repassadas a investigadores dos Estados Unidos porque a empresa teria dado informações falsas à alfândega americana na hora de despachar mercadorias para o Brasil.
Além das prisões, a PF cumpriu 51 mandados de busca e apreensão e apreendeu um avião. Outra aeronave deve ser arrestada. As duas somam R$ 8 milhões. No porto por onde chegavam as mercadorias importadas pela TAG, a polícia reteve 32 motos e 36 veículos de luxo, de marcas como Ferrari e Porsche.
Essas motos e carros chegavam ao Brasil com o preço de 30% a 40% abaixo do valor real. Eletroeletrônicos chegavam ao País subfaturados. Os envolvidos serão indiciados por crime contra os sistemas financeiro e tributário, corrupção ativa e passiva, descaminho e formação de quadrilha.
Os presos responderão por evasão de divisas, crime contra a ordem tributária e contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, entre outros. Se condenados, os responsáveis podem pegar mais de 30 anos de prisão.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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