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terça-feira, abril 29, 2008

Polícia investiga suposto envolvimento de Ronaldo com travestis

Agência Reuters
A polícia do Rio de Janeiro abriu nesta segunda-feira dois inquéritos para investigar o suposto envolvimento do atacante Ronaldo com travestis.Segundo a polícia, o jogador do Milan teria deixado uma boate na Barra da Tijuca acompanhado de três pessoas e se dirigido a um motel do mesmo bairro.No local, Ronaldo teria descoberto que as acompanhantes eram travestis. Ele, então, teria oferecido 1.000 reais para que os travestis desistissem do programa.Dois dos três travestis teriam aceitado o acordo, mas um deles, identificado com André Luiz Ribeiro Albertino, teria cobrado uma quantia vultuosa para que o assunto não fosse vazado para a imprensa.O travesti foi até a delegacia na Barra para prestar queixa contra o jogador. Os policiais ficaram surpresos quando, no meio do depoimento, o travesti deixou a delegacia.Representantes de Ronaldo, campeão do mundo com a seleção brasileira em 1994 e em 2002 e atacante do Milan, não estavam imediatamente disponíveis para comentar o incidente.De acordo com o delegado Carlos Augusto Nogueira, haverá dois inquéritos: um vai apurar uma eventual tentativa de extorsão do travesti a Ronaldo e o outro pretende investigar a denúncia de que o jogador ameaçou os travestis para que não prestassem depoimento."As duas versões, tanto dos travestis, quanto do senhor Ronaldo, tenho que verificar. Os indícios apontam coisas estranhas porque uma pessoa não foge assim da delegacia quando na verdade eu quis amparar esse travesti", declarou Nogueira."Ronaldo falou que não está bem de cabeça e está passando por problemas psicológicos em razão desta última operação. O jogador disse que queria se divertir e não queria extravasar com pessoas (conhecidas). Não encontramos drogas", completou o delegado.O atacante passou por uma cirurgia no joelho em fevereiro e deve ficar cerca de nove meses sem jogar. Ele está no Rio para se recuperar da lesão.
Fonte: A TARDE

Embolou o meio-campo

Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Em São Paulo e em Minas, embolou o meio-campo. Geraldo Alckmin vem sendo traído e decidiu engrossar. Esta semana, começará a distribuir canelada e tentará antecipar a convenção do PSDB paulistano para ver com quem pode contar. Se vencer, deixará José Serra de saia justa. Fernando Henrique Cardoso também.
Se perder, quinze minutos depois será candidato declarado ao governo do estado, ignorando a prerrogativa de que Serra dispõe como "plano B", caso desista ou fique ultrapassado por Aécio Neves na disputa interna no ninho tucano. A desistência só acontecerá se vingar a proposta do terceiro mandato para Lula.
Nem seria preciso acrescentar que Alckmin, por força das circunstâncias, já virou cabo eleitoral do governador de Minas. Aécio tem consciência de que só por milagre se tornará candidato de consenso, apoiado pelo presidente da República. O PT deu mostras de que não vai deixar, ao explodir a armação para a prefeitura de Belo Horizonte. Essa realidade enfraquece, mas não afasta a hipótese de Aécio bandear-se para o PMDB. Caso não se concretize o terceiro mandato, fica óbvio que 2010 é uma dúvida, mas 2014, uma certeza, com a volta de Lula.
Não há como imaginar separadas as eleições municipais de outubro e as eleições presidenciais de dois anos depois. Estão entrelaçadas, como demonstram os acontecimentos recentes. Até porque, se Marta Suplicy ganhar a Prefeitura de São Paulo, aumentarão as chances de o País vir a ser governado por uma mulher, ainda que diminuindo a cotação das ações de Dilma Rousseff. Em suma, um meio-campo mais do que embolado, e com a desvantagem da ida de Joel Santana para a África do Sul...
De goleada, ganhou de São Pedro...
Para quem se dedica a estatísticas, pela quadragésima segunda vez o presidente Lula desmentiu a hipótese do terceiro mandato. São Pedro perde de goleada, só negou Jesus Cristo três vezes. Mesmo assim, tornou-se chefe da Igreja. Em entrevista aos Diários Associados, divulgada no fim de semana, o presidente chegou a taxar de obscenidade antidemocrática a possibilidade de disputar as eleições de 2010.
Não há porque duvidar da sinceridade dele, mas será sempre bom não esquecer as lições já referidas aqui de um dos maiores mestres da política nacional, o saudoso deputado e ex-presidente da Câmara, Zezinho Bonifácio. Para ele, todas as afirmações e compromissos existem para ser cumpridos, exceto diante do fato novo e do fato consumado. Tem sido assim através dos tempos.
Diante da certeza de um tucano instalar-se no Palácio do Planalto, admitirão o PT e seus aliados abrir mão do poder? As massas pensarão na volta ao tempo das agruras e do desemprego? E os banqueiros, frente à iminência de considerável redução em seus lucros? Ficariam de fora as centrais sindicais? O Supremo Tribunal Federal? Oito de seus onze ministros, no mínimo, terão sido nomeados pelo presidente Lula. No Congresso, solidifica-se a maioria governista. Os militares? Os militares, como um dia disse Getúlio Vargas, "os militares baterão continência...".
Ações em alta
Na Câmara e no PMDB, tem gente começando a comprar as ações do deputado Ibsen Pinheiro. Injustiçado como poucos, anos atrás, por conta de uma irresponsabilidade jornalística, imaginava-se encerrada sua trajetória política. Erro. Voltou pelas mãos do eleitorado e pelo reconhecimento de seus colegas. Não pleiteia nada, mas poderá ser convocado na hipótese de algum curto-circuito na fiação em uso.
Fonte: Tribuna da Imprensa

