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quinta-feira, abril 17, 2008

Em depoimento à polícia, mãe de Isabella disse suspeitar de pai e madrasta

Plínio Delphino, Diário de S. Paulo, O Globo Online, TV Globo

SÃO PAULO - No depoimento que prestou à polícia quatro dias depois do assassinato de sua filha, Isabella Nardoni, de 5 anos, a bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira, de 23 anos, disse suspeitar do envolvimento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina, no crime. No depoimento, ela descreve acessos de fúria do ex-namorado e cenas de desequilíbrio emocional de Anna Carolina Jatobá. Cita um episódio em que o filho mais velho do casal, Pietro, hoje com 3 anos, é jogado ao chão pelo pai. O depoimento à delegada Renata Pontes, assistente do 9º distrito policial, no Carandiru, termina assim: "Na sua concepção, acredita que Alexandre e Anna Carolina possam estar de alguma forma diretamente envolvidos no que aconteceu". ( Veja a íntegra do depoimento )
A mãe de Isabella disse que a filha, em várias vezes em que voltava de visita à casa do pai, apresentava pequenas manchas roxas no corpo. Segundo a menina, os ferimentos resultavam de mordidas e beliscões desferidos pelo meio-irmão Pietro. Uma das agressões do meio-irmão contra Isabella deixou Alexandre furioso: ele teria erguido o menino a certa altura e o soltou no ar, deixando que ele caísse no chão. A mãe de Isabella disse que o episódio lhe foi narrado pela mãe de Alexandre.
Ana Carolina de Oliveira recorda uma festa em que Alexandre se descontrolou depois de uma brincadeira de um parente dela. Ofendido, Alexandre saiu da festa e voltou transtornado, sem camisa e chamando todas as pessoas para brigar.
A bancária contou que, numa das vezes em que Isabella foi visitar o pai, ela telefonou para falar com a filha e foi atendida por Alexandre. Depois soube, pela mãe dele, que Anna Jatobá, com muito ciúme, ficou alterada. Jogou Pietro - à época bebê - na cama. Em seguida, investiu contra Alexandre, agredindo fisicamente o marido.
Ana Carolina disse que no dia do crime recebeu uma ligação às 23h55m da madrasta por celular dizendo que Isabella havia caído. Disse que foi rapidamente para o local e chegando lá viu que o coração de Isabella ainda batia. Disse que Alexandre gritava que tinha um ladrão lá dentro. A madrasta, segundo Ana Carolina, gritava e dizia palavrões. "No velório, um único contato que teve com Anna Carolina, recebeu dela um abraço inexpressivo, acompanhando da seguinte frase: ´você nem ligou para a menina no sábado´, percebendo a declarante uma frieza incomum e que Alexandre, do momento da chegada no velório até o final do enterro de Isabella, não lhe dirigiu qualquer palavra", disse a mãe à polícia.
O advogado Marco Polo Levorin, que defende Alexandre e Anna Jatobá, minimizou as declarações da mãe da menina.
- A mãe não acusa Alexandre nem Anna. Se fosse acusação, ela teria dito de forma direta. Fosse ele (Alexandre) um pai agressivo, a mãe não deixaria Isabella ir para lá. Isso é desmentido pela própria Isabella, que era louca por ele - disse Levorin.
Pai e madrasta depõem na sexta
O pai e a madrasta da menina Isabella, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, vão prestar depoimento no 9º Distrito Policial do Carandiru, zona norte de São Paulo, na próxima sexta-feira, dia 18, mesmo dia em que a menina completaria 6 anos de idade. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, eles já foram informados da convocação, mas ainda não confirmaram o horário. Há a expectativa de que Alexandre também seja ouvido frente a frente com a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, no sábado.
O pai de Alexandre, o advogado Antônio Nardoni, também foi intimado, assim como a irmã de Alexandre, Cristiane Nardoni, de quem a polícia pediu a quebra do sigilo telefônico. A secretaria de Segurança Pública não informou se haverá esquema de segurança para o casal. Na noite desta sexta, duas viaturas policiais estacionaram em frente à casa da família Nardoni, que está se sentindo constrangida com a presença de curiosos no local.
O advogado de defesa do casal, Ricardo Martins, disse que ainda não tem informações se Alexandre e Anna Carolina serão indiciados. Os advogados de defesa estiveram nesta quarta-feira no Fórum Santana para conversar com o promotor responsável pelo caso, Francisco Cembranelli. Eles foram pedir a produção de novas provas e afirmam que têm como comprovar que o sobrado vizinho ao prédio onde Isabella foi morta foi arrombado. Eles questionam a segurança do edifício London e dizem que a grande quantidade de pessoas interessadas nos imóveis teria prejudicado a segurança.
Duas testemunhas indicadas por eles depuseram nesta quarta. Segundo os advogados, o depoimento delas comprova a vulnerabilidade do prédio, o que não descartaria a entrada de uma terceira pessoa no apartamento.
Na manhã desta quarta-feira, Alexandre e Anna Carolina foram até a casa dos pais dela, em Guarulhos. Entraram no prédio no banco de trás do carro do pai de Alexandre, Antonio Nardoni, acompanhados por uma criança.
Pai e madrasta combinaram depoimento
A coincidência do primeiro depoimento de Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, sobre o que aconteceu depois da chegada ao edifício London até a morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5, atirada pelo sexto andar do apartamento do pai, levou a polícia a concluir que os dois combinaram o que diriam à polícia . Para os investigadores, o casal matou a menina. (leia os depoimentos de Anna Carolina e de Alexandre Nardoni ). Madrasta asfixiou, pai jogou pela janela, diz polícia
