Carlos Newton
Muitos eleitores votaram em Bolsonaro por exclusão. As pessoas que têm um mínimo de consciência política não podiam mais aceitar a transformação do Brasil numa república sindicalista, através do esquema ardilosamente arquitetado por José Dirceu, com apoio de partidos supostamente trabalhistas como o PTB e o Solidariedade, comandados por políticos corruptos, do naipe de Roberto Jefferson e Paulinho da Força. Não mais que de repente, o Brasil passou a ter quase 17 mil entidades sindicais, incluindo federações, confederações e centrais.
Esse total representa um estúpido recorde mundial, porque os Estados Unidos tem 191 sindicatos, o Reino Unido conta com 168, a Argentina apenas 91. As estatísticas são precárias, mas calcula-se que o Brasil concentraria entre 80% e 90% de todo os sindicatos existentes no mundo.
PLANO PERFEITO? – O esquema montado por Dirceu era praticamente perfeito. Funcionou muito bem, atraiu eleitores de todas as categorias profissionais e ajudou o PT a vencer quatro eleições sucessivas. O plano era eleger Lula duas vezes, depois Dirceu mais duas, em seguida Lula voltava e só então se arranjaria um líder mais jovem que pudesse empunhar a bandeira do falso trabalhismo petista.
E o problema foi justamente esse – ao invés de defender o trabalhismo de Vargas, Goulart e Brizola, investindo em educação, saúde, geração de empregos, reforma agrária e desenvolvimento industrial, que sempre foram as bandeiras do antigo PTB, o PT se perdeu em corrupção e submissão aos interesses dos banqueiros.
Ao criar o PTB, a intenção de Vargas foi manter um partido que “servisse de anteparo entre os sindicatos e os comunistas”, disse ele. O PT até cumpriu esse objetivo, mas fracassou no governo, pois o país se desindustrializou, não houve reforma agrária, a educação foi abandonada e até o excelente projeto do SUS foi prejudicado, para abrir campo ao predomínio dos planos de saúde.
ERA BOLSONARO – O PT esculhambou a política e terceirizou até o trabalhismo. Sua derrota para Bolsonaro foi desclassificante, o lulopetismo entrou em inexorável decadência.
Bolsonaro trouxe uma enorme esperança e já marcou dois gols de placa, com o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e a medida provisória que aboliu a contribuição obrigatória e vai destruir a república sindicalista.
Mas o grande erro foi entregar a economia a um banqueiro, que se recusa a fazer auditoria nas contas da Previdência e na dívida pública. Paulo Guedes começou enganando bem, mas aos poucos está perdendo apoio. Em pleno carnaval, o deputado governista Evair Melo (PP-ES) arrancou a máscara do ministro, com a seguinte declaração à revista Época: “Ele me parece, no operacional, uma barata tonta, totalmente perdido sobre o que é o Brasil real”.
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P.S. 1 – Segundo os cálculos do site Auditoria Cidadã de Dívida, comandado por Maria Lucia Fattorelli, a dívida pública federal fechou 2018 em R$ 5,52 trilhões, apesar do pagamento de R$ 1,066 trilhão no decorrer do ano, em juros, amortização e rolagem. A cada dia, pagamos R$ 2,9 bilhões.
P.S. 1 – Segundo os cálculos do site Auditoria Cidadã de Dívida, comandado por Maria Lucia Fattorelli, a dívida pública federal fechou 2018 em R$ 5,52 trilhões, apesar do pagamento de R$ 1,066 trilhão no decorrer do ano, em juros, amortização e rolagem. A cada dia, pagamos R$ 2,9 bilhões.
P.S. 2 – É preciso perguntar a Paulo Guedes como vai sustar essa sangria. Se é que pretende fazê-lo… Dizer que tudo se resolverá com a reforma da Previdência, conforme o ministro está alegando, significa menosprezar a inteligência e o conhecimento dos brasileiros. (C.N.)