ANJ e Unesco discutem liberdade de informação

BRASÍLIA - Revogação da Lei de Imprensa, discussão da lei de acesso à informação e censura prévia aos meios de comunicação por decisões judiciais. Esses são três dos assuntos na pauta da 3ª Conferência Legislativa sobre a Liberdade de Imprensa organizada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A conferência será realizada hoje, a partir das 9h30, no auditório da TV Câmara, no Congresso Nacional.
Como um dos palestrantes do evento, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, considera importante uma ampla discussão sobre a liberdade da atividade da imprensa no Brasil. "Mede-se o índice democrático de um País pela possibilidade do seu cidadão se exprimir e dos jornais e demais veículos de comunicação exprimirem essa vontade do cidadão. Não há democracia com liberdade de imprensa cerceada ou tolhida.
Eis um dos grandes acertos da Constituição Federal: reconhecer a autonomia do pensamento e garantir a liberdade de expressão. Esse foi um dos grandes avanços constitucionais. Espero que ele chegue às mentes dos magistrados, quando estes decidem o tempo todo sobre a questão da liberdade de expressão, alguns chegando ao absurdo de entender que ainda existe no Brasil a censura prévia", diz Britto.
Outro dos palestrantes, o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), quer ampliar essa discussão. Autor do pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) da revogação da Lei de Imprensa - ação que já serviu para suspender boa parte de seus efeitos -, Miro defende que o Brasil aprove o mais rapidamente possível a lei de acesso à informação. A partir da sua adoção, qualquer pessoa poderá ter acesso a informações disponíveis em órgãos públicos pelos quais tenha interesse particular.
A Organização das Nações Unidas (ONU) defende a adoção dessa norma e mais de 70 países já se comprometeram publicamente a apoiar esse termo. O projeto ainda está sendo examinado pela Casa Civil.
"Será um grande avanço para o Brasil adotar a lei de acesso", afirmou Miro. "Até a Albânia já assinou o termo se comprometendo com a ONU. Farei na conferência uma convocação para que as pessoas lutem pelo direito à informação e pelo direito de poder se requisitar documentos do governo. Hoje, existem muitos mecanismos de intimidação. Só que o povo é soberano. O poder de censura é do povo sobre os governos e não dos governos sobre o povo. E hoje é zero a soberania no Brasil do direito à informação."
Além de defender a extinção da Lei de Imprensa, Miro também propõe que sejam excluídas partes de qualquer lei que sirvam para restringir o acesso à informação livre no País. "A Lei de Imprensa era o cancro mais visível disso tudo", disse Miro. "Mas isso é só a ponta. Hoje existem muitos mecanismos de proteção aos homens públicos que impedem o direito de informar. No meu entender, não pode haver nenhuma lei geral, nem artigo de Código Penal ou de outra coisa qualquer, que possa ser utilizado para restringir o direito do cidadão à informação."
Fonte: Tribuna da Imprensa

Maioria quer terceiro mandato

Pesquisa mostra que eleitor é favorável à revisão constituição para Lula se candidatar
BRASÍLIA - Uma eventual alteração da Constituição para possibilitar um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria o apoio de 50,4% dos brasileiros e seria rejeitada por 45,4%, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, a situação é de quase empate técnico. O mesmo levantamento mostra que, na hipótese de a reeleição ser permitida, Lula seria o favorito, embalado pela avaliação positiva recorde de seu governo e de seu desempenho pessoal.
Lula lidera até a pesquisa espontânea sobre as eleições presidenciais de 2010, com 29,4% - uma mostra de que expressiva parcela da população ignora ou quer ignorar o fato de que o petista está legalmente impedido de se candidatar. A pesquisa espontânea é aquela em que o entrevistado cita o nome de sua preferência sem consultar uma lista de candidatos.
No levantamento estimulado, sem o nome de Lula na lista, o tucano José Serra aparece como líder, com 36,4% das intenções de voto, à frente de Ciro Gomes (16,9%), Heloísa Helena (11,7%) e Dilma Rousseff (6,2%).
Quando questionados sobre uma hipotética alteração constitucional que permitisse o terceiro mandato, e sobre uma eventual disputa entre Lula e Serra, os entrevistados optam majoritariamente pelo petista (51,1% a 35,7%).
Excluídos os votos brancos e nulos, o presidente teria 58,8%, e o governador de São Paulo, 41,2%. O quadro é bastante similar aos das eleições de 2002 e 2006, que Lula venceu, no segundo turno, por 61,3% a 38,7% (contra Serra) e por 60,8% a 39,2% (contra Geraldo Alckmin).
Dilma, nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sobiu de 4,5% para 6,2% entre fevereiro e abril. Já Serra também caiu, de 38,2% para 36,4%.
Na lista em que Dilma é trocada pelo nome do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), os votos de Serra caíram de 37,5%, em fevereiro, para 34,2%, em abril. Os de Ciro Gomes cederam de 19,6% para 17,8%. E Heloísa Helena subiu de 13,9% para 14,1%. O ministro Patrus Ananias fica com desempenho pior que o de Dilma, com 3,8% em abril, ante 3,4%, em fevereiro.
Na lista em que José Serra é substituído pelo governador Aécio Neves (PSDB), de Minas Gerais, a ministra Dilma Rousseff amplia a sua vantagem. Os votos na ministra subiram de 5,4% em fevereiro para 7% em abril. Considerando essa lista, o senador Ciro Gomes ganharia a disputa, mas seus votos diminuíram em abril, ante fevereiro, caindo de 25,8% para 23,7%. Os votos em Aécio Neves também caíram de 16,6% para 16,4%. Já os votos em Heloísa Helena cedem de 19,1% para 17,5%.
Na lista em que Geraldo Alckmin é o candidato do PSDB - é a primeira vez que ele entra na pesquisa -, Ciro Gomes sai na frente, com 23,2%; Alckmin fica com 17,2%; Heloísa Helena, com 16,3%; e Dilma Rousseff, com 7,6%. Em um eventual segundo turno, entre José Serra e Dilma Rousseff, o governador de São Paulo ganharia a eleição com 53,2%.
O percentual, no entanto, é menor do que na pesquisa anterior, quando Serra tinha 57,9% do apoio do eleitorado consultado. É a ministra que ganha espaço, aumentando os seus votos de 9,2% em fevereiro, para 13,6% em abril.
Em um eventual segundo turno entre Dilma e Aécio, o governador de Minas ganharia a eleição com 32,1% e Dilma receberia 18,3%. A despeito do segundo lugar, Dilma ampliou seus votos. Em fevereiro, Aécio ficaria com 36,9% e Dilma, com 14,5%.
A pesquisa entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 21 e 25 de abril em cinco regiões do País e 24 estados.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Esquema de corrupção envolve desembargador e juízes no MT

