Câmeras mostram ministro no Planalto durante ataques do 8 de janeiro

Pedro do Coutto

Os depoimentos dos ex-ministrosGonçalves Dias e Anderson Torres: Depoimentos essenciais sobre invasões e depredações Gonçalves Dias e Anderson Torres à Polícia Federal, marcados inclusive por decisão do ministro Alexandre de Moraes, são de extraordinária importância para esclarecer pontos que faltam para fechar o círculo lógico da invasão bolsonarista de Brasília acompanhada pelas violentas depredações no Palácio do Planalto, no Congresso e no Supremo Tribunal Federal.

Quanto a Anderson Torres fica evidente e até transparente a sua conivência para com a tentativa de golpe contra a vitória de Lula nas eleições de outubro. Relativamente a Gonçalves Dias, de acordo com os filmes exibidos pela CNN e também aproveitados pela GloboNews, fica uma estranha indagação: como se pode explicar a omissão de um general, cuja missão é dar segurança ao presidente da República, aceitar a passagem de bolsonaristas vestidos de amaraelo, símbolo dos invasores, por um dos corredores de sua ante sala.

COMPORTAMENTO – Como dizem os psiquiatras geralmente, nem tudo que é lógico é psicológico.  Sob o ponto de vista da lógica, não se consegue explicar o comportamento de Gonçalves Dias. Ele era próximo do presidente Lula. Foi encarregado da segurança do presidente eleito em seus dois primeiros mandatos. Tornaram-se amigos. Como explicar a ruptura de um agora ex-amigo diante dos fatos quando ele estava confirmado inclusive como ministro para um novo mandato presidencial em seu começo?

O que poderia lhe ser oferecido pelos subversivos? Nada. Ele, Gonçalves Dias, já se encontrava no governo em um cargo de alto destaque. Teria agido para acobertar militares como o que ofereceu água a um dos invasores? Na realidade, não faz sentido lógico o seu comportamento.

BASTIDORES – Assim, não creio que ele possa acrescentar informações complementares sobre os bastidores e a usina que gerou ações bolsas de extrema selvageria. O bolsonarismo, a começar pelo próprio Jair Bolsonaro, nunca reconheceu a vitória de Lula nas urnas e Bolsonaro recusou-se a transmitir o cargo ao qual foi conduzido em 2018 pelo voto popular. O panorama parece claro neste lado, mas permanece obscuro no que diz respeito a Gonçalves Dias.

O cenário está muito bem focalizado na reportagem de Jennifer Gularte, Sergio Rôxo, Mariana Muniz. Daniel Gullino, Paula Ferreira e Eduardo Gonçalves, O Globo desta sexta-feira. Na Folha de S. Paulo, incluindo reflexos no funcionamento da CPI, a reportagem é de Thaísa Oliveira, César Feitosa, Ranier Bragon, Renato Machado, Matheus Vargas e Fábio Zanini.  

O essencial no caso de Anderson Torres situa-se também no texto do projeto de decreto que mantinha em uma de suas residências, a de Brasília, estabelecendo uma intervenção ditatorial no Tribunal Superior Eleitoral para tornar nulo o resultado das eleições. As explicações até agora de Torres de que foi uma minuta recebida de alguém, cujo nome não se recorda, claramente não convence de forma alguma.   Torres transforma-se assim numa peça-chave no processo que se desdobra atrás da CPI formada por senadores e deputados.

FGTS –  Relator do processo no Supremo que altera o índice de correção dos depósitos do FGTS, o ministro Luís Roberto Barroso opinou no sentido que a partir de agora a correção dos depósitos seja feita com base nos mesmos índices aplicados às cadernetas de poupança.

Na minha opinião, a sua decisão está perfeita. Não se compreende porque a poupança é regida pelo IPCA do IBGE numa escala maior do que a do FGTS.