MACEIÓ - Pelo menos, 20 pessoas foram presas e um grande arsenal apreendido na Operação Taturana da Polícia Federal (PF), deflagrada na madrugada de ontem em Alagoas. Entre os presos estão políticos, assessores, um ex-governador e funcionários do Poder Legislativo alagoano. As prisões foram decretadas pela desembargadora federal Amanda Lucena, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede em Recife (PE). Os presos prestaram depoimento, foram submetidos a exames de corpo delito e estão na carceragem da PF à disposição da Justiça.
Pelo menos 370 policiais federais de vários estados participaram da Operação, que começou por volta das 5 horas da manhã. Ao todo, foram expedidos 79 mandados de busca e apreensão e 40 mandados de prisão, quase todos cumpridos.
Além de Alagoas, foram expedidos três mandados de prisão para supostos integrantes da quadrilha presos em São Paulo e mandados de busca para um endereço em Pernambuco. Segundo a PF, os presos são acusados de integrar uma organização criminosa responsável por desviar mais de R$ 200 milhões da Assembléia, nos últimos cinco anos.
A quadrilha se apropriava de recursos públicos através da folha de pagamento da Assembléia, com a inclusão de funcionários "fantasmas" e "laranjas". Os integrantes do esquema também cometeram fraudes nas restituições do Imposto de Renda (IR) de servidores do Poder Legislativo mediante informações falsas inseridas nas declarações do imposto retido na fonte.
Ex-governador
Entre os presos estão o ex-governador Manoel Gomes de Barros, cujo filho Nelito Gomes de Barros, é deputado estadual pelo PMN; o deputado estadual Cícero Ferro (PMN); e o ex-presidente da Assembléia Celso Luiz Brandão, que foi candidato a vice-governador nas eleições de 2006, na chapa do ex-deputado federal João Lyra (PTB).
Barros e Ferro foram presos por porte ilegal de armas. Na fazenda Jurema, que pertence ao ex-governador, em União dos Palmares, os policiais federais encontram uma pistola de uso restrito e uma metralhadora. Na mansão de Ferro, no condomínio fechado Aldebaran, em Maceió, foram encontradas muitas outras armas.
O advogado José Fragoso Cavalcante, contratado pelo ex-governador, disse que Barros não teria envolvimento nenhum na quadrilha. "Ele só foi preso porque, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, foram encontradas armas na fazenda", afirmou Fragoso. "Eu ainda não sei por que o endereço da fazenda dele foi alvo da operação", completou o advogado.
Fragoso não soube informar também se o mandado de busca e apreensão não teria sido expedido também em nome de Nelito Gomes de Barros, que é filho do ex-governador e casado coma filha do ex-presidente da Assembléia, o ex-deputado estadual João Neto.
Assembléia
O delegado que comandou a operação, Janderlier Gomes de Lima, chegou a dizer, por volta das 11 horas da manhã - que entre os presos estava o atual presidente da Assembléia, Antônio Albuquerque (DEM). Segundo a PF, o deputado teria sido preso em sua casa em Maceió, por porte ilegal de arma.
Entre os presos estão também o deputado Cícero Ferro (PMN), por porte ilegal de armas; o genro dele, o prefeito de Roteiro Fábio Jatobá (PTB); o ex-deputado e tesoureiro da Assembléia Legislativa de Alagoas, Nailton Felizardo; o irmão do presidente da Assembléia, Rafael Albuquerque; e a secretária de Antônio Albuquerque, Daniela Moreira Silva Dório. Nove deputados são investigados
O superintendente da PF em Alagoas, José Pinto de Luna, que assumiu o cargo no início desta semana, revelou que pelo menos nove deputados estaduais de Alagoas estariam envolvidos no esquema, mas não tiveram a prisão decretada porque questões judiciais.
Segundo o delegado da PF, a Constituição Estadual proíbe a prisão temporária de deputado. No entanto, os nomes dos deputados acusados no de envolvimento no esquema foram preservados. "Não podemos divulgar nomes, porque o processo corre em segredo de Justiça e a operação ainda não terminou", afirmou o superintendente.
Luna explicou que os deputados estaduais com mandato - Cícero Ferro e Antônio Albuquerque - foram presos apenas por porte ilegal de armas. No início da tarde, a prisão de Albuquerque foi desmentida pela assessoria da Assembléia. No entanto, a prisão de Ferro foi reafirmada.
