Jorge Vasconcellos
Correio Braziliense
Os sistemas de inteligência das Forças Armadas — em especial, o do Exército — e da Polícia Militar do Distrito Federal identificaram sinais de arrefecimento no engajamento para os atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF), no 7 de Setembro.
A informação foi passada ao Correio por um alto oficial militar. Ele disse que há sinas de arrefecimento, porém somente no domingo será possível conhecer o real tamanho dos protestos programados pelo país.
SEGURANÇA REFORÇADA – Mesmo com essa avaliação, em Brasília, um forte esquema de segurança está sendo montado para proteger as sedes dos Poderes na Esplanada dos Ministérios.
“Já foi maior. A poeira está baixando”, afirmou o oficial, sob condição de anonimato, a respeito da adesão de civis e militares aos atos do feriado. Segundo ele, cresceu na cúpula das Forças Armadas a percepção de que não há a menor possibilidade de rompimento com a democracia, mesmo ante as pressões do presidente para que elas atuem como moderadoras da crise entre o Executivo e o Judiciário — o que é inconstitucional.
A fonte acrescentou que, para os militares de altas patentes, o país tem muitas prioridades, sobretudo o combate à pobreza, à inflação e ao desemprego. “Eles, inclusive, endossam as manifestações feitas pelo PIB em favor da democracia”, enfatizou, referindo-se a um manifesto organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com a adesão de mais de 200 entidades empresariais.
EFEITO SÉRGIO REIS – Os protestos do 7 de Setembro foram convocados por apoiadores do governo, em meio às ofensivas de Bolsonaro contra o Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente passou a ser investigado em inquéritos nas duas Cortes depois de dizer que não haverá eleições em 2022 sem a adoção do voto impresso.
Organizadores dos atos, como o cantor sertanejo Sérgio Reis, se tornaram alvo de investigações da Polícia Federal após prometerem “invadir” e “quebrar” a sede do Supremo para retirar os ministros à força.
O Governo do Distrito Federal vai mobilizar cerca de 5 mil agentes das forças de segurança locais e federais para atuarem durante as manifestações.
ESFORÇO CONJUNTO – Sem detalhar o efetivo de cada uma, o secretário de Segurança do DF, Júlio Danilo Souza Ferreira, disse, em coletiva de imprensa, que participarão polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros; policiais legislativos do Congresso; Força Nacional de Segurança Pública; militares do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) e seguranças do STF.
Ferreira informou, também, que haverá revista contra armas e o fechamento total da Praça dos Três Poderes. Segundo o secretário, o acesso à Esplanada, local onde os protestos devem se concentrar, será aberto apenas para pedestres.