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quarta-feira, maio 17, 2006

A guerra urbana de São Paulo

Por: Helio Fernandes (Tribuna da Imprensa)

Alckmin e Lembo massacrados
Essa tragédia de São Paulo, verdadeira guerra, tem a marca indiscutível do PSDB. No governo do estado, o PSDB está no Poder há 12 anos. Alckmin foi vice desde 1994, assumindo com as sucessivas doenças de Covas, ficando até à morte. De Covas e da competência administrativa.
Na capital, houve revezamento PSDB-PT, com a mesma ineficiência. Não cuidaram de coisa alguma, não investiram, só pensavam na própria carreira. Tanto isso é verdade que Alckmin foi vice em exercício, Claudio Lembo é vice em exercício, o prefeito da capital é vice em exercício.
É coincidência? Ou apenas a constatação da falta de representatividade, de voto, de eleição? Qual desses personagens pode dizer com orgulho: "Eu represento a coletividade, me coloquei diante do povo, que me escolheu entre vários candidatos".
E se está provado que a representatividade direta e com voto é lastimável e melancólica, o que dizer dessa representatividade sem voto, sem urna, sem povo?
A guerra não acabou, isso é óbvio. Houve uma trégua, os bandidos voltarão ao ataque, isso é certo, é garantido. Do lado do governo de São Paulo, além da incompetência, muita irresponsabilidade, querendo jogar a culpa em cima dos órgãos de comunicação. Queriam o quê? Que não se noticiassem os fatos?
Na Primeira Guerra Mundial, Erich Maria Remarque ficou famoso com seu livro "Nada de novo no front ocidental". Não significava exatamente isso, mas as "autoridades" de São Paulo, que naturalmente não conhecem o livro, tentaram transformá-lo e concretizá-lo como realidade, quase 90 anos depois. Irresponsáveis e mentirosos.
O comandante da Polícia Militar, veemente, foi para a televisão e acusou os diretores de colégios e de universidades de I-R-R-E-S-P-O-N-S-A-B-I-L-I-D-A-D-E. Qual a razão? Ele mesmo explicou: "Havia total condição de funcionamento desses estabelecimentos, que levaram pânico à capital e algumas cidades do interior". Como é que um comandante da Polícia Militar diz leviandades como essa?
Mas a irresponsabilidade do comandante militar está precedida e respaldada pela irresponsabilidade do próprio vice-governador em exercício. Claudio Lembo mostrou que não pode ocupar o cargo de governador de São Paulo, nem por 9 meses improrrogáveis. Tomou duas decisões inacreditáveis, que repercutiram negativamente no seu próprio grupo político.
As duas decisões de Lembo, condenadíssimas.
1 - Recusar o apoio federal com medo de que esse reforço favorecesse as forças de Lula. Um evidente despropósito e total falta de espírito público.
2 - Afirmação de Lembo na televisão: "Não haverá toque de recolher". Não havia "necessidade". Lembo, refugiado e escondido no Palácio Bandeirantes, não sabia o que estava acontecendo.
A própria televisão que transmitia a irresponsabilidade do governador em exercício, "não haverá toque de recolher", mostrava às 8 e 9 horas da noite, no momento de maior engarrafamento, as grandes avenidas completamente vazias. Os que puderam foram para casa cedo, outros nem saíram. Milhares e milhares não conseguiram táxi ou ônibus, ficaram pelas ruas, sem saber o que fazer. Só sabiam que o governador em exercício estava em segurança no Bandeirantes.
PS - Essas "autoridades" irresponsáveis e ocasionais só pensam (?) em mais penitenciárias, mais repressão, mais violência. Nem se voltam para o problema que está acima do dia-a-dia: em São Paulo, 30 mil homens são presos a cada ano. O problema será de mais penitenciárias?
PS 2 - No entendimento de Alckmin e de Lembo, a construção de penitenciárias resolverá o problema. Nem percebem que os problemas surgiram precisamente das penitenciárias. De dentro para fora.

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