Carlos Newton
Temos nos manifestado aqui contra o boicote do presidente Jair Bolsonaro às três maiores organizações jornalísticas do país – Globo, Folha e Estadão. Em regime democrático, por mais chinfrim que seja o país, jamais o governante pode convocar uma entrevista coletiva e impedir o acesso a representantes dos órgãos de imprensa que considere de oposição. Esse comportamento é vergonhoso e depõe contra a nação no plano internacional.
É claro que o presidente Bolsonaro está pouco ligando para sua imagem no exterior, mas isso é um erro. Deveria fazer tudo o que pudesse para melhorá-la e evitar boicotes a seu governo. A isso se chama diplomacia, uma especialidade que o atual locatário do Planalto mostra desprezar.
BATER NA GLOBO – Engana-se quem pensa que estamos defendendo a Globo, a Folha ou o Estadão. Na verdade, o que se procura aqui é defender a democracia. Uma coisa é reduzir as verbas publicitárias da Globo, que o governo Temer elevou disfarçadamente, fazendo o Sistema S injetar vultosos recursos nos veículos do conglomerado dos irmãos Marinho. Não há a menor justificativa para o Sesc patrocinar o RJ TV e o Globo Esporte, nem o Sebrae anunciar no Faustão, por exemplo.
Verbas publicitárias devem ser distribuídas equitativamente, como o governo Bolsonaro está procedendo. Mas estamos falando é em liberdade de expressão, que fica claramente tolhida quando a entrevista coletiva passa a ser seletiva, aberta apenas aos áulicos. Agir assim é desrespeitar a democracia e envergonhar o país. Bolsonaro precisa parar com isso.
CULPA DA GLOBO – É claro que a Globo tem culpa no cartório. Fez o possível e o impossível para eleger Fernando Haddad, com objetivo de manter os grandes negócios que vinha fazendo com o PT, especialmente depois que os irmãos Marinho renegaram a memória do próprio pai e consideraram um erro o apoio que ele deu à ditadura militar.
Na última eleição, aliás, a Globo se emporcalhou toda, ao apoiar no Rio de Janeiro um político como Eduardo Paes, sabidamente corrupto desde quando foi descoberta a conta no Panamá, que ele atribuiu ao pai.
Como se sabe, a organização Globo fez grandes negócios com os esquemas de Paes e de Cabral/Pezão na Copa e na Olimpíada. Por isso, houve a tentativa desesperada de eleger o corrupto Paes contra um candidato de mãos limpas, o desconhecido Wilson Witzel, ex-oficial dos Fuzileiros Navais, ex-defensor público e ex-juiz federal.
PÓS-ELEIÇÃO – Após o resultado das urnas, em que a poderosa foi derrotada no plano federal e no plano estadual, era esperado que a Globo passasse a borracha e começasse do zero, dando um tempo a Witzel para tirar o Estado do lamaçal criado por Cabral e Pezão, pois é sabido que o novo governador enfrenta enormes dificuldades para administrar, devido à dilapidação dos cofres públicos. E ao contrário do governo federal, Witzel mandou fazer auditorias, cujas sinistras conclusões começam a chegar ao Palácio Guanabara.
E o que faz a Globo? Ao invés de dar um voto de confiança ao novo governador, o todo-poderoso grupo de comunicação investe contra ele. Nos jornais, nas rádios e nas TVs (tudo na Globo é no plural…), as investidas são diárias. Chegam ao ponto de criticar o governador, em editorial, por ter feito exames médicos em hospital público. Caramba! Certamente queriam que ele fosse ao Albert Einstein ou ao Sírio-Libanês, com pagamento feito pelos cofres estaduais…
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P.S. 1 – É claro que isso não é jornalismo. Alguém precisa dizer à Globo que a eleição acabou, Eduardo Paes foi derrotado e está nas malhas da Justiça, envolvido diretamente na delação da OAS, que não é a primeira acusação nem será a última.
P.S. 1 – É claro que isso não é jornalismo. Alguém precisa dizer à Globo que a eleição acabou, Eduardo Paes foi derrotado e está nas malhas da Justiça, envolvido diretamente na delação da OAS, que não é a primeira acusação nem será a última.
P.S. 2 – Alguém precisa dizer à Globo que os governos (federal, estadual e municipal) estão quebrados e é absolutamente necessário auditar a Previdência Social e a dívida pública, para salvar o país, como o governador Witzel está fazendo em relação às contas estaduais, sem que ninguém o apoie.
P.S. 3 – E alguém precisa dizer à Globo que, se o país afundar, a organização criada por Roberto Marinho irá junto para as profundezas. (C.N.)