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domingo, julho 07, 2019

“Falsos escândalos não me farão desistir”, diz Sérgio Moro sobre The Intercept


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Além de soltar criminosos, querem evitar novas prisões, diz Moro
Deu no Correio Braziliense
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, 46 anos, atribui o vazamento de mensagens da força-tarefa da Lava-Jato a um revanchismo combinado com a tentativa de anular condenações e impedir novas investigações. “Muita gente teve os interesses contrariados, pessoas poderosas que se envolveram em corrupção”, disse o ex-juiz em entrevista exclusiva ao Correio.
Mesmo na berlinda a partir das críticas de eventual direcionamento eleitoral-partidário da Lava-Jato, o ex-juiz rejeita qualquer possibilidade de deixar o cargo de ministro: “Falsos escândalos não me farão desistir dessa missão”.
Em algum momento, o senhor pensou em deixar o cargo depois da revelação das trocas de mensagens da força tarefa da Lava-Jato?Achei que esse revanchismo da Lava-Jato tinha se encerrado. Aqui (no ministério) tenho um trabalho e uma missão a ser cumprida, que é consolidar os avanços sobre o combate à corrupção e ao crime organizado. Não vai ser por causa de falsos escândalos que vou desistir dessa missão.
Há forças tentando derrubá-lo?Em relação ao hackeamento, o responsável tem interesse principal de impedir novas investigações e anular condenações. Não sei se o objetivo é me derrubar.
Sentiu-se agredido na Câmara? O senhor foi chamado até de ladrão.Parece-me que há um jogo político-partidário, e alguns parlamentares se exaltam, mas é uma minoria. Aí foi um desrespeito ao decoro parlamentar. Eu sempre me reportei a todos os parlamentares de maneira respeitosa. É uma questão de educação pessoal.
Está preparado para enfrentar esse período?Durante a Operação Lava-Jato, sofri muitos ataques, muitas tentativas de desqualificação do meu trabalho. É claro que críticas são sempre possíveis, mas tinha alguns ataques pesados. Quando aceitei o convite, a ideia era consolidar esses avanços no combate à corrupção. Tendo deixado de exercer o trabalho na Lava-Jato, achei que essa parte tinha ficado para trás. De certa maneira, me surpreendeu essas histórias serem novamente revolvidas. Mas, além dos objetivos mais específicos, de anular condenações e impedir novas investigações com esses ataques criminosos, existe um certo nível de revanchismo, no sentido de que muita gente teve os interesses contrariados.
Mas há críticas de atores que não estão ligados a partidos ou mesmo a condenados…É natural haver críticas. Quando aceitei o convite, isso gerou uma série de incompreensões. Eu deixei muito claro qual era o meu objetivo. Trabalhei como juiz por 22 anos. Nos últimos quatro anos da Operação Lava-Jato, o trabalho foi muito intenso e cada dia era uma dúvida se nós conseguiríamos realmente avançar ou se iríamos sofrer alguma espécie de retrocesso, inclusive em nível do Legislativo. Houve tentativas desse nível. Não quero que aconteça o que ocorreu com a Operação Mãos Limpas, em que houve uma virada de mesa pela via Legislativa. Estando no governo, tenho condições de atuar mais nessa área.
O senhor não se reconhece em nenhum momento nas mensagens?Pode ter mensagens que tenham ocorrido. Aquela mensagem: “Confio no ministro do Supremo”. Qual é o problema em falar nisso? Problema nenhum. Mas pode ter uma mexida numa palavra, na própria identificação e na atribuição dessas mensagens. O que eu falei desde o início que surgiu essa situação: apresentem a uma autoridade que possa averiguar de maneira independente a autenticidade desse material. Nas minhas mensagens, se não forem adulteradas, não existe qualquer espécie de irregularidade. Tenho muita convicção do que eu fiz como juiz e sempre me pautei com base na lei e na ética.
Uma frase é atribuída ao senhor “In Fux, we trust”. Tem algum ministro do STF do qual o senhor diria o contrário?De forma nenhuma. Não me cabe opinar sobre ministros do Supremo. Certamente, se houvesse mensagem privada criticando ou ofendendo ministro do Supremo já teria aparecido.
Como o senhor reagiu às novas revelações dos diálogos da força-tarefa da Lava-Jato na revista Veja e no site Intercept?Com tranquilidade. As mensagens foram obtidas por hackers criminosos, podem ter sido adulteradas total ou parcialmente e não são publicadas a partir do contexto delas. Numa das mensagens, eu teria dito a um procurador que seria necessária a manifestação dele com urgência sobre um pedido de revogação de prisão preventiva. Isso é absolutamente normal, se é que isso foi feito, e quando se fala nisso é do interesse do preso, porque tem de se decidir logo, e a manifestação do MP é necessária. Divulgar isso como se fosse algo ilícito… Para mim, isso é algo absolutamente banal. Tem outra que supostamente eu teria pedido para incluir na denúncia um fato ou uma prova. Se for aos autos, ao fato constante da denúncia, foi provocada uma sentença absolvitória. Então, por que eu faria isso? Pedir para incluir algo para depois absolver? Assim, com todo o respeito à imprensa, além de não ter me consultado sobre as questões, sequer fez uma checagem correta dos fatos.
E em relação ao episódio do ministro Teori em que o senhor teria omitido informações?Nem  me lembro desse episódio. O que consta é inconsistente. O que eu levantei dos fatos, a investigação envolvia um dos diretores da Andrade Gutierrez. Havia uma solicitação de informações do Supremo, eu prestei as informações em 17 de setembro, e a revista apresenta mensagens de terceiros do dia 23 de outubro e sugere que eu teria omitido fatos, que havia uma planilha de dados disponíveis e eu teria ocultado. O que deveria ser checado para um bom trabalho jornalístico é quando essa planilha apareceu, quando ela foi apreendida e quando foi colocada à minha disposição. As informações não são consistentes com os fatos.
O senhor foi contrário à delação do Eduardo Cunha?A colaboração do ex-deputado que envolvia supostamente pagamentos a pessoas com foro privilegiado nunca passou pelas minhas mãos, nunca passou pela 13ª (Vara). É atribuição do Supremo, da PGR… Como a revista conclui que eu teria interferido se o caso nem estava sob as minhas mãos, e sequer havia responsabilidade primária da força-tarefa de Curitiba?