CUIABÁ - Relatório em poder do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e dos Ministérios Públicos Federal e Estadual denuncia esquema de fraudes e irregularidades da cúpula que comandou o Poder Judiciário de Mato Grosso entre 2003 e 2005. De acordo com o documento da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça, o grupo comandado pelo desembargador José Ferreira Leite e juízes pode ser denunciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha, estelionato, peculato, concussão e prevaricação.
As investigações correm em segredo de justiça. Entre as irregularidades, os magistrados teriam feito pagamentos de benefícios fictícios ou irreais, efetuados sem amparo legal. Os supostos pagamentos variavam entre R$ 50 mil e R$ 227 mil, que seriam correções salariais. A corregedoria não apurou o valor total desviado. Outra denúncia são empréstimos em nome de juízes para cobrir suposto rombo de uma loja maçônica e de uma cooperativa de crédito. Ambas operações irregulares motivaram um inquérito da Corregedoria de Justiça.
O documento "confidencial", ao qual a reportagem teve acesso, é assinado pelo corregedor-geral, desembargador Orlando de Almeida Perri. Conforme o relatório, os magistrados são acusados de montar um esquema de desvio de recursos públicos para prestar "solidariedade" à entidade privada ou a membros da loja maçônica Grande Oriente do Estado de Mato Grosso (GOEMT). Há, inclusive, cópias de recibo em que o ex-presidente do TJ repassa R$ 50 mil à GOEMT.
Com 144 páginas, o documento insinua que o grupo teria transformado o Departamento de Magistrados, órgão do TJ, numa espécie de caixa dois para liberar recursos beneficiando magistrados em operações suspeitas. O procurador-geral de Justiça, Paulo Roberto Jorge do Prado, confirma que recebeu o relatório e designou um promotor e um procurador para tomar as medidas cabíveis. "Já encaminhei o relatório para a Promotoria do Patrimônio Público apurar as responsabilidades", disse ele.
As irregularidades detectadas geraram desentendimentos entre os desembargadores e juízes. O ex-presidente do TJ ingressou com um hábeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para impedir as investigações da corregedoria. Além do ex-presidente do TJ e do seu filho, Marcos Aurélio dos Reis Ferreira, são citados no documento os juízes Marcelo de Souza Barros, Antonio Horácio da Silva Neto e Irênio Lima Fernandes.
A Assessoria de Imprensa do TJ informou que o atual presidente, Paulo Inácio Dias Lessa, tem conhecimento do relatório, e que vai se manifestar quando "concluir vistas dos autos". O desembargador recebeu uma cópia do documento dia 2 de abril, conforme ofício anexado em que solicita "providências cabíveis".
Fonte: Tribuna da Imprensa

segunda-feira, abril 28, 2008

Cerco à impunidade


É como dizem aqui em Jeremoabo/Bahia: " a garapa está azedando para os corruptos que sempre se beneficiaram com a impunidade". (Nosso site).
Juízes eleitorais, procuradores e OAB querem proibir político que tiver condenações na Justiça de se candidatar
Lúcio Lambranho
Candidatos condenados pela Justiça ou parlamentares protegidos pelo foro privilegiado com processos no Supremo Tribunal Federal (STF) que botem suas barbas de molho.
Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) querem impedir o registro de candidatura de quem tiver condenações na Justiça ou no Tribunal de Contas da União (TCU).
Como revelou o Congresso em Foco na última sexta-feira (25), um em cada quatro deputados pré-candidatos a prefeito (leia mais) responde a algum tipo de investigação no Supremo. Dos 114 integrantes da Câmara que pretendem disputar as eleições de outubro, 29 (veja lista) têm pendências judiciais na principal corte do país, onde tramitam os processos contra deputados e senadores.
A ofensiva contra os candidatos que respondem a processos, principalmente em crimes contra o patrimônio público, tem outra frente no Senado, sob o comando senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-procurador-geral de Justiça de Goiás.
O senador goiano é relator do Projeto de Lei 390/05, apresentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que prevê novas regras para inelegibilidade de candidaturas.
Vida pregressa
A idéia geral, segundo o senador, é fazer valer o que prevê a Constituição Federal, determinando que se julgue a vida pregressa dos candidatos. Isso está previsto no parágrafo 9º do artigo 14 da carta magna.
O primeiro ponto da PEC é determinar que o candidato seja declarado inelegível caso tenha sido condenado em primeira instância, mesmo que ele aguarde recurso em instâncias superiores.
A matéria está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas Demóstenes também estuda possibilidade de apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que poderá estender a impugnação de candidaturas para os condenados pelo Tribunal de Contas (TCU).
Atualmente, segundo o senador, a Justiça Eleitoral aceita que o candidato use recursos contra a decisão do TCU protocolados na Justiça para conseguir o registro eleitoral.
"Pelo projeto que estou terminando, só valerá se o juiz der provimento ou aceitar os recursos, o que só acontece muitas vezes no julgamento do mérito. Do jeito que está, basta entrar com o recurso. Com essas duas barreiras vamos eliminar 80% desses picaretas que pretendem ser candidatos", avalia o senador.
A PEC deve ser apresentada pelo senador ainda no mês de maio. Demóstenes disse ao Congresso em Foco que está colhendo opiniões dos ministros do STF e do TSE para evitar qualquer possibilidade de inconstitucionalidade na PEC.
"Tem muita gente fazendo discurso dizendo que é a favor, mas, como no caso do projeto dos suplentes, houve muita contestação. Vamos ver na hora do voto quem terá coragem de mostrar o que pensa", diz o senador sobre a possibilidade de aprovação da PEC na comissão do Senado.
Política e politicagem
Segundo o presidente da OAB, Cezar Brito, os dados obtidos pelo levantamento do Congresso em Foco justificam "mais do que nunca" a aprovação pelo Congresso de uma proposição de iniciativa popular encabeçada pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) que pretende modificar a legislação sobre crimes praticados por políticos.
Pelo projeto que tem o apoio da OAB e de outras 34 entidades, os políticos condenados em primeira instância não poderão fazer o registro de novas candidaturas para nenhum mandado eletivo. "Não se pode mais confundir política com politicagem. Quem administra ou quer administrar o bem público precisa mostrar lisura e ética em suas ações", acredita o presidente da OAB.
Cezar Brito também critica o foro privilegiado de deputados e senadores. A prerrogativa dos parlamentares de serem julgados apenas pela mais alta corte do país, aliada à morosidade desses julgamentos, tornou-se, segundo ele, "sinônimo de impunidade".
"Isso é ruim para imagem do STF e em nossa proposta de reforma política pretendemos que o prazo de inelegibilidade seja contado a partir do transitado em julgado (condenação definitiva) e não apenas no fim do mandato do parlamentar, como prevê a atual legislação. Do jeito que está, tudo favorece os recursos de quem não devia estar na política", diz.
Falta de estrutura no STF
O projeto de iniciativa popular do MCCE também pretende anular as candidaturas dos políticos que renunciarem ao mandato para escapar de punições. A meta do movimento é conseguir mais de 1,2 milhão de assinaturas para protocolar o projeto no Congresso. Clique aqui para participar da campanha.
"Se essa lei já estivesse aprovada, esses casos de candidatos processados mostrados pelo site já teriam suas candidatura fulminadas. O princípio da presunção de inocência deve ser mantida para ações penais e não transferida para questões eleitorais", defende o juiz eleitoral no Maranhão Marlo Reis, coordenador do MCCE.
Para o magistrado, também seria viável que os tribunais superiores se aparelhassem para dar conta dos processos contra políticos. Segundo ele, o foro privilegiado acabou se invertendo justamente porque o STF, por exemplo, não foi feito para coletar provas e muito menos ouvir testemunhas.
"Juízes ordinários, como os que estão atuando agora no caso do mensalão em conjunto com o relator da matéria, deveriam ser institucionalizados para resolver essa morosidade", diz Reis.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares, também defende mais rigor, mesmo sem alteração na legislação, na análise do registro dos candidatos. "Se o cidadão que pretende ser servidor público precisa mostrar que é idôneo por que os políticos não precisam se enquadrar na mesma regra?", questiona.
Inversão do ônus
O presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), José Carlos Cozenzo, lembra que os dados apurados pelo site são bem parecidos com um levantamento, realizado no final de 2007, por sua entidade. A pesquisa revelou que 60% dos prefeitos de todos os municípios brasileiros têm pelo menos algum processo tramitando na Justiça.
Segundo Cozenzo, são processos que vão desde crimes contra o patrimônio até improbidade administrativa. A Conamp, diz o presidente da entidade, apóia a PEC que será apresentada por Demóstenes para regular e garantir a inelegibilidade de candidatos condenados pela Justiça.
"Temos que inverter o ônus da provas nesses casos, pois é o candidato que tem que provar que tem probidade", explica o presidente da Conamp.
Câmara especiais
Outra alternativa estudada pela Conamp é a que pretende combater a morosidade dos processos contra deputados e senadores no STF com a criação de câmaras especiais no Supremo ou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para julgar apenas processos contra políticos.
Segundo Cozenzo, nos estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo, as câmaras especiais em segunda instância criadas para julgar prefeitos já surtiu resultado. "No Rio Grande do Sul e em São Paulo, os prefeitos enrolados não querem mais o foro privilegiado porque o julgamento é rápido", afirma. "E, quando se inverter o ônus da prova, se eliminará o recurso. O político é que vai querer acelerar o seu processo", explica o presidente da Conamp.
Fonte: congressoemfoco

