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quinta-feira, março 15, 2007

Doença pouco conhecida pode comprometer as articulações

Por: Carmen Azevêdo

Espondilite anquilosante atinge mais os homens e pode causar rigidez da coluna

Dores intensas nas costas e na região da bacia. Os sintomas podem indicar uma doença que poucos ouviram falar: a espondilite anquilosante. Como o próprio nome já diz, a doença diminui ou impossibilita os movimentos de articulações. Com o avanço, o indivíduo pode desenvolver rigidez na coluna e tornar-se incapaz de realizar atividades motoras. Felizmente, menos de 1% da população é portadora da enfermidade, que afeta, na maioria das vezes, os homens, entre 20 e 30 anos. Mas especialistas alertam: o diagnóstico tardio pode tornar o quadro irreversível, por isso, a partir dos primeiro sintomas, recomenda-se buscar um reumatologista.
A espondilite anquilosante prejudica a coluna vertebral e articulações periféricas, causando inflamações nas cartilagens, o que compromete a qualidade de vida do indivíduo. A medicina ainda não conseguiu explicar porque a enfermidade atinge principalmente os homens, que começam a sentir dores nas costas e, posteriormente, na bacia. Ao contrário das demais dores lombares, a dor causada pela doença não melhora com o repouso. No estágio inicial, ela é esporádica: o indivíduo sente dor durante dois ou três dias, usa antiinflamatórios e os sintomas desaparecem, só retornando cinco ou seis meses depois.
Quando a doença atinge um estado grave, no entanto, os sintomas são bem piores. “A dor permanece todo o tempo, sem dar uma trégua”, explica o reumatologista e professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, Fernando Cavalcanti, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia e membro do Conselho Fiscal da entidade. Nesta fase, o diagnóstico é considerado tardio. “Na Inglaterra, leva-se 12 meses até o diagnóstico. Aqui, ainda é pior: se descobre a doença quando ela já está bastante avançada”, compara o médico, que também integra o conselho editorial da revista inglesa Rheumatology. Nesse estágio, o indivíduo apresenta a coluna reta, sem curvas. “Se ele encostar o pescoço na parede, o pescoço fica rente à parede”, descreve o especialista. Na anquilase total de coluna, quando ela está totalmente calcificada, o paciente passa a andar como se tivesse um tronco de pedra. “Para olhar para trás, por exemplo, ele não consegue virar o pescoço, precisa virar todo o corpo”, emenda. Outros sintomas também denunciam a doença. Portadores de uveíte, inflamação intra-ocular, que gera dor, coceira, sensação de areia e vermelhidão nos olhos, também podem ter desenvolvido a doença. Até mesmo o comprometimento da válvula aórtica, menos comum, pode indicar a enfermidade.
Origem - A origem da espondilite anquilosante tem sido alvo de inúmeras teorias. Na maioria delas, a causa reside em comprometimentos hereditários, imunológicos e ambientais, que podem atuar conjuntamente. Uma das teorias mais aceitas pela comunidade médica, é que estímulos ambientais, encaixados ao marcador genético da doença HLAB27 localizado na membrana da célula, produz anticorpos contra as articulações. Que estímulos são esses, no entanto, ninguém sabe ainda.
Para o diagnóstico, são necessários exames de imagem, como ultrassonografia e tomografia, além de exames de sangue para verificar a existência do HLAB27, que podem ser feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os tratamentos variam a depender do estágio em que se encontra a doença. No mais avançado, é necessário adaptar o ambiente em que vive o paciente às suas necessidades. Cadeiras rígidas, altas, são recomendadas por especialistas. No estágio inicial, aconselha-se exercícios físicos como natação, além de fisioterapia e RPG (reeducação postural global). Em todas as fases, são necessários medicamentos que oferecem uma melhor qualidade de vida aos pacientes.
***Centros de reumatologia oferecem tratamento
O reumatologista do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, vinculado à Universidade Federal da Bahia (Ufba), Albino Eduardo Novaes, informou que, em Salvador, existem centros de reumatologia nos hospitais Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), São Rafael, Santa Izabel e o Universitário Edgard Santos. Os medicamentos de ação mais complexa podem ser obtidos pelo Programa de Medicamentos de Alto Custo do governo federal, por meio da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), nos hospitais Santa Izabel, Ernesto Simões e Edgard Santos.
O programa não fornece os medicamentos antiinflamatórios que apenas ajudam a contornar as dores. Já as substâncias modificadoras (que melhoram a qualidade de vida do paciente) e as biológicas, muito sofisticadas e de alto custo, que bloqueiam as substâncias básicas do processo inflamatório, são obtidos por meio do programa.
Fonte: Correio da Bahia

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