Como o senhor se sente dentro de um governo com personagens direta ou indiretamente envolvidos por duas denúncias graves, como o caso do laranjal do PSL e o caso Queiroz?Posso mencionar a questão envolvendo supostas fraudes eleitorais de assessores do ministro do Turismo, que estão sendo investigadas pela PF. A PF tem liberdade, não estou envolvido nas diligências. Estão apurando os fatos e devem chegar a conclusões. E à medida que estão sendo feitas as diligências, estão sendo informadas ao presidente.
O que o senhor diria dos comentários feitos por alguns ministros, como Gilmar Mendes?Não sou censor de ministro do STF… Não cabe ficar opinando sobre quem disse isso, quem disse aquilo. A minha impressão, desde o início quando foi feita essa divulgação (das mensagens), é que houve sensacionalismo extremado.
O Congresso aprovou recentemente a lei de abuso de autoridade. Como o senhor avalia essa lei que está em votação no Congresso?Foi um projeto de iniciativa popular, do Ministério Público, das 10 medidas de combate à corrupção. Na Câmara, sofreu alterações significativas. Não se pode afirmar que se trata do mesmo projeto que entrou. Foi ao Senado e vai voltar para a Câmara. Nós vamos analisar o texto final. Espero que se trate o tema com a devida ponderação e oportunamente virá ao Executivo, que deverá decidir o que fazer, sanção ou veto.
Tem algum ponto que o senhor aponte que significa um retrocesso?Não vi ainda o texto final aprovado no Senado. O que me disseram é que houve uma amenização de alguns termos, mas acho que é uma questão que precisa ser analisada muito ponderadamente. Claro que ninguém compactua com abusos praticados por qualquer autoridade, mas tem que se tomar muito cuidado para que uma eventual regulação não possa servir como uma forma de intimidação a juízes, procuradores e policiais que cumprem o seu dever.
Nas manifestações de rua, há um boneco do senhor de Super-Homem. O senhor se considera um herói?Não. Eu sempre refutei esse rótulo de herói ou protagonista exclusivo ou principal da Lava-Jato. Em todas as minhas manifestações sobre o tema, sempre destaquei que o mais relevante da Lava-Jato é a verificação de amadurecimento das instituições. Certamente, pessoas fazem diferente. Pessoas diferentes constroem instituições mais fortes. Vários processos já percorreram todas as instâncias.  Escrevi recentemente um artigo num livro que envolve artigos tanto de magistrados brasileiros quando de italianos, e um aspecto que destaquei foram algumas decisões relevantes do Supremo: a execução de pena em segunda instância, a proibição de doações eleitorais por parte de empresas e, mais recentemente, a limitação da extensão do foro privilegiado. Foi uma conquista institucional. De certa maneira, também as cortes de justiça não decidiriam dessa forma se não houvesse uma demanda da sociedade por maior integridade, por menos corrupção.
Em relação a doação de empresas, já tem gente no Congresso querendo o retorno dessas doações. O senhor acha que funcionou o sistema de financiamento das eleições?Poxa, essa é uma pergunta um pouco difícil pra mim, porque não participei de nenhuma eleição.
Mas o senhor é citado como possível candidato à Presidência da República…Não tem nenhuma base real.
O senhor não seria candidato?Nem se tem que falar nesse assunto neste momento. Acabamos de sair de uma eleição presidencial. Seria uma discussão absolutamente antecipada. Meu compromisso foi assumir aqui o MJ como um técnico. É o que imagino que esteja fazendo.
Esse movimento todo em torno da Lava-Jato, esse boneco inflável do Super-Homem, aplausos na rua e essa mobilização do PT contra o senhor não o colocam como um possível candidato anti-PT?Tem uma frase em latim: gloria mundi sic transit (toda a glória do mundo é transitória). Essas questões são efêmeras, passageiras.
Algumas pessoas interpretaram as declarações do presidente Bolsonaro falando da reeleição dele como uma tentativa de frear um certo protagonismo do senhor…Sou aliado do presidente Bolsonaro. Aceitei um convite, e o convite foi feito com uma pauta convergente. Temos que ser duros contra a corrupção, o crime organizado e o crime violento. Não existe qualquer disputa entre nós dois.
Como o senhor avalia a relação da Lava-Jato com a economia e as críticas de quebradeira das empresas de engenharia civil?Há um equívoco básico nessa crítica. O que comprometeu a produtividade e a eficiência da economia brasileira, além de decisões de planejamento econômico equivocadas, foi a disseminação de práticas de corrupção. Aquela avaliação pretérita, que muitos falavam, “Ah, a corrupção pode ser em países em desenvolvimento uma espécie de graxa, e não areia”, é algo absolutamente ultrapassado no cenário mundial, nos estudos sobre a corrupção. No fundo, a corrupção é claramente areia. Ela impacta a eficiência de qualquer empresa. E, num nível disseminado, pode impactar até mesmo a eficiência da nossa economia, porque gera custos mais elevados e leva os agentes econômicos a tomarem decisões equivocadas sob o ponto de vista de qual seria a melhor decisão para nós termos um avanço. De todo modo, vamos colocar assim: eu era um juiz criminal. No direito brasileiro, no processo penal, só respondem as pessoas físicas. Então, não houve nenhum processo criminal contra essas empreiteiras. Em relação à área cível, o Ministério Público e, depois, a Advocacia-Geral da União e a Controladoria Geral da União celebram diversos acordos de leniência com essas empresas. O que podia ser feito para preservar, dentro da nossa ordem jurídica, essas entidades corporativas, foi realizado. Mas vamos lembrar que essas empresas demoraram muito a reconhecer que haviam se envolvido em práticas criminosas. Talvez, fosse o caso, e isso seria relevante, de pensarmos em alguma fórmula, de colocar na nossa legislação a possibilidade de, realmente, uma transferência do controle acionário de empresas grandes que se envolvam em corrupção.
