A marcha dos golpistas foi ao som da “Canção do Exército”
Carlos Newton
O escritor Gabriel Garcia Marques chamaria de uma tragédia anunciada. Pode nem ocorrer, é claro, porque existem milagres de Natal que se atrasam um pouco e acabam ocorrendo no Ano Novo. Mas o fato concreto é que o governo de Brasília não está se preparando para impedir qualquer possibilidade de conflito entre bolsonaristas e lulistas.
Reina a irresponsabilidade na capital. Além de ter autorizado a grande festa organizada por dona Janja da Silva, a nova mulher de Lula, antes e após a posse, o governador Ibaneis Rocha (PSD) também não se preocupa com o que pode acontecer na véspera, chegada do Ano, quando a cidade estará despoliciada, porque quase a totalidade dos efetivos de segurança está escalada para o dia 1º.
MARCHA, SOLDADO – Nesta quarta-feira, dia 21, o repórter Eduardo Barretto, do Metrópoles, informou que os bolsonaristas acampados no QG do Exército fizeram uma demonstração de força, ao organizar uma marcha militar ao som da famosa “Canção do Exército”, cuja letra é bastante expressiva:
“A paz queremos com fervor, a guerra só nos causa dor. Porém, se a pátria amada for um dia ultrajada, lutaremos sem temor”, cantavam. E a locutora, que minutos depois conduziria um louvor cristão, ordenava: “Marchando!”.
O acampamento tem dezenas de cartazes cobrando do Exército diversas medidas ilegais, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, além de um golpe militar.
E CHEGANDO MAIS… – Há informações de que são esperados na próxima semana milhares de militantes bolsonaristas vindos dos Estados, para engrossar o movimento contra a posse de Lula
Ao mesmo tempo, lideranças do PT que participam da organização da posse tentam levar cerca de 30 mil militantes para Brasília. A repórter Victoria Abel, também do Metrópoles, revela que a ideia era fechar um único contrato de fretamento para cerca de 700 ônibus para que caravanas de todo o Brasil cheguem ao Distrito Federal.
Mas as empresas têm justificado que os veículos correm o risco de depredação, em meio a possiblidade de protestos contrários a Lula e uso de violência durante a posse.
EMPRESAS MENORES – A solução tem sido procurar empresas pequenas de transporte privado em cada uma das cidades de onde devem embarcar milhares petistas pelo país. Apenas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), berço político de Lula, vão sair 18 ônibus em direção a Brasília.
Ao mesmo tempo, na Esplanada dos Ministérios estão sendo montados os palcos dos shows musicais produzidos por dona Janja, mulher de Lula, que recebeu garantia do governador Ibaneis Rocha de que haverá segurança para evitar conflitos. Mas quem pode acreditar num político de terceira categoria como esse governador de Brasília?
Os show irão de 10h30m até 13 hs, antes da posse, e a partir das 18h30, com a presença do presidente Lula e dona Janja.
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P.S. – Importante destacar que não há cobertura de seguro para conflitos de rua. Os donos dos ônibus e carros incendiados na segunda-feira, dia 19, quando Lula foi diplomado, não serão indenizados, e o governo de Brasília não está nem aí, como se diz atualmente. No dia 1º, pode ser que nada aconteça e que a festa de dona Janja seja um tremendo sucesso, dizem que ela vai se apresentar como cantora e tudo o mais. Porém, é melhor não facilitar quando o fanatismo fala mais alto. (C.N.)
