O baiano Geddel Vieira Lima (PMDB) deu mais um grande salto na sua carreira política. Ontem pela manhã, no Palácio do Planalto, ele foi empossado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem já foi duro oposicionista, como novo ministro da Integração Nacional. No entanto, segundo as próprias palavras do atual ministro, o poder não o fará esquecer da Bahia, terra que o consagrou como um dos nomes mais influentes e polêmicos do cenário político do País. “Uma vez ministro do Brasil, serei um guardião também dos interesses do meu Estado”, enfatizou. Antes de ser empossado, ele, inclusive, se mostrou consciente dos desafios que tem pela frente, entre eles a integração das bacias do Rio São Francisco, em que o governo Lula já formalizou a liberação de nada menos que R$ 3,3 bilhões para a execução da obra. O projeto prevê a construção de mais de 700 km de canais de concreto para levar uma parcela das águas do rio a quatro Estados da região Nordeste (Paraíba, Pernam-buco, Ceará e Rio Grande do Norte). “Sei que tem muita gente contra, mesmo sem conhecer o projeto, mas quero discutir com todos os segmentos interessados no tema. Teremos que aprofundar as discussões com tranqüilidade e transparência”, disse cauteloso. Contudo, durante o seu discurso de posse ele chegou a brindar, dizendo que com a transposição do velho Chico, “o sertão vai virar mar e o mar não vai virar sertão”. A força dada pelo governador Jaques Wagner (PT) não foi esquecida por Geddel. No dia em que o convite foi feito pelo presidente, Wagner, “amigo-irmão” de Lula, estava ao lado do peemedebista. Quanto a decretada e antiga oposição que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) faz à pessoa do presidente - ACM não esconde que o seu partido (PFL) foi e sempre será protagonista da oposição ao governo Lula - Geddel aposta numa postura amena do senador, em função da visita que o presidente lhe fez no Incor, enquanto esteve internado em função de uma pneumonia. “Todos conhecem o quanto o senador é emotivo. O gesto da visita do presidente A hidrovia, o transporte de cargas é limitado a 850 toneladas por comboio de barcas-chatas, com velocidade de 5 km por hora. (Por Fernanda Chagas)
Ministro vai efetivar transposição
O ministro Geddel Vieira Lima prometeu ontem, ao assumir o Ministério da Integra-ção Nacional, efetivar o projeto de transposição do Rio São Francisco ao longo de seu mandato. Em meio aos protestos de movimentos sociais contra a execução das obras, Geddel afirmou que deseja “transformar em realidade o sonho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de levar água ao semi-árido do Nordeste”. Geddel disse estar disposto a enfrentar “todos os embates” para executar as obras. Ontem, integrantes de movimentos sociais contrários à transposição do rio quebraram vidraças e tentaram invadir a sede do ministério. “O que nós precisamos mostrar é que esse projeto não prejudica ninguém. Nosso grande desafio é mostrar que o projeto ajuda. Estou preparado para todos os embates que terei que fazer. O meu dever é cumprir a orientação do governo”, afirmou. O ex-ministro Pedro Brito, que na tarde de ontem passou o cargo para Geddel, disse que em curto prazo o governo poderá dar início às obras de transposição do rio. “Todos os passos iniciais foram dados. O senhor [Geddel] poderá dar início às obras já este mês. O Ibama está na fase final da preparação da licença ambi-ental e o Exército está com os homens a postos para iniciarem as obras”, disse Brito. Segundo Geddel, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê R$ 1,3 bilhão para as obras de transposição do rio nos próximos anos. Considerado um dos principais críticos do PMDB ao primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Geddel fez uma espécie de mea-culpa ao assumir o governo. “Enganam-se os que insistem em imaginar que divergências no campo político se tornam barreiras intranspo-níveis para o entendimento. Quando isso ocorre, triunfa o interesse público. Não existem políticas de ministros, existem políticas de governo”, afirmou. A transmissão de cargo de Brito para Geddel reuniu a cúpula do PMDB. O presidente nacional do partido, Michel Temer (SP), e os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, Henrique Eduardo Alves (RN) e Valdir Raupp (RO), respectivamente da hidrovia, o transporte de cargas é limitado a 850 toneladas por comboio de barcas-chatas, com velocidade de 5 km por hora. (Por Fernanda Chagas)
Empossados três novos auxiliares