A polícia de São Paulo diz ter concluído: Isabella teria sido agredida e asfixiada pela madrasta, antes de ser jogada do 6º andar pelo pai. Com base em informações preliminares da perícia do Instituto de Criminalística (IC) e pelo Instituto Médico-Legal (IML), policiais que investigam o crime descartaram totalmente a tese de que uma terceira pessoa esteve no apartamento naquela noite.
Na roupa de Nardoni foram achados fiapos da rede de proteção da tela por onde a menina foi jogada. A rede foi cortada inicialmente com uma faca, depois com uma tesoura.
Numa calça de Anna Carolina, que não chegou perto da menina no térreo do prédio, foi achada marca de sangue .
Outros dois fatos reforçam a convicção dos policiais: a pegada no lençol de uma cama do quarto de onde Isabella foi jogada é compatível com um calçado encontrado no apartamento, e fiapos da rede de proteção da janela foram encontrados na roupa que Alexandre usava , segundo revelações extra-oficiais do laudo.
O Ministério Público é mais cauteloso quanto a responsabilizar o casal pela morte. Segundo o promotor Francisco Cembranelli, não havia, até a noite de terça-feira, documento novo que endossasse o pedido de prisão preventiva de Alexandre e Anna Carolina.
- Só podemos pedir a prisão preventiva se houver oferecimento de denúncia, e isso só acontece se tivermos convicção para isso - ponderou. Testemunhas confirmam briga e contradições
Duas testemunhas consideradas chave pela polícia para esclarecer o que aconteceu no apartamento de Nardoni e Anna Carolina falaram ao Jornal Nacional.
A advogada Ana Ferrari e o marido Walter Rodrigues já estavam deitados, se preparando para dormir depois de um sábado de passeio com as filhas. O casal conta que jamais imaginou que logo ali, tão perto, uma tragédia estivesse prestes a acontecer. Além de chamar a atenção a proximidade do quarto do casal com o de Alexandre e Anna Carolina, há também o silêncio na região, totalmente residencial, que faz qualquer barulho ser percebido.
Na noite do assassinato de Isabella, o casal ouviu uma violenta discussão que vinha de outra janela, quase em frente: o quarto de Nardoni e Anna Carolina. Depois da discussão, as testemunhas disseram que ouviram gritos vindo de baixo, do térreo do residencial London.
- Nessas discussões aparecia uma pessoa, da voz feminina, principalmente. A voz masculina pouco se ouvia, praticamente nada. Mas a voz feminina que ficou muito marcada devido às palavras de baixo calão que pronunciava. Eram muitos palavrões. Não era uma briga típica de um casal, era uma briga de desespero -disse a advogada.
- O que me chamou a atenção foi depois, quando a pessoa virou e falou assim: jogaram a Isabella do sexto andar. Assim que aconteceu isso a minha primeira reação foi levantar, pular da cama e puxar a janela. Conforme eu puxei a janela eu já vi de frente para mim a moça que ficamos sabendo que era a madrasta. Ela gritava muito, falando os mesmos palavrões que nós havíamos escutados no interior do apartamento - disse a advogada. (Clique e saiba o que mais o casal viu naquele dia)
Madrasta teve depressão pós-parto
Anna Carolina Jatobá teve depressão pós-parto após o nascimento do segundo filho, de 11 meses, e pode não ter tomado os medicamentos receitados pelo médico. Uma moradora do edifício London, que também tem um filho pequeno, afirmou que conversou com Anna Carolina e ela contou que teve um filho seguido do outro e que sofreu de depressão pós-parto. E m seu depoimento, Alexandre Nardoni afirmou que tinha uma receita médica em casa, de dois remédios prescritos para a mulher. Segundo ele, a família só comprou um dos remédios, um calmante. Ele disse ainda que a mulher não conseguia dormir à noite, por causa do choro do filho menor. Anna Carolina confirmou que comprou o remédio, mas diz que nem chegou a tomar o medicamento.
Novo habeas corpus
Um segundo pedido de habeas corpus a favor do casal deu entrada no Tribunal de Justiça de São Paulo nesta segunda-feira. O TJ confirmou a entrada, mas não deu detalhes do conteúdo. Há informações de que o pedido seria um habeas corpus contra um possível pedido de prisão preventiva. O primeiro habeas corpus concedido pelo TJ foi para prisão temporária. Ao libertar o casal, o desembargador Canguçu de Almeida, de 68 anos, argumentou que não havia até aquele momento provas contra o casal e que "prisão é um mal a ser evitado a qualquer custo ". Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele afirmou, porém, que fatos novos que surgirem na investigação podem "justificar nova prisão".
Na calça jeans de Anna Carolina foram achados vestígios de sangue , apesar de ter sido lavada. A blusa que ela usava no dia do crime também foi lavada, o que, segundo o Instituto de Criminalística, prejudica a investigação . O que disse o pai
Segundo Alexandre Nardoni, alguém entrou em seu apartamento e jogou sua filha para baixo. Ele não havia mencionado marcas de sangue dentro do apartamento em seu depoimento inicial, como revelou o promotor e o juiz em sua argumentação para o fim do sigilo. Nardoni diz que, quando chegou ao apartamento, as três crianças dormiam - além de Isabella, ele tem mais dois filhos, de 3 anos e de 11 meses, estes filhos de Anna Carolina Jatobá. Levou primeiro Isabella no colo até o apartamento e a colocou para dormir, deixando a luz do abajur acesa. Trancou a porta e voltou ao carro para ajudar Anna Carolina a subir com as outras duas crianças. Ao retornar, viu que Isabella não estava mais na cama e que havia sido atirada pela janela.
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Fonte: Extra Online

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