Em mais uma operação conjunta, o Ministério Público estadual e a Secretaria de Segurança Pública desarticularam ontem quatro quadrilhas que atuavam em 17 municípios e seis prefeituras - a principal delas em Magé, na Baixada Fluminense, onde 13 pessoas foram presas, inclusive um secretário. Durante a operação, dois prefeitos - incluindo a de Magé, Núbia Cozzolino (PMDB) - foram acusados de receber propinas. As quadrilhas são acusadas de fraudar licitações, contratar funcionários fantasmas e desviar verbas públicas destinadas às mais diversas áreas, da saúde à educação. O MP estima que a fraude tenha provocado prejuízo superior a R$ 100 milhões.
Dos 28 mandados de prisão, 19 foram cumpridos ontem. Outras nove pessoas continuam foragidas, entre elas, o ex-prefeito de Magé e irmão da atual prefeita, Charles Cozzolino, e a secretária de Fazenda, Núcia Cozzolino, irmã de Núbia. Cerca de 170 policiais da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado (Draco) foram a 17 municípios, incluindo seis prefeituras: Santo Antônio de Pádua, no Norte do Estado, Japeri, na Baixada Fluminense, Paraíba do Sul, Região Serrana, e Rio Bonito, na Região Metropolitana, além de Magé e Angra dos Reis - que, há dois meses, foi alvo de uma operação da Polícia Federal na qual 19 pessoas foram presas, entre secretários e empresários da construção civil.
Além da prefeita de Magé, o prefeito de Aperibé - no Norte do Estado - Paulo Fernando Dias, o Foguetinho (PMDB), também foi acusado de receber uma espécie de mensalão - entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Ontem, durante a operação, uma funcionária da MWP Consultoria, contratada em janeiro de 2007, prestou depoimento na Delegacia de Polícia Fazendária. Ela não só confirmou as denúncias como acrescentou que os prefeitos Foguetinho e Cozzolino foram regularmente à sede da empresa, no Centro do Rio, onde receberiam a propina.
Uniformes sumiram
O megaesquema de corrupção só foi desbaratado devido à ambição dos envolvidos. O Ministério Público foi acionado depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão do Ministério da Fazenda, desconfiou de um cheque de quase R$ 1 milhão repassado pela prefeitura de Magé a uma pequena empresa de confecção de uniformes escolares. A suspeita aumentou quando os promotores descobriram que toda a quantia era sacada, em espécie, logo depois de ser depositada. Na casa de um dos empresários, a polícia apreendeu cerca de R$ 200 mil em dinheiro.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ressaltou que os 53 mandados de busca e apreensão cumpridos ontem servirão para mais operações. Em Magé, as investigações descobriram funcionários, além de servidores que priorizavam determinadas empresas em licitações. Ongs também foram contratadas para desviar dinheiro público.
A prefeitura foi tomada por policiais, que foram aplaudidos pela população. Segundo o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, as quadrilhas não agiam em conjunto nem tinham um mesmo modus operandi, mas alguns dos envolvidos mantinham negócios em comum.
- As quadrilhas agiam a partir de Magé e, pode-se dizer que era uma espécie de mensalão pela regularidade com que recebiam - explica Marfan.
Os acusados foram indiciados por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato e contra a Lei de Licitações. Entre os presos, estão ainda a ex-secretária de Ação Social de Magé, Renata Tuller, o procurador Antônio Roberto Daher, o assessor da Secretaria de Educação de Angra, Elias Marcolino, a secretária de Saúde de Pádua, Carla Neves, a secretária de Educação de Paraíba do Sul, Maria Capella, além de empresários, um advogado e um contador. Entre os foragidos estão, entre outros, a secretária de Meio Ambiente de Rio Bonito, Carmen Kleinsorgen, além de empresários e servidores.
Fonte: JB Online
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