Por: FolhaNews
O presidente da Bolívia, Evo Morales, adotou nesta sexta-feira um tom menos ríspido, mas ainda crítico, em relação ao Brasil. Desta vez, ele negou que vá expulsar a Petrobras do país vizinho e afirmou que amanhã se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião, que não estava prevista na agenda oficial da viagem de Lula a Viena (Áustria), foi confirmada pelo Itamaraty. Ontem, na Áustria, onde participa de reunião de cúpula entre países europeus e latino-americanos, Morales havia dito que os contratos assinados com as empresas de petróleo, incluindo a Petrobras, eram "ilegais" porque nunca foram aprovados pelo Congresso. Também afirmou que essas empresas "contrabandeiam" combustíveis e ameaçou não indenizar a Petrobras pela transferência de suas empresas na Bolívia para o governo local. Hoje Morales disse que a Bolívia vai investigar se as empresas do setor "pagam impostos" ou se dedicam ao contrabando. Menos ríspido, também afirmou que "respeita" Lula, que acredita em uma solução pelo diálogo e que continuará a haver uma "sociedade" entre empresas e seu governo. Ele criticou, entretanto, o presidente, que, segundo o chanceler Celso Amorim (Relações Exteriores), teria ficado "indignado" ontem com as declarações de Morales. "Disseram que [Lula] está indignado, mas nós também poderíamos ficar indignados com as empresas que exploram nossos recursos naturais", declarou Morales. Segundo ele, a Petrobras e outras empresas continuarão em seu país, mas como "sócias" do Estado. Cartel Morales disse hoje que quer, um dia, que seu país faça parte da Opep (Organização dos países Exportadores), cartel que envolve os 11 maiores exportadores de petróleo do mundo. A Venezuela já é membro do grupo. "Gostaria que meu país fizesse parte fizesse parte do grupo de países exportadores de petróleo e hidrocarbonetos", disse Morales, referindo-se ao cartel. A Opep foi criada em 1960. Seus países-membros possuem 78 % das reservas mundiais de petróleo (dado referente a 2004) e respondem por 40 % da produção mundial e por quase metade das exportações mundiais. Além da Arábia Saudita e da Venezuela, são membros do grupo Argélia, Líbia, Nigéria, Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuait e Qatar. O Gabão já foi membro, entre 1975 e 1995, e o Equador também, em 1993. A Opep busca unificar a política dos países membros sobre a administração do comércio do produto, através do controle de preços e do volume de produção.
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