Na fase de investigações e deliberações sobre medidas cautelares, como deve ser a relação do juiz com o MP?O procurador chega para o juiz e pede: “Quero requerer a prisão preventiva do fulano X”. Às vezes, existe uma sondagem, e o juiz pode dizer: “Para ter prisão preventiva, tem que ter uma prova forte”. No fundo, o juiz não precisa nem falar isso, está no Código, é normal. Assim como chega um advogado e diz: “Ó, doutor, quero defender a absolvição do meu cliente. Às vezes, faz uma sustentação oral, e às vezes, tem uma interlocução entre juiz e advogado. E, eventualmente, isso pode influenciar depois na argumentação que o advogado vai colocar. Isso é algo absolutamente corriqueiro. Nas supostas mensagens que foram divulgadas, não existe qualquer espécie de conluio. O que existe é um sensacionalismo, que foi colocado como se tivesse um comandante em chefe da Lava-Jato. Não existe nenhuma situação dessa espécie ali dentro dessas mensagens, aliás, os dados objetivos são no sentido de indeferimento de várias das medidas e absolvições. Agora, no caso do Brasil, o juiz da ação penal é também o que trabalha na fase de investigação. Nessa fase, existe uma dinâmica maior entre os personagens ali envolvidos, polícia, juiz e o Ministério Público.  Temos essa tradição jurídica no Brasil. O que tem que ser verificado é se tem algo ali de antiético e ilegal.
Em relação à procuradora citada num dos trechos divulgados, o senhor reconhece em algum momento a crítica em relação a ela?Essa é uma distorção que tem sido colocada. Veja, esses fatos ocorreram há três, quatro anos. Não me lembro se fiz alguma crítica. O que vejo na mensagem que foi explorada com absoluto sensacionalismo são algumas afirmações jornalísticas que eu teria solicitado a substituição. Não existe nada na mensagem nesse sentido.
Então, mesmo naquele trecho, o senhor acha natural?Se for autêntico, não tem nada de ilegal ou antiético.
É possível um juiz ser totalmente imparcial, dentro de uma caixinha, sem ser contaminado por convicções pessoais, culturais, família, amigos?O que define a imparcialidade é o juiz decidir conforme aquilo que se encontra nos autos, com base na prova e na lei. Um juiz nunca pode se despir da condição de ser humano e dos valores que ele carrega. Mas ele sempre vai decidir com base na lei e nas provas. Essa é a questão da imparcialidade. Evidentemente, o juiz vai formando a sua convicção com o tempo, no decorrer do processo. Ele não é um ser estranho que vai chegar somente no momento da sentença. O que define a imparcialidade é o juiz estar sempre disposto a mudar de opinião até o final do processo, porque novas provas e novos argumentos podem ser apresentados. Então, assim, ele nunca é um super-humano. Carrega seus valores, mas tem que estar vinculado à prova, à lei, e, até proferir a sentença, à possibilidade de mudar de opinião em relação ao que viu antes. Isso foi feito no processo muito claramente, até pelo percentual, um número de mais de 20% de absolvições. E aqui temos que acrescentar o fato de que são decisões que já passaram por várias instâncias e, normalmente, têm sido mantidas.
Em que momento o senhor ficou convencido de que o ex-presidente Lula recebeu o apartamento no Guarujá como propina?Não vou comentar sobre casos específicos. Em geral, o juiz finaliza a sua convicção no momento da sentença. Ainda que ele tenha prévios entendimentos em relação à matéria, a hora de sentar, colocar no papel, escrever, argumentar é o momento de construção racional. É o momento em que o juiz faz uma reconstrução das provas e faz uma avaliação: “Essas provas são ou não são suficientes para uma condenação criminal? Ou vai absolver? O juiz pode até ter uma ideia, mas que só se confirma ou não no momento da sentença.
O ex-ministro do Supremo Carlos Velloso, em entrevista ao Correio, diz que é preciso descobrir quem tinha interesse em afastar o senhor. Quem seria?Foi instaurada uma investigação pela Polícia Federal. A minha impressão, vendo todo esse episódio, é que iniciou com ataques aos procuradores. Depois, sucedido por uma tentativa de intrusão no meu aparelho celular. Tendo começado o ataque pelos aparelhos dos procuradores, me parece mais um ato, realmente, contra a operação Lava-Jato, do que necessariamente contra a minha pessoa. Claro que, no caminho, as coisas podem se alterar, a depender do peso que se dá a uma coisa ou outra. Considerando essa cronologia, me parece que foi um ataque à Lava-Jato. Nessa perspectiva tem duas opções: anulação de condenações já exaradas, de pessoas que praticaram crimes de corrupção, ou, que talvez seja até pior, impedir a continuidade das investigações. Eventualmente, o responsável pode ser algum investigado que não foi ainda atingido por uma decisão judicial, de condenação ou prisão, que esteja querendo obstruir a ação da Justiça e do MP.
O senhor estava nos EUA conhecendo a experiência de combate ao tráfico nas fronteiras quando ocorreu o episódio do transporte de 39kg de cocaína num avião da FAB. Causou constrangimento?Não existe qualquer vínculo desse ato criminoso com qualquer agente político. O que tem que ser feito, e é o que está sendo feito, é uma investigação capitaneada pela própria Justiça Militar, já que foi praticado por um militar, e identificar se há outros responsáveis por esse fato. Se tem, são todos criminosos. Foi um incidente infeliz, pelas circunstâncias, mas as consequências estão sendo extraídas. Esse indivíduo está preso na Espanha. Provavelmente, será condenado a uma pena elevada, e se vai realizar uma investigação para verificar se tem uma quadrilha de criminosos envolvida.
Carlos Bolsonaro tem responsabilizado o general Heleno por falhas na segurança. Preocupa ver o filho do presidente numa guerra com o chefe do GSI?O general Heleno não tem nada a ver com esse episódio. Ocorrido o episódio, lamenta-se, mas tem que apurar as responsabilidades, e isso não afeta qualquer agente político do governo.
Já é possível afirmar se havia outras pessoas envolvidas?Sobre investigações em andamento não cabe comentário. Tem aquela famosa frase: Sherlock Holmes não consegue descobrir o crime se Moriarty ficar atrás dele o tempo todo, sabendo o que ele está fazendo.
Como o senhor avalia ficar vinculado a um grupo político, mesmo como ministro da Justiça?Aceitei o convite para compor o ministério com um plano específico. E compartilhamos as decisões do ministério, as políticas públicas com o presidente Bolsonaro. Evidentemente, temos uma proximidade e não existe nada errado. Sou ministro escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro.
O senhor esteve em partida de futebol com o presidente no Mané Garrincha. Chegou a temer vaias?Poderíamos ter sofrido vaias. Na verdade, o que ocorreu foi uma manifestação de aprovação. O que eu considero realmente importante são as minhas ações de agir com correção. A minha avaliação, me parece que é a avaliação geral, é a de que eu agi com base na lei e na ética. Então, nessas circunstâncias a aprovação é natural.