Investigado
O presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas, Antônio Albuquerque (Democratas) emitiu nota oficial por meio do portal da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas destacando que não foi preso pela Operação Taturana, que investiga uma fraude na folha do Poder Legislativo, na ordem de R$ 200 milhões.
Apesar de ser um dos nove deputados supostamente envolvidos no esquema e ter sido encontrado uma arma em uma de suas propriedades, o deputado estadual não foi detido, conforme foi divulgado na manhã de ontem pela Polícia Federal (PF) de Alagoas.
No início da tarde, Albuquerque se reuniu com os parlamentares para decidir o que fazer com relação à Operação Taturana. Estiveram reunidos com ele os deputados Alberto Sextafeira (PSB), Judson Cabral (PT), Maurício Tavares (PTB), Jota Cavalcante (PDT), Sérgio Toledo (PMN) e Ricardo Nezinho (PTdoB).
Os deputados avaliaram a operação, mas não divulgaram nada sobre quais as providenciais que irão tomar, com relação ao parlamentar e os funcionários da casa que foram presos. Eles ficaram de se pronunciar sobre as acusações, oportunamente.
Segundo uma fonte na PF, a folha de pagamento da Assembléia era fraudada na cidade de Olinda, por isso foi expedido um mandado de busca e apreensão em um endereço de Pernambuco, possivelmente para colher documentos e equipamentos na sede da empresa que confeccionava a folha da Assembléia.
Arsenal
O delegado José Pinto Luna disse que já participou de várias operações, mas nunca tinha visto uma quantidade tão grande de armas à disposição de um grupo político. Entre as armas apreendidas - um verdadeiro arsenal - muitas pistolas, metralhadoras, munição e até instrumentos para fabricação de cartuchos para espingardas calibre 12.
Luna disse que a Operação Taturana contou com a ajuda da Receita Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e do Banco Central, através do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As investigações foram comandadas pelo delegado Janderlier Santos de Lima, que faz parte da equipe da PF de Alagoas.
De acordo com Santos, a PF começou a investigar a quadrilha há ano e seis meses, mas o esquema já estava em curso há mais de cinco anos. O nome taturana é uma referência à lagarta que come folhas sem parar durante sua existência.
Os presos são acusados de vários crimes, entre eles formação de quadrilha, estelionato, peculato, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crime contra o sistema financeiro. Além de carros de luxo, jet ski, quadriciclos, tevê de plasma, jóias e outros objetos de valor, a PF apreendeu dinheiro em espécie e conseguiu o bloqueio de várias contas bancárias dos acusados.
O delegado que comandou a operação disse que tudo que foi apreendido poderá ser usado para o ressarcimento dos cofres públicos dos recursos desviados.
A lista dos presos
A Polícia Federal de Alagoas divulgou lista com os nomes de alguns presos na Operação Taturana.
1) Antônio Albuquerque, deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas - preso por porte ilegal de arma (a assessoria de imprensa da Assembléia nega a prisão).
2) Cícero Ferro, deputado estadual (PMN) - preso por porte ilegal de arma;
3) Manoel Gomes de Barros, o Mano, ex-governador de Alagoas, entre 1997 e 1998 - preso por porte ilegal de arma;
4) Celso Luiz Brandão, ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas;
5) Fábio Jatobá, prefeito de Roteiro, genro de Cícero Ferro e ex-secretário da ALE.
6) Coronel PM Assírio Nascimento, ex-chefe de gabinete militar da Assembléia Legislativa e atual diretor adjunto do Detran de Alagoas.
7) Hermes Tojal, policial militar.
8) Rafael Albuquerque, irmão do presidente da Assembléia e secretário de Educação de Limoeiro de Anadia.
9) Marcelo Martins, o Marcelo Cabeção, considerado um dos maiores agiotas de Alagoas.
10) Daniela Moreira Silva Dórea, assessora do presidente da Assembléia, Antonio Albuquerque.
11) Nilton Pradines, responsável pela folha de pagamento da Assembléia.
12) Gilberto Gonçalves, ex-deputado estadual e empresário.
13) Nailton Felizardo, ex-deputado e tesoureiro da Assembléia.
14) Rosa Cristina Vasconcelos de Lira.
15) José Pereira da Silva, funcionário do Bradesco.
16) Roberto Menezes, contador da Assembléia.
17) Taciana Ferro.
18) André de Siqueira Barros.
19) Sirlane de Siqueira Barros.
20) Cristiano de Siqueira Barros.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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