Publicado em 9 de maio de 2022 por Tribuna da Internet
Rosana Hessel
Correio Braziliense
Na semana passada, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica da economia (Selic) de 11,75% para 12,75% ao ano. Com essa nova taxa básica, o Brasil passou a liderar o ranking mundial das maiores taxas de juros reais — descontada a inflação.
Com a nova taxa básica, subtraindo a inflação projetada para os próximos 12 meses ex-ante, o juro real do Brasil passa para 6,69% ao ano, de acordo com levantamento da Infinity Asset Management.
MÉDIA É NEGATIVA – Em março, quando a taxa Selic passou para 11,75%, o Brasil estava em segundo lugar no ranking de 40 países elaborado pelo economista-chefe da Infinity, Jason Vieira. A Rússia estava em primeiro naquela listagem e, na atual, ficou em sexto lugar, com taxa de juro real de 1,36% ao ano.
A média de juros reais é negativa, de 1,73%. No segundo lugar da listagem ficou a Colômbia, com juro real anual de 3,86%. Em terceiro, o México, com juros anuais de 3,59%, descontada a inflação. Na lanterna ficou a Argentina, com juros reais negativos de 10,30% ao ano.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou equivocada e excessiva a decisão do Comitê de Política Monetária.
DIZ A CNI – “Desde março de 2021, a taxa básica de juros tem sido elevada pela autoridade monetária, acumulando mais de 10 pontos percentuais no período.
Para a CNI, a taxa anterior, de 11,75%, já era suficiente para garantir uma trajetória de queda da inflação nos próximos meses, uma vez que a alta leva tempo para restringir a atividade e, consequentemente, segurar a alta dos preços”, destacou a entidade em comunicado após o anúncio da decisão do Copom.
“Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza. Para a indústria, a intensificação do ritmo de aperto da política monetária piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022, com efeitos adversos sobre a produção, o consumo e o emprego”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, na nota.
ESTAGNAÇÃO – A entidade informou ainda que os dados de atividade econômica do Banco Central, medidos pelo IBC-Br, em fevereiro, estava 0,4% abaixo do índice de dezembro de 2021, “apontando estagnação da economia”.
“A CNI avalia que a expectativa de inflação cadente e a trajetória incerta de recuperação da atividade econômica demandam uma política monetária mais moderada e atenta aos desafios de crescimento do Brasil no curto prazo”, completou o comunicado da entidade industrial.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Importantíssima essa mensagem da CNI. Desperta dúvidas. A quem interessa a estagnação da economia? Por que seguir linha contrária à tendência mundial? Por que continuar elevando automaticamente a dívida pública? São perguntas sem respostas, infelizmente. (C.N.)