É cabível o afastamento de Prefeito antes do trânsito em julgado da ação civil pública?

Comentário deste site: Agora como muitos leigos no assunto começamos a entender, porque o afastamento de Prefeito é igual a antiga propaganda do NYLON: “ senta levanta”, ou seja: sai num dia, entra no outro.

por Luiz Cláudio Barreto Silva


O afastamento de prefeito só é possível após o trânsito em julgado na ação civil pública. Esse é o comando contido na Lei de Improbidade Administrativa[1], em seu artigo 20, caput[2], em farta doutrina e volumosa jurisprudência. Por isso, sem decisão definitiva em ação civil pública não há falar-se em seu afastamento.
Não se desconhece, é certo, que em situações excepcionais esse comando pode ser quebrado, uma vez demonstrada a excepcionalidade da situação, como, por exemplo, ameaça à instrução do processo. Todavia, não se admite sequer mera cogitação acerca da mencionada ameaça: sua demonstração deve ser de forma concreta. Por isso, em casos excepcionais e presentes os requisitos, identificam-se alguns precedentes dos Tribunais nessa linha.
No entanto, a interpretação ao supramencionado dispositivo é no sentido da inviabilidade do afastamento, o que se extrai da oportuna lição de José Nilo de Castro:
"Registro aqui meu inconformismo com a possibi8lidade de afastamento do Prefeito antes do trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 20, caput). É que a autorização a juiz de primeiro grau para determinar afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, na literalidade do parágrafo único do artigo 20 supramencionado, não está a alcançar o agente público - agente político -, detentor de mandato eletivo. Isto porque se tem a previsão do agente político como sujeito à sanção de afastamento do exercício do mandato na disposição paragrafária do artigo 20. O Prefeito não titulariza cargo, nem emprego nem função a que corresponda remuneração também.
(...).
Sobremais, se se pudesse afastar o prefeito do exercício de mandato, ter-se ia de observar o disposto no artigo 5º, LV, da Constituição Federal, verbis:
Art. 5.º
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
(...).
Eis, aí, um dos dispositivos constitucionais mais desrespeitados por juízes. Porque decreta-se prisão preventiva ou provisória - o paciente é privado de sua liberdade, sem o devido processo legal, sem ser ouvido portanto. Decreta-se, por outro lado, aqui e alhures, sem ouvir o requerido, alimentos provisionais. Ora, perde-se bem, porque se priva de parte deles com cautelar fixando alimentos, sem contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal. É comuníssima a agressão a este preceito constitucional. Aqui, no Brasil, quer-se cumprir as leis, mas não se respeita a Constituição".[3]
Em igual sentido, precedente do Superior Tribunal de Justiça, da relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, com a seguinte ementa:
“PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDIDA CAUTELAR DE AFASTAMENTO DO CARGO. INTELIGÊNCIA DO ART. 20 DA LEI 8.429/92. 1. Segundo o art. 20, caput, da Lei 8.429/92, a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos, como sanção por improbidade administrativa, só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória. Assim, o afastamento cautelar do agente de seu cargo, previsto no parágrafo único, somente se legitima como medida excepcional, quando for manifesta sua indispensabilidade. A observância dessas exigências se mostra ainda mais pertinente em casos de mandato eletivo, cuja suspensão, considerada a temporariedade do cargo e a natural demora na instrução de ações de improbidade, pode, na prática, acarretar a própria perda definitiva. 2. A situação de excepcionalidade não se configura sem a demonstração de um comportamento do agente público que importe efetiva ameaça à instrução do processo. Não basta, para tal, a mera cogitação teórica da possibilidade da sua ocorrência. 3. Para configuração da indispensabilidade da medida é necessário que o resultado a que visa não possa ser obtido por outros meios que não comprometam o bem jurídico protegido pela norma, ou seja, o exercício do cargo. Assim, não é cabível a medida cautelar de suspensão se destinada a evitar que o agente promova a alteração de local a ser periciado, pois tal perigo pode ser contornado por simples medida cautelar de produção antecipada de prova pericial, nos exatos termos dos arts. 849 a 851 do CPC, meio muito mais eficiente que a medida drástica postulada. 4. Recurso especial provido”.[4]
Portanto, e sem desmerecer os posicionamentos em sentido contrário, sem a presença de situação excepcional, afronta a Constituição da República[5] e a própria Lei de Improbidade, decisão que sem o trânsito em julgado da ação civil pública afaste prematuramente o Prefeito.
Notas e referências bibliográficas
[1] BRASIL.
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. Lei de Improbidade Administrativa. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L8429.htm. Acesso em: 24 abr. 2008.
[2] Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
[3] CASTRO, José Nilo de. Revista de Direito Municipal. Belo Horizonte: Del Rey, ano III, n. 3, jan./jun, 2000, p. 35-36. (Destacou-se).
[4] STJ. REsp 550135 (MG). Relator: Min. Teori Albino Zavascki. Disponível em:
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=afastamento+e+prefeito+e+art+e+20+e+tr%E2nsito&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=1 . Acesso em: 24 abr. 2008.
[5] Brasil. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. Disponível em:
http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/ . Acesso em: 24 ago. 2007

