José Antonio Perez
Quando o então presidente Fernando Collor extinguiu muitos órgãos e autarquias públicas, os respectivos prédios ficaram abandonados enquanto verdadeiros palácios eram erguidos em Brasília com dinheiro que faltava em tantas áreas prioritárias como saúde, educação e segurança. O gigantesco prédio onde funcionava a EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos), o edifício da Portobrás e tantos outros demoraram anos a serem ocupados plenamente enquanto torrávamos (torravam em nosso nome, na verdade) dinheiro na construção de obras faraônicas e posteriormente contratando servidores estáveis e terceirizados para ocupá-los.
Está tudo errado aqui em Brasília. Os políticos deveriam ficar mais tempo em Brasília deliberando e depois mais tempo também nas suas bases eleitorais.
VAIVÉM – O que não se pode admitir é pagar passagens “cheias” para todos os congressistas irem semanalmente a Brasília, passarem dois ou três dias no máximo (maioria está ficando menos de 48 horas na capital federal) e depois voltarem aos seus estados de origem. Um absurdo completo! Na Câmara e no Senado, na ausência dos parlamentares, os servidores também não trabalham; no máximo se revezam fazendo plantões.
O mesmo fenômeno ocorre nos tribunais, onde os magistrados trabalham nos dias que bem entendem. Todos sabem que sexta-feira há muitos anos já é “day off”, e os servidores se revezam. Em qualquer cidade do país, tente encontrar um juiz trabalhando sexta-feira e depois nos conte.
COISA DO PASSADO – Antigamente a grande maioria dos políticos levava a família para morar em Brasília. Isso não acontece mais. Quase todos “moram” em flats, geralmente isolados do centro da cidade e longe do assédio da população que os elegeu.
Os gastos desde a construção de Brasília até os dias de hoje, em que o fundo constitucional ainda banca os super-salários dos servidores do governo do Distrito Federal são incalculáveis! Na construção mesmo da cidade, com dinheiro desviado da Previdência Social, nossa dívida externa chegou a casa do bilhão de dólares, que na época era um espanto.
Achar que Bolsonaro pode mudar esse estado de coisa é muito ingenuidade. Eu também já estou prestes a “jogar a toalha” e reconhecer que por aqui o Brasil não tem mais jeito.