O tribunal das redes sociais o incomoda?Nas redes sociais há um certo consenso que muitas vezes as pessoas se excedem. Afirmações que não fariam diretamente, pessoalmente em outros contextos acabam sendo realizadas. Mas, sinceramente, não me preocupo com essas questões. Tenho atualizado o Twitter, relutei, mas tenho usado como uma forma de transmissão de informações das políticas públicas que estão sendo realizadas no ministério. As redes são importantes, mas não afasta o papel da imprensa. É claro que a gente tem de olhar as redes sociais, porque são pessoas se manifestando, mas não significa que o que ocorre ali é determinante.
A investigação sobre a divulgação dos diálogos é vista por alguns como um ataque à imprensa…De forma nenhuma, nós respeitamos a liberdade de imprensa. Não houve qualquer tentativa de censura. Fiquei com a impressão de que, na primeira semana, o site em questão queria que fosse feita uma busca e apreensão para evocar o malvado governo Bolsonaro, o malvado governo Moro, numa ação para intimidar a imprensa, mas não houve nada disso. Ao contrário, a manifestação foi: “Olha, eu tenho absoluta correção no meu procedimento e, se tem essas mensagens, e elas não foram adulteradas, divulguem tudo. Mas sem sensacionalismo.
A Lava-Jato foi sensacionalista?Não, a Lava-Jato foi embasada em fatos e provas de um sistema de corrupção que comprometeu a integridade das nossas principais empresas. O que é sensacional é a dimensão que a corrupção atingiu, mas ali os fatos falam por si. Não houve da parte dos agentes públicos envolvidos uma colocação dos fatos de uma forma diferente do que eram na realidade.
O protagonismo e a exposição de procuradores chegaram a ser criticados inclusive por ministros do STF. Não houve exageros?Não os vislumbro com facilidade. Temos de lembrar que falamos de uma investigação que dura mais de cinco anos. E sempre que aparecia uma operação ou algo parecido, havia uma grande demanda da imprensa por informação. E o que eu via os agentes públicos fazendo era basicamente prestar essas informações.
O que é preciso aprimorar para o combate à corrupção mais efetivo?
Temos de nos preocupar com as tentativas de retrocesso. Porque o enfrentamento da grande corrupção contraria o interesse de poderosos. É uma ilusão pensar que não vão ocorrer essas tentativas. Temos de assegurar que o navio não volte ao porto. Por exemplo, a própria questão da segunda instância. É fundamental a decisão do STF que no fundo representa colocar o ponto final de um processo num prazo razoável, não se tornar aquele processo que se eterniza, mas chegam a um término dentro de um prazo razoável. Mas a gente não pode estar satisfeito em apenas evitar retrocessos. E isso inclusive foi um dos propósitos que me levaram a aceitar virar ministro. Temos de pensar em avanços. Temos o pacote anticrime. Nós acreditamos nesse projeto e achamos que a aprovação dele seria um salto relevante no enfrentamento do crime organizado.
Esse projeto está demorando?É uma questão do tempo do Congresso, mas acredito que será aprovado num tempo breve, logo depois da reforma da Previdência.
Qual foi a decisão mais difícil envolvendo o ex-presidente Lula?A Lava-Jato não se identifica com um processo contra um criminoso específico. No fundo o que foi identificado foi um sistema de corrupção, e havia muitas pessoas envolvidas, como os vários diretores da Petrobras presos. Isso não havia ocorrido antes no país, embora sempre existissem suspeitas de malversação. Houve também os empresários que pagavam sistematicamente vantagens indevidas em contratos públicos. O caso do ex-governador do Rio (Sérgio Cabral), embora seja um caso repartido com a Justiça Federal do Rio, nós também tivemos a prisão e condenação dele em Curitiba. O mais relevante para mim foi a revelação desse sistema de corrupção, foi mostrar que a impunidade da grande corrupção tem solução, que é a aplicação da lei. Às vezes, há alguma confusão. Quem decretou a prisão do ex-presidente foi o TRF-4, não fui eu. Eu cumpri a decisão. Como juiz executor da ordem, apenas concedi a ele, porque achava razoável, dada a complexidade em executar aquela medida, um prazo de 24h para ele se apresentar.
O MP, ao tentar barrar a entrevista da Folha de S.Paulo com o ex-presidente Lula, não tentava interferir diretamente na eleição presidencial?Não participei daquelas conversas, não sei se são autênticas. O que eu particularmente penso é que qualquer direito para ser reconhecido pode ser levado para todas as pessoas universalmente na mesma condição? Então, por exemplo, nós temos aqui recolhido no presídio federal de Brasília o líder do PCC. Claro, há uma distância muito grande entre o ex-presidente e o líder do PCC. Mas ele tem direito de dar entrevista também?
Mas Marcola já deu entrevista, inclusive ao Correio em 2001…Acho errado. Quando eu era juiz de execução no presídio federal de Catanduvas (PR), teve pedidos de entrevistas de alguns presos extremamente perigosos, líderes do Comando Vermelho, eu neguei, porque acho inapropriado.
O sonho do senhor sempre foi o Supremo?Não. Primeiro não tem vaga no Supremo. Sempre vai haver vaga, porque os ministros se retiram, agora, acho inapropriado discutir vagas no STF quando não há vaga.
Mas o próprio presidente citou essa questão…Hoje eu sou ministro da Justiça e da Segurança Pública, e o meu foco é realizar esse trabalho. Surgindo essa vaga, não sei se serei convidado, e caso convidado, não sei se aceitarei, porque serão outras circunstâncias. Agora, é uma posição ambicionada por muitas pessoas, até porque é instituição muito admirada. O próprio presidente esclareceu. Eu nunca estabeleci condição para vir ao ministério e assumir uma vaga no Supremo. Não seria sequer apropriado. Eu falei isso no passado, o presidente talvez se sinta com esse compromisso e externou dessa forma, mas eu posso assegurar com absoluta veracidade que nunca houve uma condição dessa espécie.
Se a segunda turma do STF anular a condenação do ex-presidente Lula, o senhor acredita que poderá desacreditar a Lava-Jato?Acho que o Supremo tem de decidir conforme as provas e a lei. O STF foi chamado sobre isso antes do recesso, e a maioria decidiu que não havia plausibilidade. Agora, as decisões do STF só cabem ao STF.
Não sendo candidato a presidente ou ministro do Supremo, o senhor vai advogar?Faria que nem o Luke Skywalker (personagem da série cinematográfica Star Wars). Sumiria por 20 anos e voltaria no episódio 8.