*Luiz Cláudio Barreto Silva
Advogado, escritor, pós-graduado em Direito do Trabalho e Legislação Social, ex-Diretor Geral da Escola Superior de Advocacia da 12ª Subseção de Campos dos Goytacazes e Professor Universitário

Fonte: Revista Jus Vigilantibus, Domingo, 27 de abril de 2008



Prefeituras devem recadastrar beneficiados

Brasília - Até quarta-feira os municípios têm que atualizar os dados do cadastro único das famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família. Ao cruzar os dados do Bolsa Família e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a Controladoria Geral da União (CGU) identificou cerca de 46 mil famílias suspeitas de receber o benefício de maneira irregular, o que motivou o bloqueio do cadastro delas, e dois mil casos de irregularidades comprovadas, que levarão ao cancelamento do benefício.
O secretário de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Antônio Carlos Oliveira, explicou que no cruzamento de dados foi possível levantar irregularidades porque no Pronaf a renda das famílias é comprovada, enquanto no Bolsa Família ela é apenas declarada. “Se houver a exigência de comprovação de renda no cadastro, muitas família ficarão de fora do processo, justamente pela situação de vulnerabilidade em que elas se encontram”, ressaltou.
Oliveira afirmou ainda que a comparação dos dados do Bolsa Família com as informações de outros programas do governo é periódica, de modo a evitar fraudes: “A forma de manter o nível adequado de focalização do programa é fazendo esses cruzamentos periódicos, para que as famílias que tenham informado uma renda indevida, com o perfil da renda maior do que o exigido, deixem de participar do programa”. Outra fonte de dados que é usada para confrontar as informações do cadastro único é a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Segundo Antônio Carlos, “o governo federal transfere o benefício diretamente para as famílias, mas a responsabilidade da atualização cadastral e da inclusão da família no cadastro único é do município”. O gestor municipal, acrescentou, ao fazer o cadastro, deve ir à residência da família para comprovar se os dados informados no formulário são compatíveis com a realidade. Na avaliação do secretário, o número de irregularidades encontradas nas confrontações de dados é “residual” em relação ao tamanho do programa, que atinge 11 milhões de famílias com renda per capita de até R$120. (ABR)
Fonte: Correio da Bahia

Continua em marcha o terceiro mandato

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Os lógicos e os ingênuos responderão positivamente à pergunta se veio favorecer José Serra o fato de a direção nacional do PT proibir a aliança da secção mineira do partido com o PSDB. Afinal, o maior prejudicado foi o governador Aécio Neves, adversário do governador paulista na disputa pela indicação presidencial dos tucanos. Nas aparências, o governo federal colocou vasta azeitona na empada de Serra.
No entanto, é preciso prospectar mais fundo essa decisão dos companheiros, porque foi tomada pelo presidente Lula. A conseqüência imediata parece o enfraquecimento de Aécio no ninho e, mais, o seu afastamento do Palácio do Planalto, ou seja, da possibilidade dele trocar o PSDB pelo PMDB e aparecer como candidato oficial em 2010, já que o PT, coitado, continua sem nomes eleitoralmente fortes.
Assim, o show (perdão, o raciocínio) deve continuar: depois de afastados José Dirceu, Antônio Palocci, Dilma Rousseff, em período de fritura, e agora Aécio Neves, sobra quem como candidato à sucessão do Lula? Ora, ele próprio, em especial porque já se processa à sombra do governo a queima de Ciro Gomes.
PSDB e PT unidos para a Prefeitura de Belo Horizonte, em outubro, dariam consideráveis base para boa parte da esquadrilha dos tucanos bandearem-se para o PMDB e formar na candidatura Aécio Neves, apoiada pelo presidente Lula e os companheiros. Senão imbatível, ao menos uma armação favorita.
Fica claro quem não quer essa coligação: o presidente Lula e, sem a menor dúvida, o PT. Estão no poder total, para que arriscar-se a transferi-lo, quando a solução para preservá-lo está à vista de todos? Se o Lula ficar, vitória total. Coincidência ou não, José Serra percebeu a manobra e, num golpe de sorte, conseguiu o apoio de parte do PMDB, aliás, a parte mais substancial, a paulista, liderada por Orestes Quércia.
O ex-governador posicionou-se de público em favor da candidatura de Gilberto Kassab à reeleição na prefeitura paulistana e, de tabela, afirmou que seu candidato à presidência da República em 2010 é José Serra. Outra paulada na moleira de Aécio Neves, que por motivos óbvios apoiava Geraldo Alckmin para a prefeitura, adversário de Serra. Inviabiliza-se um acordo em Minas, celebram-se outro em São Paulo, completamente diversos os dois.
Existem, por certo, equações não completadas. O PMDB nacional endossará a posição de Orestes Quércia? Não foi de graça que o presidente Lula indagou em reunião do Conselho Político, quinta-feira: "O Michel, onde está o Michel?" O Michel, no caso o Temer, presidente do PMDB, havia deixado a sala minutos antes, mandando-se para a Bahia, certamente para não explicar a defecção de Quércia e, quem sabe, também para aconselhar-se com o Senhor do Bonfim.
É preciso, também, meditar se toda essa confusão tucana em torno da Prefeitura de São Paulo não se destina a cair no vazio, porque o eleitorado paulistano poderá muito bem preferir Marta Suplicy, reforçando o PT. Ou Paulo Maluf, enfraquecendo todo mundo.
De qualquer forma, acabamos de assistir a mais um lance na intrincada partida de xadrez cujo objetivo de um dos lados é terminar com o rei em pé. Ainda que à custa do sacrifício da rainha... O terceiro mandato continua em marcha.
Ninguém é de ferro
Quinta-feira, mais um feriado nacional. Alguém duvida de que a sexta-feira será enforcada, no Brasil oficial? Tribunais não funcionarão, muito menos Câmara e Senado, para não nos falar ministérios e demais repartições públicas do Executivo. Até as universidades públicas farão gazeta, com as exceções de sempre.
É claro que, com certas defecções patronais, o Brasil real estará funcionando. Os operários nas fábricas, os camponeses na terra, os caminhoneiros nas estradas e os comerciantes atrás de seus balcões.
Perde o Congresso excelente oportunidade de recuperar ao menos parte de sua imagem, caso os presidentes Garibaldi Alves e Arlindo Chinaglia houvessem marcado sessões deliberativas para a semana inteira. Mesmo no feriado, Dia do Trabalho, por que não trabalhar?
Irredutibilidade
O governo continua irredutível na disposição de não aceitar, na Câmara, a aprovação do projeto aprovado no Senado, dando aos aposentados e pensionistas que recebem mais de um salário mínimo o reajuste de 16.5%.
Aqui se faz, aqui se paga. Mesmo com o expediente de adiar a votação para os próximos anos, sem derrotar a proposta, fica clara a recusa do Executivo em fazer justiça aos velhinhos. Foi tão grande a reação parlamentar, semana passada, que a opinião pública e o eleitorado não deixarão de reagir.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Caso Isabella: reconstituição dura sete horas

