Denise Rothenburg
Correio Braziliense
Com a terceira via praticamente travada, os times dos “polarizados”, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, preparam, cada um, o discurso para pedir aos eleitores que evitem dar sobrevida ao adversário e tentem resolver a eleição ainda no primeiro turno.
Para o PT, o desafio é grande, porque embora lidere as pesquisas de intenção de voto com certa folga, o partido jamais levou uma eleição no primeiro turno, nem mesmo no tempo em que o ex-presidente Lula venceu, em 2002, ou foi reeleito, em 2006. Até aqui, o único a conseguir essa façanha foi Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
EFEITO ALCKMIN – No PT, a esperança de vitória do primeiro turno vem pelo fato de Geraldo Alckmin, adversário em 2006, ter se juntado ao ex-presidente como companheiro de chapa. Só tem um probleminha: Alckmin até aqui não mostrou a que veio e o time que seguiu com ele para o PSB é modesto. Falta combinar com o eleitor.
Da parte dos bolsonaristas, a ideia de pregar o voto útil virá bem mais à frente, repisando dia e noite o que consideram o “perigo” da volta daqueles que foram alvos da Operação Lava Jato.
Nesse sentido, vão entrar em cena todas as gafes de Lula nos últimos tempos, como o caso do discurso em que o petista declarou que “Bolsonaro não gosta de gente, só de policiais”.
QUESTÃO ECONÔMICA – Os estrategistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) não pretendem mudar o discurso adotado até agora em relação à inflação, mas focará no cenário que cada presidente enfrentou. Os bolsonaristas ensaiam um discurso de que Lula, em seu primeiro mandato, pegou céu de brigadeiro na economia e poderia ter feito mais, mas não fez por causa dos malfeitos, a começar pelo mensalão.
Quanto ao quadro atual, de preços elevadíssimos dos alimentos, gás de cozinha e gasolina, o atual governo manterá o discurso de que a pandemia derrubou mercados e economia no mundo todo — e que Bolsonaro fez o que estava ao seu alcance, como o auxílio emergencial e as mudanças posteriores no Bolsa Família, que resultaram no programa Auxílio Brasil.
O comportamento das empresas com aumentos considerados abusivos também serão objeto do discurso bolsonarista. Daqui para frente, o presidente aproveitará as lives para reclamar dos preços dos combustíveis e fazer apelos à Petrobras, com um lucro líquido de R$ 44,5 bilhões, para que não promova aumentos, além de reforçar que “não pode intervir” na estatal.