Lava Jato foi um processo corrupto engolindo outro, aponta revista britânica

Artigo publicado na Prospect Magazine nesta semana revela como o combate à corrupção se tornou uma obsessão no Brasil; "A corrupção se estende continuamente na política brasileira e, como fica óbvio com essas mensagens, isso inclui aqueles que afirmam lutar contra ela", escreve Julia Blunck
A Polícia Federal prende o banqueiro Eduardo Plass em nova etapa da Operação Hashtag, desbodramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.
A Polícia Federal prende o banqueiro Eduardo Plass em nova etapa da Operação Hashtag, desbodramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. (Foto: Tomaz Silva/ABR)

Por Julia Blunck, na Prospect Magazine (tradução voluntária de O. Ramos) - A corrupção ocupa o espaço de um pecado original na mente brasileira, da qual derivam todos os outros males da sociedade brasileira. Se há crianças dormindo na rua; se cenas de guerra ocorrem em bairros densamente povoados; se os hospitais não podem fornecer vacinas porque não receberam agulhas — é por causa da corrupção.
A ascensão do ministro [da Justiça] e ex-juiz federal Sergio Moro está intrinsecamente ligada a essa obsessão. Quando a Operação Lava Jato deixava de ser um dos menores escândalos em andamento do Brasil para se tornar um gigante que envolveu o governo, Moro se tornou o mais novo defensor do país contra a corrupção. Com seus ternos pretos e aparentemente inabalável retidão moral, havia algo fascinante sobre o modo como Moro encarcerava homens outrora vistos como intocáveis.
Toda semana, a Operação Lava Jato trazia uma nova lista de prisões, e o país ficava em êxtase, aguardando ansiosamente ver as fotos de políticos algemados. Essas eram as pessoas responsáveis ​​por tudo que deu errado e sempre foi errado no Brasil, e houve um grande prazer em vê-las sendo humilhadas, tentando ocultar os pulsos, desviando o olhar das câmeras. A Lava Jato viu a mídia como parte integrante de sua operação; somente com a mídia a seu lado [a operação] poderia se dar ao luxo de enfrentar o monstro da corrupção.
Durante essa fase da Operação Lava Jato, para um certo tipo de brasileiro — mais precisamente da classe média alta de direita — Moro se tornou não um emissário de justiça, mas um super-herói. Moro foi a antítese da figura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva que, mesmo em 2015, lançou uma longa sombra sobre a política de sua sucessora, Dilma Rousseff.
Moro era discreto e Lula, expansivo; ele era elegante e Lula, áspero. Acima de tudo, Moro era juiz, cargo da elite suprema na sociedade brasileira, enquanto Lula ainda se enquadrava — e era enquadrado — como um sindicalista de baixa escolaridade que teve sorte. Para os aliados de Lula, Moro usou a corrupção como uma desculpa para processar politicamente o partido de esquerda mais importante do país; para os inimigos de Lula, Moro foi o escolhido para finalmente expor o coração podre do país, controlado pelo Partido dos Trabalhadores.
Entre 2015 e 2018, o confronto Moro vs. Lula foi uma guerra lenta, durante a qual a Operação Lava Jato avançou, centímetro por centímetro, em direção ao ex-presidente. Nesse meio tempo, Dilma Rousseff foi afastada; a Petrobras, amada estatal petrolífera do país, teve sua reputação arruinada; e muito do progresso feito durante os anos 2000 parou ou regrediu ativamente..
Moro finalmente venceria quando, a dois meses da eleição que levaria Bolsonaro ao poder, enviou os mandados de prisão de Lula. Para os que creem na Lava Jato, foi uma vitória não apenas por causa de um trabalho bem feito, mas uma derrota profundamente moral de um homem cujos crimes ficaram impunes nas urnas.
De lá para cá, Moro, de Super-Homem se transformou no incrível homem encolhido. Moro se juntou ao governo de Bolsonaro como ministro da Justiça quase tão logo o resultado foi anunciado. Ele, no entanto, não previu que os políticos enfrentam reveses que um juiz nunca enfrenta — particularmente quando aliado a um político tão instável quanto Bolsonaro. O novo ministro já havia passado por uma série de humilhações antes da mais recente: a exposição por parte do Intercept de suas mensagens com procuradores durante suas ações como juiz designado da Lava Jato.
O material é condenável e banal. Nas mensagens, Moro atua como promotor quase auxiliar, reclamando da defesa de Lula, compartilhando informações e aconselhando os próximos passos a serem dados. Essas não são as ações de um juiz imparcial e incorruptível: de fato, são em si mesmas, corrupção.
No entanto, nisso está a banalidade: todos os brasileiros sabiam, em algum nível, que Moro não era imparcial ou ético. Qualquer sinal remanescente dessa ilusão foi quebrado quando ele disse sim a um cargo no governo de Bolsonaro. Aqueles que o odeiam não estão surpresos; aqueles que o amam não se importarão.
Sergio Moro, com toda a probabilidade, sobreviverá a esse escândalo. Para Bolsonaro, Moro ainda tem utilidade, e nenhuma quantidade de cobertura negativa pode fazer com que um homem que elogia a tortura de dissidentes se sinta envergonhado. A corrupção se estende continuamente na política brasileira e, como fica óbvio com essas mensagens, isso inclui aqueles que afirmam lutar contra ela.
Talvez Lula pertença a uma cela de prisão, mas Moro não consegue ignorar o devido processo para dizê-lo. A Lava Jato, no final, era simplesmente um processo corrupto engolindo outro. Para o resto do país, não há salvadores.







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Lava Jato tramou vazamento de delação para interferir na política da Venezuela após sugestão de Sergio Moro


As mensagens secretas da Lava JatoLAVA JATO TRAMOU VAZAMENTO DE DELAÇÃO PARA INTERFERIR NA POLÍTICA DA VENEZUELA APÓS SUGESTÃO DE SERGIO MOR

Relembre principais momentos da carreira de João Gilberto

Sábado, 06 de Julho de 2019 - 18:40

por Folhapress

Relembre principais momentos da carreira de João Gilberto
Foto: Mauricio Pessoa Produções / Divulgação
Ícone da bossa nova, o cantor e compositor João Gilberto morreu neste sábado (6), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi anunciada pelo filho do músico, João Marcelo Gilberto, nas redes sociais (veja aqui).