SÃO PAULO - Depois de mais de sete horas de trabalho, interrompidas apenas para um lanche de meia hora, os peritos da Polícia Civil de São Paulo terminaram, às 17h20, o trabalho de reconstituição da morte da menina Isabella Nardoni, ocorrida na noite do dia 29 de março. O trabalho foi concentrado no Residencial London, onde a garota foi atirada do 6º andar, do apartamento do pai e da madrasta, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Alexandre Anna Carolina não comparecerem ao prédio ontem.
Mas dois dublês participaram da reconstituição para simular as versões sobre o crime. O trabalhou todo contou com quatro peritos criminais, dois médicos legistas, dois fotógrafos e dois desenhistas. A segurança da região foi garantida por 122 policiais civis e militares, que ajudaram a controlar a entrada e saída de moradores e evitar a entrada de curiosos.
Em uma das últimas etapas da reconstituição do crime, um casal que reside no edifício ao lado do London acompanhou os peritos. Os dois teriam ouvido a eventual discussão do casal, no dia do crime, e foram até o edifício para saber o que tinha acontecido.
Tela
Um perito cortou, por volta das 12h50, com uma tesoura, a tela de proteção da janela do quarto de onde a menina foi atirada. Enquanto a tela era cortada, outros dois especialistas fotografavam a cena, da sacada do apartamento e da calçada da rua onde está localizado o Residencial.
Cerca de dez minutos depois do corte feito na tela de proteção, um perito começou a simular o momento em que a menina foi atirada pela janela, utilizando para a reconstituição uma boneca articulada especial que custou ao governo R$ 2 mil.
Foram feitas três simulações de como Isabella teria sido jogada, de acordo com os laudos realizados pela polícia. A boneca, que estava presa por uma corda, foi solta por cerca de meio metro e depois içada para dentro do apartamento. A polícia não jogou a boneca pela janela, simulando a queda.
Jardim
Os peritos reconstituíram, por mais de uma hora, o momento em que a menina foi encontrada no jardim do prédio. Com a ajuda de testemunhas, os profissionais reconstituíram o momento em que o corpo foi achado, o momento em que o vizinho do primeiro andar ligou para o resgate e a hora em que Alexandre e Anna Carolina chegaram ao local.
Além do morador do primeiro andar, outra testemunha que ajudou os peritos nessa fase da reconstituição do crime foi o porteiro do edifício, que na noite do crime interfonou para este morador para avisar sobre o ocorrido. A testemunha do primeiro andar afirmou para a perícia que Anna Carolina, assim que chegou ao local em que Isabella estava caída, não se aproximou do corpo da menina.
Ela disse também que a madrasta de Isabella chegou ao térreo do edifício gritando ao porteiro que o prédio não tinha segurança. O vizinho informou, ainda, que logo que viu o corpo da garota, entrou rapidamente, pegou o telefone (para ligar para o resgate) e voltou para a sacada. E que o único lugar que um possível assaltante poderia sair (do edifício) seria pela portaria da frente.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Consumidor pode recorrer à Justiça

Os órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, advertem que a atualização da tecnologia das empresas pode ocorrer, desde que não traga qualquer prejuízo ao consumidor, o que, no caso da Net, não está ocorrendo. A retirada dos canais do ar caracteriza uma quebra unilateral de contrato, o que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor.
Nesse caso, o assinante pode exigir a manutenção da prestação do serviço da forma como foi contratada, o abatimento proporcional do preço, como propõe o Ministério Público de São Paulo, ou a rescisão do contrato sem pagamento de multa.
No caso dos usuários do Plano Standard da Net, na qual ocorre uma atualização da tecnologia, o usuário não precisa aceitar condições diferentes das contratadas, como o aumento de preço ou perda de canais. Se realmente houver necessidade de atualização tecnológica por parte da prestadora do serviço, é a empresa que deve arcar com os custos da transição, não podendo transferi-los a seus clientes, nem oferecer condições para utilização do serviço diferentes das até então pactuadas.
Além de recorrer aos órgãos de defesa do consumidor, o assinante da Net pode denunciar o problema no site da Agência Nacional de Telecomunicações (www.anatel.gov.br) ou através do telefone 0800-332001, bem como mover ação contra a empresa no Juizado Especial de Pequenas Causas, pedindo indenização e o restabelecimento dos serviços.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Net segue iludindo assinantes

