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sábado, abril 08, 2023

No duelo com Lula, Campos Neto torna-se um líder da oposição ao governo

Publicado em 8 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

Charge do Amarildo (agazeta.com.br)

Pedro do Coutto

Não há dúvida de que no duelo que trava com o presidente da República, o presidente do Banco Central torna-se o principal líder da oposição ao governo Lula, deslocando o debate para o campo que ele considera essencialmente técnico e não político.

Mas, ao fazer isso, Roberto Campos Neto desenvolve uma atuação claramente política, até porque a política é um conjunto de técnicas. Um misto de ciência e arte. Assim, ele está praticando uma ação política, cuja base de apoio está nos bancos e nos fundos de investimentos que detém a grande parte dos títulos do governo que lastreiam a dívida interna do país reajustados a 13,75% ao ano.

OBSTÁCULO – As afirmações de Campos Neto foram feitas na quarta-feira em São Paulo em evento promovido pelo Bradesco e Lula as rebateu na manhã do dia seguinte durante um café com jornalistas em Brasília. Lula sustentou que com os juros fixados pelo Banco Central em 13,75% ao ano (taxa que recai sobre a dívida brasileira de R$ 6 trilhões), é humanamente impossível o país crescer na economia e no plano social. Portanto, o debate continua e ninguém ataca tanto o Planalto no momento mais do que o presidente do BC.

Lula rebateu a Campos Neto dizendo que “daqui a dois anos vai se discutir o novo presidente do Bacen e a nova Diretoria; nós vamos mudar de acordo com os interesses do governo e do país”. Lula afastou assim a hipótese de Campos Neto permanecer à frente do Banco Central a partir do final de 2024. Sem dúvida, esse lance corta perspectivas de apoio continuado a Campos Neto por parte do mercado financeiro.

A reportagem sobre a resposta de Lula, edição de O Globo desta sexta-feira, é de Bernardo Mello Franco e Vera Magalhães que participaram do café da manhã de quinta-feira em Brasília. Lula criticou ainda uma afirmação atribuída a Roberto Campos Neto, porém ainda não confirmada pelo presidente do BC, de que a meta de inflação traçada para este ano de 3,23% para ser alcançada necessitaria de uma Selic na estratosfera de 26%. Se com 13,75%, Lula acha humanamente impossível o crescimento econômico e social brasileiro, imagine-se o que ele pensa caso esse índice fosse duplicado.

CORREÇÃO – Conforme digo sempre, é preciso não esquecer que a Selic rege o índice de correção, traduzido em juros anuais da dívida interna nacional. Cada ponto na Selic, assim, representa uma despesa de R$ 60 bilhões a cada 12 meses. Num país em que 33 milhões de brasileiros e brasileiras dormem à noite e acordam ao amanhecer com fome, remunerar juros com 13,75% é um lance terrível.

Lula ao afirmar que não reconduz Campos Neto para novo mandato, procurou minar sua base de atuação e apoio junto ao mercado financeiro, investidor nos títulos que rendem juros reais de 8% ao ano, os maiores do mundo. Os juros reais são a diferença entre a taxa paga e a inflação do país registrada pelo IBGE. São os juros reais mais altos do mundo.

Roberto Campos Neto afirma que as suas decisões são técnicas e não políticas. Mas técnicas para quem e não visão de quem? Para as classes pobres, evidentemente não serão. São técnicas para o andar de cima, expressão usada por Elio Gaspari para definir as faixas sociais do país. Lula parte, presumo, para abalar as bases de Campos Neto em seu universo de sustentação política, mesmo porque a técnica repousará eternamente no universo político. Lembro a Roberto Campos Neto a frase dita por seu avô quando foi eleito senador por Mato Grosso: “Toda ação econômica repousará sempre sobre um contexto político”

EPISÓDIO DE HORROR –   A tragédia macabra ocorrida em Blumenau, Santa Catarina, nesta semana, deixou horrorizada a população brasileira. Não existe quem não tenha se chocado profundamente com os assassinatos contra crianças  numa creche da cidade. Repúdio total, medo generalizado com o acontecimento terrível e também com a repetição de atos sinistros ocorridos nos últimos quatro anos.

O Estado de S. Paulo, edição de quinta-feira, publicou como manchete principal as incidências de assassinatos contra crianças que deixam um rastro que passa a exigir do governo federal, dos governos estaduais e municipais a adoção de normas voltadas para a prevenção contra as ações de repulsivos facínoras. 

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