A causa da morte ainda não foi divulgada. Além de Marcelo, ele deixa outros dois filhos, Bebel e Luísa.

Relembre abaixo os principais momentos da carreira do músico:
10.jun.1931
- Nasce em Juazeiro, na Bahia, filho de Juveniano Domingos de Oliveira (comerciante) e de Martinha do Prado Pereira de Oliveira.

1949
- Muda-se para Salvador, onde inicia sua carreira profissional integrando o cast de artistas da Rádio Sociedade da Bahia.

1950
- Muda-se para o Rio de Janeiro, onde integra o conjunto Garotos da Lua como crooner, com o qual grava, em 1951, dois discos de 78 rpm, lançados pela gravadora Toda América.

1952
- Inicia sua carreira solo, gravando um disco de 78 rpm para a gravadora Copacabana.

1955
- Reside em Porto Alegre e, no final do ano, parte para Minas Gerais, onde passa um tempo com a família, dedicando-se ao estudo do violão.

1958
- Acompanha ao violão a cantora Elizeth Cardoso na gravação de "Chega de Saudade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "Outra Vez", faixas incluídas no LP "Canção do Amor Demais";
- Grava um disco de 78 rpm contendo "Chega de Saudade" e "Bim Bom", de sua autoria;
- Casa-se com Astrud Evangelina Weinert, que fica conhecida como Astrud Gilberto e se torna uma das cantoras mais importantes da história da música brasileira.

1959
- Lança outro 78 rpm em que grava "Desafinado" (de Tom Jobim e Newton Mendonça) e "Ho-ba-la-lá", de sua autoria. Nesse mesmo ano, grava seu primeiro LP, "Chega de Saudade", lançado pela Odeon, com produção musical de Aloysio de Oliveira e arranjos de Tom Jobim.

1960
- Grava o LP "O Amor, O Sorriso e A Flor", também pela Odeon, com destaque para "Samba de Uma Nota Só" (Tom Jobim e Newton Mendonça), canção também emblemática da bossa nova.

1961
- Grava seu terceiro LP, "João Gilberto", destacando-se "O Barquinho" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

1962
- Participa de concerto no Carnegie Hall, em Nova York, produzido pela Audio Fidelity Records e patrocinado pelo Itamaraty, com o objetivo de promover a bossa nova nos EUA.

1963
- Grava com Stan Getz o LP "Getz/Gilberto". O disco conta com a participação da cantora Astrud Gilberto na faixa "The Girl From Ipanema".

1965
- Casa-se com Heloísa Maria Buarque de Hollanda, a Miúcha;
- Recebe o Grammy ("Best Album") pelo disco "Getz/Gilberto".

1966
- Nasce, em Nova York, sua filha Bebel Gilberto. Nesse mesmo ano, foi lançado nos Estados Unidos o disco "Getz/Gilberto nº 2".

1970
- Lança o LP "João Gilberto en Mexico", com destaque para o bolero "Farolito", de Agustin Lara, além de "O Sapo" (João Donato) e "De Conversa em Conversa" (Lúcio Alves).

1973
- Grava o LP "João Gilberto", que inclui "Águas de Março" (Tom Jobim) e "Isaura" (Herivelto Martins e Roberto Roberti).

1976
- Lança o LP "Best of Two Worlds", que conta com a participação de Stan Getz e Miúcha.

1978
- Volta ao Brasil para gravar especial de televisão, apresentando-se no Teatro Castro Alves (Salvador) e no Teatro Municipal (São Paulo).

1980
- Grava o especial "João Gilberto Prado Pereira de Oliveira" para a TV Globo, que conta com a participação de Bebel Gilberto e Rita Lee.

1982
- Participa do Festival de Montreux (Suíça), que rende o lançamento do CD duplo "Live at the 19th Montreux Festival".

1987
- Recebe do governo brasileiro a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de comendador.

1990
- É lançado nos Estados Unidos o CD "The Legendary João Gilberto", coletânea dos três primeiros LPs de João gravados na Odeon, que resulta num processo contra a EMI.

1991
- Lança o CD "João", com destaque para "Ave-Maria no Morro" (Herivelto Martins), "Sampa" (Caetano Veloso) e "You Do Something to Me" (Cole Porter);
- Grava um jingle chamado Bossa Nova nº1, para a Brahma. Com produção sofisticada, o comercial é gravado no Theatro Municipal de São Paulo, com direção de Walter Salles e é acompanhado por uma série de eventos da Brahma.

1994
- Realiza concertos, tendo a filha Bebel Gilberto como convidada, no Palace (SP). Uma destas apresentações é gravada ao vivo e se torna o CD "Eu Sei Que Vou Te Amar".

1999
- Em 29 de setembro, durante inauguração da casa de show Credicard Hall, em São Paulo, João Gilberto, que se apresenta com Caetano Veloso, faz duras críticas ao sistema de som, diante de uma plateia formada por políticos e convidados de patrocinadores. Vaiado, o músico mostra a língua, em momento flagrado pelo jornal Folha de S.Paulo, e diz que nunca mais se apresentaria no local novamente.

2000
- Lança o disco "João, Voz e Violão", pela Universal Music, com produção musical de Caetano Veloso. O disco incluiu regravações de "Chega de Saudade" e "Desafinado".

2001
- Recebe o Grammy na categoria Best World Music Album, pelo disco "João Voz e Violão".

2003
- Apresenta-se (voz e violão) no Tokyo International Forum Hall A, no Japão.

2008
- Após 14 anos de ausência dos palcos cariocas, apresenta-se no Theatro Municipal do Rio, celebrando os 50 anos da bossa nova, sendo acompanhado pela plateia em coro, ao final do espetáculo, na canção "Chega de Saudade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

2009
- A revista DownBeat elege João Gilberto como um dos 75 melhores guitarristas da história do jazz e como um dos cinco maiores cantores de jazz.