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse ontem a três ministros: Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), José Gomes Temporão (Saúde) e Tarso Genro (Justiça). Ele aproveitou o dia para começar a decidir o destino de outros dois ministérios: Agricultura e Relações Institu-cionais. Para a pasta das Relações Institucionais, Lula confirmou a indicação de Walfrido Mares Guia (PTB), hoje à frente do Turismo, para o lugar anteriormente ocupado por Tarso. O posto era disputado pelo PT. Para a Agricultura, o presidente convidou o deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR), réu em dois processos no STF (Supremo Tribunal Federal). Indicado pelos governadores do PMDB Roberto Requião e Blairo Maggi (MT), Balbinotti disse que é inocente. Depois da cerimônia de posse dos três novos ministros, Lula se reuniu reservadamente com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Em seguida, se encontrou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). E avisou que a indicação do deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR) para a pasta da Agricultura está em “stand by” (espera). A Folha Online apurou que Lula fixou este final de semana como limite para decidir se manterá sua indicação para o Ministério da Agricultura. Se os jornais e revistas do final de semana não trouxerem nada contra Balbinotti, ele será nomeado na próxima quinta-feira. A preocupação é que a imprensa encontre denúncias contra o deputado —da época em que foi prefeito e vereador do município de Barbosa Ferraz (PR)— que tornem sua indicação insustentável. Se nada de novo surgir, Lula está disposto a bancar a nomeação do deputado. A avaliação é que a investigação do STF (Supremo Tribunal Federal), que averigua se ele cometeu crime de falsidade ideológica, não é motivo para descartá-lo porque o deputado ainda não foi julgado culpado. No quarto mandato como deputado federal, Balbinotti (PMDB-PR), atuou pouco no Parlamento. Em pouco mais de 12 anos de vida pública, o deputado apresentou apenas dois projetos de lei. Não há registros na Câmara de nenhuma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) proposta pelo parlamentar desde que ingressou na Câmara em 1995. O vice-presidente José Alencar disse ontem que “todo homem público deve ser rigorosamente transparente” e defendeu que Balbinotti “aja de forma a convencer a sociedade” de que é inocente. Alencar disse que são os fatos que irão dizer se Balbinotti deve ou não ser ministro. “O que convence são os acontecimentos”, afirmou. Apesar das ressalvas, o vice-presidente disse que cabe ao presidente Lula decidir a composição do governo e o tempo em que as mudanças devem ser implemen-tadas. “A reforma está sendo feita de acordo com a vontade do presidente”, afirmou. (Por Fernanda Chagas)
Lula admite que “segura” ministros no Planalto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem, durante discurso na posse dos três novos ministros do governo, que deixou Márcio Thomaz Bastos (Justiça) no cargo mais tempo que o desejado pelo ex-ministro. Lula reconheceu que outros integrantes do governo vivem situação semelhante a de Bastos, que deixou oficialmente o governo nesta sexta-feira. “Todo mundo sabe que o Márcio está saindo porque ele cansou de ser ministro. Ele quer ir para o Guarujá duas vezes por semana no lugar de ir para o ministério. O Márcio é daquelas pessoas que eu venho empurrando há uns seis meses já [no cargo]. Toda vez que ele me dizia que precisava sair, eu dizia, amanhã. E há outros assim, mas eu vou levando.” O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) é um dos que já anunciou sua saída do governo, mas permanece no cargo diante da indefinição de Lula para escolher seu substituto. O nome do ministro Walfrido dos Mares Guia (Turismo) ganha força para substituir Furlan, mas permanece sob análise de Lula. Lula dedicou grande parte de seu discurso para rasgar elogios a Bastos. Segundo o presidente, nos mais de quatro anos em que o ex-ministro esteve no governo, foi capaz de dar equilíbrio à pasta sem politizar a Justiça. “Muita gente imaginava ao longo da história que ele era do PT. Eu dizia que um advogado que atingiu a qualidade e a grandeza que você atingiu, não é prudente estar filiado a um partido”, disse o presidente. Lula relembrou os tempos em que Bastos advogava para o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC apenas por amizade. “Ele diz que cobra caro, mas que a única pessoa para quem advogava de graça era para o Lula, no tempo em que eu era dirigente sindical”, afirmou. O presidente também elogiou o desempenho de Pedro Brito à frente da Integração Nacional.
Fonte: Tribuna da Bahia
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