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segunda-feira, dezembro 10, 2007

Improbidade ameaça reeleição de prefeitos

Kayo Iglesias


Pelo menos nove prefeitos do Estado do Rio estariam hoje com a reeleição ameaçada caso a determinação do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Roberto Wider, de rejeitar candidaturas cujos titulares tenham acusações no currículo seja cumprida à risca. É que o desembargador, além de orientar os juízes eleitorais a banir candidatos com ficha criminal suja, também incluiu no rol dos indesejados os que respondem a processos por improbidade administrativa.

- Nessa nossa análise, não estamos só dentro da área criminal. Alguns políticos têm problemas de improbidade administrativa e não há nada transitado em julgado na área criminal. Vão disputar a reeleição sem a menor possibilidade - disse Wider, que fez a primeira reunião com os representantes dos partidos semana passada.

Os ameaçados são os peemedebistas Washington Reis, de Duque de Caxias, Nelson do Posto, de Guapimirim, e Uzias Mocotó, de São João de Meriti, além de Hugo Canellas (PP), de Iguaba Grande, e Manoel José de Araújo, de Sumidouro. Eles respondem a processos na Justiça Federal, segundo levantamento feito pelo JB. Na Justiça do Estado, há ações civis públicas em curso contra Gothardo Lopes Netto (PMDB), de Volta Redonda, Lindberg Farias (PT), de Nova Iguaçu, Bruno Silva dos Santos (PMDB), de Japeri, e Núbia Cozzolino (PMDB), de Magé.

Outros prefeitos - esses, já reeleitos - respondem por improbidade, e podem ter o futuro político comprometido se a prática realmente vingar: Cesar Maia (DEM), que deseja concorrer ao Senado em 2010, é um deles.

Caso até de prisão

Acompanham o colega da capital na lista os prefeitos de cinco municípios (veja quadro), e Sérgio Eduardo Melo Gomes (PMDB), de Trajano de Moraes, pequeno município de 9.687 habitantes no Sul do Estado, o caso mais grave. Sérgio, aliás, foi afastado do cargo pela Justiça por força da ação, em agosto de 2006, mas retomou o posto por meio de liminar. Ele é acusado pelo MP de comprar, com dinheiro da prefeitura, uma picape de R$ 114 mil. Em julho deste ano, voltou a ser afastado, só que pela Justiça Federal, e chegou a ser preso. Responde a processo por desvio de recursos da saúde.

Desde as eleições de 2004, além de Sérgio, foram afastados pela Justiça comum ou eleitoral quatro prefeitos - os de Campos, Seropédica, Paracambi e Vassouras - e outros três - os de Silva Jardim, Resende e Arraial do Cabo - governam por força de liminar.

Em outubro, Wider iniciou a operação ficha limpa ao transmitir a orientação a 197 dos 248 juízes eleitorais do Estado, no primeiro de uma série de encontros com os magistrados. Na mesma semana, o procurador regional eleitoral do Rio, Rogério Nascimento, reuniu os promotores do MP eleitoral para reforçar a sugestão.

Preocupado com a desinformação da população - principalmente nos municípios menores, que costumam ser território propício para a formação de rincões eleitorais - o presidente do TRE vai levar ônibus às cidades, onde funcionários do tribunal alertarão o cidadão sobre o processo de escolha dos prefeitos e vereadores.

- Essa vai ser outra grande missão nossa. Começamos com a Justiça eleitoral itinerante para dar um apoio aos eleitores de todos os rincões do Estado. Vamos mandar pequenos veículos para conceder títulos e certidões que eles precisarem. E vamos ensinar a ele o que nós pudermos, colaborar com o eleitorado e evitar que certos maus candidatos possam disputar o pleito. Isso facilitará o serviço do eleitor - acredita.

Fonte: JB Online

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