Bahia Notícias

Wagner está entre citados na delação de Léo Pinheiro, diz revista


O senador baiano Jaques Wagner está entre os citados na delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, informa a coluna Radar da revista Veja. Após alterar versões de seu primeiro acordo de delação para incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Pinheiro aguarda há cinco meses a homologação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da nova delação, prestada entre janeiro e fevereiro deste ano. As declarações do empreiteiro estão paradas na gaveta da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Ex-governador da Bahia e senador, Wagner sugeriu na última quinta-feira (4) que o empreiteiro sofreu ameaças para escrever carta enviada para o jornal Folha de S. Paulo na qual o ex-executivo da OAS reitera acusações contra Lula (veja aqui). 

A coluna informa que na metade das negociações da delação de Léo Pinheiro com a PGR havia pelo menos sessenta anexos: cinco sobre Lula, um de Dilma e Jaques Wagner, doze de fraudes na Petrobras, três sobre Eduardo Cunha, três de Sérgio Cabral, dois de Aécio Neves, além de roubos no Rio e em outros seis países..

Bahia Notícias

PF fecha por completo investigações sobre facada em Bolsonaro

PF fecha por completo investigações sobre facada em Bolsonaro
Foto: Reprodução / TV Globo
Depois de dez meses, a Polícia Federal (PF) fechou por completo as investigações sobre a facada de Adélio Bispo em Jair Bolsonaro durante a época da campanha presidencial (lembre aqui). 

O presidente disse na última sexta-feira (5) que, apesar de não ter acesso ao processo, conversa frequentemente com o ministro Sergio Moro. “Nós esperamos que a nossa PF chegue realmente à elucidação dos fatos. Tem muita coisa acontecendo, tenho conhecimento, mas não posso falar”, disse Bolsonaro. 

Adélio Bispo de Oliveira é autor confesso do atentado e foi absolvido pelo juiz federal Bruno Savino, em razão de ter sido considerado inimputável. Durante avaliação psiquiátrica após tentar assassinar Bolsonaro, Adélio declarou que o então candidato queria “entregaria nossas riquezas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), aos maçons e à máfia italiana”. Ele afirmou ainda que, como consequência da eleição de Bolsonaro, “seriam mortos pobres, pretos, índios, quilombolas homossexuais, só ficando os ricos maçons dominando as riquezas do Brasil”.

O autor do atentado ao presidente Jair Bolsonaro deve ficar internado por tempo indeterminado e deve ser submetido a perícia médica daqui a três anos. 

Bahia Notícias

Novos diálogos de Moro sugerem que Lava Jato atuou para expor dados sigilosos da Venezuela

Domingo, 07 de Julho de 2019 - 09:40


Novos diálogos de Moro sugerem que Lava Jato atuou para expor dados sigilosos da Venezuela
Foto: Divulgação
Com sugestão do ministro da Justiça, Sergio Moro, integrantes da Operação Lava Jato se mobilizaram para expor dados sigilosos sobre a corrupção na Venezuela. A informação foi revelada após a divulgação de novos diálogos entre Moro e a força-tarefa, pelo The Intercept Brasil em parceria com o Folha de S.Paulo.

Os diálogos apontam que o propósito principal da iniciativa de Moro era dar uma resposta política ao endurecimento do regime imposto pelo ditador Nicolás Maduro ao país vizinho, mesmo que a ação não tivesse efeitos jurídicos.

As mensagens mostram que a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba dedicaram meses de trabalho ao projeto. Os procuradores discutiram o assunto na tarde do dia 5 de agosto de 2017, depois que Moro escreveu ao chefe da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, no aplicativo Telegram.

“Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela”, disse o juiz. “Isso está aqui ou na PGR?”, completou. 

Deltan afirmou, em resposta a Moro em 2017, que a ação motivaria críticas e “haveria um preço”. “Mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”, acrescentou o procurador.

Moro retrucou, mais preocupado com a divulgação das informações da Odebrecht do que com a possibilidade de uma ação judicial. “Tinha pensado inicialmente em tornar público”, escreveu a Deltan. “Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade”, falou. 

Bahia Notícias

O mundo está trafegando por redes sociais que mais parecem redes canibais


Resultado de imagem para redes sociais chargesFrei Betto  (O Globo)                  Ilustração: André Dahmer
Se não sabemos usá-las adequadamente, devoram o nosso tempo, humor, civilidade. Daí a resistência em chamá-las de redes sociais. Nem sempre a sociabilidade supera a hostilidade
Canibal é todo aquele que devora indivíduos de sua espécie. Para isso, precisa dominar a presa. Torná-la indefesa. Então, trata de devorá-la. Esta é a face medonha das redes digitais, tão úteis para facilitar a nossa intercomunicação. Assim como veículos – aviões, carros, motos – são úteis à nossa mobilidade mais rápida e, no entanto, usados também para atentados terroristas, como na queda das Torres Gêmeas de Nova York. Do mesmo modo, as redes digitais possuem seu lado sombrio.
Se não sabemos usá-las adequadamente, devoram o nosso tempo, o nosso humor, a nossa civilidade. Daí a minha resistência em chamá-las de redes sociais. Nem sempre a sociabilidade supera a hostilidade. Inclusive devoram o nosso sono, pois há quem já não consiga desligar o smartphone na hora de dormir.
CONFINADOS – Devoram também a nossa capacidade de discernimento, na medida em que nos tribalizam e nos confinam em uma única visão de mundo, sem abertura ao contraditório e tolerância a quem abraça outra ótica.
A medicina já está atenta a uma nova enfermidade, a nomofobia. Termo surgido na Inglaterra, deriva de no-mobile, destituído de aparelho de comunicação móvel. Em síntese, é o medo de ficar sem celular. É a mais recente doença aditiva, sobre a qual os terapeutas se debruçam. Há quem fique horas nas redes, muito mais naufragando que navegando.
A face canibal do celular devora ainda o nosso protagonismo. É ele que, por via de suas múltiplas ferramentas e aplicativos, decide o rumo de nossas vidas.
PÓS-VERDADE – A enxurrada de informações que recaem sucessivamente sobre cada um de nós, quase todas descontextualizadas, nos conduz inelutavelmente ao território da pós-verdade. Elas tocam a nossa emoção e, céleres, neutralizam a nossa razão. Com certeza a maioria de nós não é capaz de, gratuitamente, ofender um estranho na padaria da esquina. Porém, nas redes muitos endossam difamações, acusações levianas e calúnias. Haja fake news!
Há mais de 70 anos, meu confrade Dominique Dubarle escreveu sobre a cibernética: “Podemos sonhar com um tempo em que uma máquina de governar viria a suprir a hoje evidente insuficiência das mentes e dos instrumentos habituais da política” (Le Monde, 28/12/1948).
O Leviatã cibernético previsto pelo frade dominicano francês hoje tem nome: Google, Facebook, WhatsApp etc. Essas corporações devoram todos os nossos dados para que a regulação algorítmica repasse às ferramentas incapazes de nos enxergar como cidadãos. Para elas, somos meros consumistas. Eis a era do Big Data.
ÓDIO E VINGANÇA – As redes digitais devoram inclusive a realidade na qual estamos inseridos. Nos deslocam para a virtualidade e ativam em nós sentimentos nocivos de ódio e vingança. O príncipe encantado se transforma em monstro. Os valores humanitários se esgarçam, a ética se dissolve, a boa educação é descartada. Importa agora, com esta arma eletrônica nas mãos, travar a batalha do “bem” contra o “mal”. Deletar os inimigos virtuais após crucificá-los com injúrias que se multiplicam através de hipelink, vídeo, imagem, website, hashtag, ou apenas por uma palavra ou frase.
Eis o que pretende cada emissor: viralizar o que postou. O próprio verbo deriva de vírus, substantivo empregado na biologia; derivado do latim, significa “veneno” ou “toxina”. Cria-se assim a pandemia virtual! Preciso ler rápido este email ou zap porque outros tantos me aguardam na fila! E, se for o caso, responder em texto conciso, ainda que agrida todas as regras da gramática e da sintaxe. Segundo a pesquisadora Maryanne Wolf, em média acessamos, por dia, 34 gigabytes de informação, um livro com 100 mil palavras. Sem tempo suficiente para absorção e reflexão.
Corremos o risco de dar um passo atrás no processo civilizatório. A menos que famílias e escolas adotem algo similar ao advento do carro, quando se percebeu a necessidade de criar autoescolas para educar motoristas. O celular está a exigir, também, uma pedagogia adequada ao seu bom uso.
(artigo enviado pelo auditor Darcy Leite)

