20Pedro do Coutto
No seu editorial de ontem, sob o título “O Guru do Presidente”, O Estado de São Paulo sustentou estar faltando ao governo Jair Bolsonaro um projeto construtivo para o país, no lugar de passar o tempo preocupado com o fantasma do comunismo. O jornal afirma que a visão de Olavo de Carvalho, no fundo, é uma visão radical que se perdeu na estrada do tempo. No final dos anos 50 o comunismo representava um risco para a democracia brasileira. Esse caminho perdeu-se na memória do passado, quando os conservadores que elegeram Jânio Quadros taxavam qualquer adversário como adepto de Moscou.
O ridículo dessa visão arcaica estendia-se à China Continental. Era o tempo ainda em havia duas Chinas inimigas entre si, com um governo em Pequim e com outro governo baseado na ilha de Taiwan. O tempo mudou, hoje há coexistência pacífica e nem por sonho pode se achar que o comunismo é internacional cujo principal objetivo é atacar e contaminar ideologicamente as nações democráticas.
SEM COMUNISMO – Hoje em dia a China, internamente cada vez menos comunista e externamente capitalista, é o principal parceiro comercial do Brasil.
A Rússia também se afastou do radicalismo ideológico nas suas relações com os demais países. Atualmente, como a China, é capitalista por fora e meio comunistas por dentro, conservando a tradicional repressão àqueles que fazem críticas ao governo. E o presidente Putin eterniza-se no governo de Moscou. Mas estas são outras questões.
Em seu editorial de ontem o tradicional jornal paulista aponta uma série de contradições produzidas pelo pensador Olavo de Carvalho, classificado como um professor de cursos online, mas que conseguiu sensibilizar o presidente Bolsonaro e, pelo que se viu no jantar em Washington, inocular suas opiniões fundamentalistas também no discurso do ministro Paulo Guedes.
CONTRADIÇÕES – Esse é o universo contraditório do governo, mais voltado para seguir as ideias de Olavo de Carvalho, e não em conseguir lançar seu projeto de desenvolvimento econômico e social.
No editorial, O Estado de São Paulo exprimiu a essência do choque de rumos entre a construção democrática e a desconstrução das poucas ideias que comunismo apresentava no passado. Ou seja, a política do governo é atacar algo que nem mais existe. Pura perda de tempo.