Chanceler alemão promete "consequências dramáticas" para Moscou no caso de ataque químico. Scholz também confirmou interesse na instalação de escudo antimísseis e reforçou que Otan não deve entrar em guerra pela Ucrânia.
"Nos fortalecemos de tal modo que ninguém ousará nos atacar", afirmou o chanceler federal, Olaf Scholz, em entrevista neste domingo (27/03) à emissora ARD. O líder deu um recado direto ao presidente russo, Vladimir Putin, para que ele "não ouse" ameaçar a Alemanha.
Scholz disse que os países da Otan no Leste Europeu podem confiar na obrigação de todos os membros da aliança de se ajudarem mutuamente, e disse que a Alemanha e os Estados Unidos terão um papel especial.
"Um ataque [...] será uma agressão a todos nós", disse o chanceler sobre uma possível ameaça russa à Polônia ou aos países do Báltico. Ele assegurou que a Alemanha cumprirá sua obrigação de dedicar 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) à defesa.
O líder alemão disse que a Rússia enfrentará "consequências dramáticas" caso utilize armas químicas no conflito na Ucrânia. "O uso de armas biológicas e químicas não deve ocorrer, e é por isso que somos todos tão claros sobre essa questão", afirmou. Ele disse que já se discute quais seriam as consequências, mas que isso "não é algo do qual devamos falar".
Scholz, mais uma vez, esclareceu que a Otan não entrará em guerra pela Ucrânia, mesmo se os russos utilizarem armas químicas. "A Otan não será parte da guerra, isso está claro".
O chanceler rejeitou acusações de que seu governo teria hesitado demais antes de enviar armas para a Ucrânia. "Fazemos tudo em nosso poder", disse Scholz. Ele afirmou que a entrega de armamentos antitanques e antiaéreos pela Alemanha possibilitou que a Ucrânia alcançasse um "sucesso considerável" ao resistir às forças russas.
Ele não aceitou críticas de que a Alemanha estaria financiando a guerra na Ucrânia com suas importações de petróleo e gás russos. "No momento, a Rússia nada pode fazer com o dinheiro que possui em suas contas, em razão de nossas sanções", rebateu.
Escudo antimísseis
Scholz confirmou que o governo alemão avalia a possibilidade de instalar um escudo antimísseis sobre todo o território nacional, após a notícia ter sido revelada no mesmo dia pelo jornal alemão Bild am Sonntag.
"Posso dizer que isso é, certamente, algo sobre o qual consultamos, e por uma boa razão", afirmou. Segundo o chanceler, os detalhes do projeto "ainda não foram ainda discutidos de modo conclusivo".
O sistema antimísseis avaliado pelo governo seria o Arrow 3, produzido em Israel, que custaria cerca de 2 bilhões de euros e poderia estar em funcionamento já em 2025. O chamado Domo de Ferro provou ser eficaz em maio do ano passado, durante um agravamento no conflito entre palestinos e israelenses.
Uma bateria do Domo de Ferro consiste em uma unidade de radar e um centro de controle que pode detectar projéteis logo após seu lançamento e calcular sua trajetória e alvo. O sistema leva apenas alguns segundos para fazer a detecção, fator crucial, pois, dependendo da proximidade das pessoas da Faixa de Gaza, elas podem ter apenas de 15 a 90 segundos para buscar abrigo.
Uma bateria também tem três ou quatro lançadores de foguetes com 20 mísseis cada, caso os projéteis sejam direcionados para áreas povoadas. Os mísseis interceptores podem ser manobrados no ar. No entanto, eles não são projetados para atingir um projétil que se aproxima, mas para explodiperto dele e destruí-lo no processo. A queda de detritos, portanto, ainda pode causar danos consideráveis.
No ano passado, existiam 10 sistemas móveis Domo de Ferro em uso em Israel. De acordo com o fabricante, Rafael Advanced Defense Systems, uma única bateria pode proteger uma cidade de médio porte e interceptar foguetes disparados de no máximo 70 quilômetros de distância.
O Domo de Ferro foi projetado para interceptar foguetes de curto alcance e é usado para complementar outros sistemas de Israel. O chefe da Organização de Defesa de Mísseis de Israel, Moshe Patel, disse que mais de 2.400 projéteis foram interceptados em 10 anos.
Deutsche Welle