Em matéria de fake news, não existe nada igual ao jornalismo praticado no Brasil


Resultado de imagem para frases de nietzscheCarlos Newton
Há dois cariocas que fazem muita falta – Vinicius de Moraes e Sérgio Porto. Se ainda estivessem entre nós, ficariam surpresos com o reaproveitamento de suas ideias geniais. Tudo aqui no Brasil agora acontece de repente, não mais que de repente, como dizia o poeta, e o festival de besteira que o jornalista identificou  nos anos 60 se tornou um nunca-acabar. E tudo parece ser aparente, nada é para valer, vivemos num mundo virtual caboclo jamais imaginado por visionários como George Orwell, Aldous Huxley ou Friedrich Nietzsche.
Todos sabem que o maior problema do país é o crescimento da dívida pública, mas esse assunto ninguém se interessa em discutir, é considerado uma espécie de fake news, o fenômeno  da moda, que realmente está a motivar as autoridades.
INVESTIGAÇÃO – O Supremo Tribunal Federal saiu na frente e abriu rumorosa investigação sobre as fake news. No início, houve uma discussão infernal, o relator Alexandre de Moraes tomou uma série de iniciativas ruidosas. Mas de repente, não mais que de repente, tudo parou e a própria investigação passou a ser encarada como fake news.
O Congresso Nacional, ao invés de se preocupar com as questões que inquietam o país, imitou o Supremo e acaba de abrir a CPI das Fake News para dar sequência a esse moderno festival de besteiras, pois sua investigação também não vai chegar a lugar algum.
Os parlamentares ainda não entenderam que no Brasil é tudo fake news. Vejam o caso do The Intercept. A cada dia o site binacional publica diversas notícias manipuladas para atacar o ministro Sérgio Moro e a Lava Jato, é tudo imediatamente desmentido, mas sabe-se que no dia seguinte virão outras notícias, que também serão desmentidas e por aí a coisa vai, num moto-contínuo totalmente despropositado.
Resultado de imagem para orwell frasesLABORA-TÓRIO – Na verdade, o Brasil do Século XXI é uma espécie de laboratório da maluquice universal. Aqui debaixo do Equador, o Big Brother de Orwell é o aparelho celular, que as pessoas ficam manuseando o dia inteiro; o Admirável Mundo Novo de Huxley é a Belíndia, uma mistura de Bélgica e Índia vislumbrada pelo economista Edmar Bacha, onde a riqueza total insiste em conviver com a miséria absoluta, como se isso pudesse dar certo; e o Zaratustra de Nietzsche não conseguiu prever nada do que aconteceria nessa terra ensolarada e preguiçosa.
Ao contrário do que teria constatado Orson Welles quando por aqui esteve, é tudo mentira. Nesta semana, por exemplo, os jornais e os analistas alardearam que a Bolsa de Valores bateu todos os recordes, com os investidores entusiasmados com a aprovação da reforma da Previdência, fato que na verdade ainda nem ocorreu.
Resultado de imagem para aldous huxley frasesA disparada da Bolsa também é uma fake news, porque a reforma meia-sola da Previdência não vai ter influência na economia, quem investe na Bolsa são os otários de sempre, que abandonaram os fundos por causa da baixa rentabilidade e acham que descobriram a pólvora financeira.
RETOMADA – A Previdência, para se normalizar, precisa que o país saia da recessão e haja combate à sonegação e às fraudes legais e ilegais, como a “pejotização” de trabalhadores de alta renda. Aliás, se a economia estivesse crescendo, ninguém nem falaria em reformar a Previdência, seria mais uma fake news.
Os parlamentares da CPI mista terão muito trabalho, se realmente quiserem combater esse fenômeno. Basta lembrar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, avisou que, se mudassem a reforma da Previdência, pediria demissão e iria morar lá fora; a ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, também fala em abandonar o governo; o ministro Marcelo Antônio, do Turismo, diz que está cem por centro tranquilo em relação às candidatas laranjas; e o presidente Jair Bolsonaro mandou os filhos pararem de interferir no governo.
Ninguém se importa com essas notícias, porque todos sabem que é tudo fake news. O importante é a decisão da Copa América, com a presença de Bolsonaro e Moro. E la nave va, cada vez mais fellinianamente.

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