Ministério Público quer obrigar operadora a dar desconto nas mensalidades por interrupção dos serviços
Carlos Newton
Diante da omissão do Ministério das Comunicações e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que não tomam providências para coibir irregularidades cometidas pela Net Serviços, o Ministério Público de São Paulo quer obrigar a operadora a descontar, nas mensalidades dos assinantes, os valores correspondentes aos períodos em que estiver interrompido o sinal da TV por assinatura ou da internet banda larga.
Uma vez que o cliente paga por 24 horas diárias de fornecimento do serviço, o Ministério Público de São Paulo classifica a falta do desconto proporcional às interrupções como "enriquecimento ilícito" da empresa. Em resposta, a Net afirma que já efetua o abatimento, mas apenas mediante solicitação do assinante.
Porém, como esse tipo de procedimento jamais foi divulgado pela empresa, o Ministério Público considera pouco provável a possibilidade de realmente existirem clientes que obtenham desconto por falhas na prestação dos serviços, pois o que se vê é um número crescente de assinantes que recorrem aos juizados especiais de pequenas causas ou aos órgãos de defesa do consumidor.
O Ministério Público se viu obrigado a intervir por constatar que, além de freqüentes problemas na internet banda larga, há muitas reclamações de assinantes da TV por assinatura. No caso do chamado Plano Standard, que é o mais barato, desde o Carnaval a Net procedeu a uma quebra de contrato unilateral, cortando diversos canais, como Universal, Multishow, GloboNews, National Geographic e Discovery Kids, mantendo apenas os sinais das emissoras de TV aberta, de transmissão obrigatória.
Reclamações
Com o crescimento do número de reclamações, o atendimento por telefone da Net ficou caótico e agora pode demorar até mais de dez minutos, enquanto o cliente fica ouvindo a autopropaganda da empresa, como os novos planos de TV digital, os próximos filmes a serem exibidos etc.
Quando afinal consegue falar com algum atendente, o consumidor é informado de que a Net terá de instalar um decodificador no aparelho de TV, para que volte a receber todos os canais contratados. Mas o assinante é informado também de que, se comprar um novo plano de TV digital ou o Combo, que inclui banda larga, TV a cabo e telefone fixo, imediatamente voltará a ter acesso livre a todos os canais, sem necessidade de instalar o decodificador.
Para tranqüilizar o consumidor que não aceita trocar o Plano Standard por um mais caro, o atendente do telemarketing da Net informa que será agendada uma visita de um técnico para proceder a instalação de um novo decodificador, com data certa e hora marcada. Mas lamenta que a demanda seja tão grande que ainda não haja a menor perspectiva de agendar a tal visita.
As queixas são tantas que o próprio serviço de telemarketing da Net sugere, em gravação, que o assinante mande um e-mail para a empresa explicando seu problema. Se o fizer, receberá em 24 horas uma resposta-padrão, nos seguintes termos:
"A troca de tecnologia está ocorrendo para os clientes de determinadas seleções, pois a transmissão de alguns canais será digitalizada, ou seja, os clientes que possuem estas seleções devem trocar de equipamento quando solicitado, para que possamos continuar oferecendo todos os canais contratados pelo cliente.
A troca do equipamento é totalmente sem custos, assim como o equipamento, pois continuará em regime de comodato. Agradecemos seu contato e colocamo-nos a sua inteira disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários".
Equipamento
Segundo a assinante Maria Chrisá Azevedo, moradora de Laranjeiras, a explicação da Net é inadmissível. "Desde que os canais foram tirados do ar, há dois meses e meio, a Net chegou a restabelecê-los, no dia 17 de março, durante algumas horas. Depois disso, ao longo de uma semana, minha TV surpreendentemente passou a receber os sinais dos canais Telecine, que são 61, 62, 63, 64 e 65, que jamais constaram de nossa assinatura. Tudo isso demonstra que a instalação do tal equipamento é desnecessária", assinala.
Em sua opinião, a Net cortou os sinais do Plano Standard para forçar os clientes a aderirem aos novos planos digitais da operadora, que são muito mais caros. "Sou recém-formada em Comunicação pela PUC e minha tese foi justamente sobre TV digital. É sabido que nenhum aparelho antigo de televisão, do tipo analógico, deixará de captar o sinal da TV digital. O aparelho antigo continua captando o sinal, analogicamente. Se for instalado um conversor, aí então receberá o sinal digital, de melhor qualidade", explica.
"O mais impressionante é que a Net, que massifica permanentemente seus assinantes com campanhas publicitárias, não tenha se interessado em alertá-los para a cassação dos sinais de alguns canais, para que, ordenamente, pudesse providenciar a instalação dos tais equipamentos, sem a bagunça que está hoje, pois ninguém é atendido direito", protesta a assinante.
Enganação
O especialista em eletrônica Enio Ferreira Andrade confirma que a Net está utilizando publicidade enganosa, omitindo informações fundamentais e fazendo o consumidor acreditar que seu aparelho de TV passará a receber transmissão digital mediante a simples aquisição dos novos planos da operadora, que custam muito mais caro.
"Não adianta o sinal da Net ser digital, se o aparelho de TV não tiver um conversor. Minha dúvida é saber se esse tal equipamento que a operadora diz que vai instalar gratuitamente é ou não um conversor digital. Todos sabem que não é necessário instalar o conversor se o cliente já estiver satisfeito com a imagem atual e não quiser pagar mais caro para receber a transmissão digital", explica.
A professora Sonia Maria Seraphim, moradora da Lagoa, adquiriu há alguns meses um Plano Combo, que inclui internet banda larga, TV digital por assinatura e telefone fixo. "Pensei que a transmissão digital seria automática, porque o vendedor assim me afirmou. Só fui saber que não tinha TV digital nenhuma quando meu cunhado me visitou, há algumas semanas, e esclareceu que ainda nem havia transmissão no Rio de Janeiro, apenas em São Paulo. E eu nem sabia que era necessário instalar um conversor", reclama.
A assinante acrescenta que na casa de sua filha Renata Seraphim Leitão, que acaba de comprar um novo plano da Net, a operadora instalou imediatamente um conversor de TV digital. "Na minha casa, porém, até agora a operadora ainda não instalou o conversor, embora eu esteja pagando há meses por um plano digital que não existe", denuncia.
Fonte: Tribuna da Imprensa

domingo, abril 27, 2008

Sobre Meninas e Abutres

Por:
Celso Lungaretti*
Se o comissário Maigret, mestre em desvendar crimes a partir de um profundo conhecimento das motivações e fraquezas humanas, se pusesse a investigar o caso Isabella, sua conclusão provável seria de que a menina houvera sido vitimada pelo descontrole emocional da madrasta, com o pai tentando, canhestramente, acobertar a companheira.
E, com seu olhar compassivo para os seres humanos, mestre Georges Simenon decerto fecharia em clima melancólico essa novela de personagens destruídos num momento de fúria e reações insensatas. Não o primitivismo vingativo do "olho por olho, dente por dente", mas o lamento civilizado pelo sofrimento inútil que os homens infringem a si mesmos.
Maigret cumpriria com pesar sua obrigação de entregar o imaturo casal à Justiça. Mas, decerto, seu sentimento seria bem outro em relação aos abutres que ultrapassam todos os limites da dignidade e do decoro para utilizar uma tragédia em benefício próprio.
O comportamento da imprensa neste episódio foi o de oferecer a dor extrema de algumas pessoas como espetáculo para a coletividade, sem jamais levar em consideração os efeitos que isso provocaria: desde os traumas causados em outras crianças cujos pais são separados até a possibilidade de que as turbas por ela incitadas linchassem os suspeitos ou se ferissem na tentativa. Revirou o lixo e emporcalhou-se com o sangue.
Além disso, ao persuadir maus agentes do Estado a vazarem laudos técnicos e depoimentos que estavam sob segredo de Justiça, trombeteando-os nos jornais nacionais, inviabilizou um julgamento justo, já que a opinião pública foi levada a condenar previamente os réus.
Nossa polícia sempre teve vezo autoritário, atuando mais como força repressiva e punitiva. Seus inquéritos tendem a ser peças de acusação e para a acusação, com o objetivo implícito de convencer promotores a denunciarem os suspeitos.
O espaço de atuação da defesa é a fase judicial, quando tenta desmontar a peça acusatória. Revelar prematuramente seus trunfos pode ser fatal para os advogados, que precisam contrabalançar nos tribunais a tendenciosidade com que muitas investigações policiais são realizadas.
Então, se a investigação policial é escancarada para o público, os pratos da Justiça se desequilibram, pois a defesa fica seriamente prejudicada e até (como neste episódio) praticamente inviabilizada.
A polícia substitui a promotoria, a opinião pública toma o lugar do tribunal e a malta está sempre pronta para cumprir a função do carrasco. Quando, além de tudo, esse rolo compressor leva a uma falsa conclusão, inocentes são esmagados, como no caso da Escola-Base.
Há algo de podre num país em que filmes justificam a tortura e a mídia contribui para submeter a Justiça à voz das ruas, por ela manipulada e arregimentada.
Não se sabe aonde este processo chegará, mas salta aos olhos que marcha na contramão da democracia brasileira, a tanto custo restabelecida.
*Celso Lungaretti, 57 anos, é jornalista em São Paulo, com longa atuação em redações e na área de comunicação corporativa, e escritor. Escreveu Náufrago da utopia (Geração Editorial, 2005). Mais dele em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/.
Fonte: congressoemfoco

O futuro dos remédios

Os segredos do espólio de ACM


A tentativa de capturar papéis sobre contas no Exterior motivou a invasão do apartamento da viúva, deflagrando a briga familiar que inclui a acusação de furto de peças sacras e a revelação de que um novo herdeiro teve direito à partilha dos bens de Antônio Carlos MagalhãesPor MINO PEDROSA - SalvadorColaborou Rudolfo Lago


PATRIMÔNIO Coleção de "santos antigos", "quadros de pintores nacionais" e "objetos de prataria antiga" integravam a declaração de renda do senador baiano
A cinematográfica invasão judicial à residência da viúva do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, ocorrida no dia 11 de março, ganhou repercussão como um ato de ganância de Tereza e César Mata Pires, filha e genro do falecido senador baiano, contra a viúva Arlette. A presença da juíza Fabiana Pelegrino, mulher do deputado petista Nelson Pelegrino, adversário de ACM, à frente da ação em que oficiais de Justiça arrombaram portas e cofres e catalogaram obras de arte, politizou a ação judicial. Mas, longe das disputas paroquiais, por trás da ação orquestrada por Mata Pires estava a tentativa de encontrar uma série de documentos que serviram para que ACM o mantivesse sob controle por quase uma década e que revelam a face oculta da construtora OAS. A papelada mostra as contas da OAS em paraísos fiscais, dinheiro de caixa 2 e remessas ilegais de lucros para o Exterior em nome de Mata Pires.
A VIÚVA Arlette pede na Justiça a suspeição da juíza que autorizou a busca e apreensão em seu apartamento
Os documentos foram parar nas mãos de ACM no final de 1994, quando o senador era reconhecido como um dos homens mais influentes do País. Em 18 de dezembro daquele ano, José Raul Sena Gigante, então procurador da construtora, desembarcou de um vôo da British Airways no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, e foi surpreendido por uma operação da Polícia Federal, que visava encontrar em sua bagagem provas de uma suposta relação entre a empreiteira baiana e o esquema PC Farias, o ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello. Na operação, a PF mirou um alvo e atingiu outro, que não estava no roteiro. Gigante levava duas malas 007, nas quais estavam maços de papel e oito cartões do Coutts&Co. Bank. Os cartões eram nominais a Carlos Laranjeira, Luiz Abreu Silva, Telma Maria Silva, Carlos Seabra Suárez, César Mata Pires, Luiz da Rocha Sales Filho, Nicolau Martins e Teresa Martins. Todos eles sócios e ex-sócios da OAS. Em uma das pastas havia documentos de diversas instituições financeiras estrangeiras, dentre as quais a Tiel Finance Corp. e o Citibank, ambas em Luxemburgo. Havia também documentos de empresas constituídas em paraísos fiscais, bem como procurações de cofre-forte do J.P. Morgan S/A da Suíça, em nome de um certo "Jurandir", e cerca de US$ 3 mil em espécie.
Gigante também viu serem apreendidos seu notebook e uma agenda manuscrita. Segundo delegados que participaram das investigações, Gigante seria o testa-de-ferro de ACM e de Laranjeira na Marnell Holdings Ltda., empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, usada pela OAS para a aplicação de dinheiro no Exterior. Essa empresa dispunha de títulos do Tesouro americano, no valor aproximado de US$ 35 milhões, aplicados na União Bancária de Crédito, da Suíça. Um dos documentos encontrados era uma correspondência de Gigante enviada ao escritório de advocacia Noronha, especialista em direito americano, na qual se discute sobre negócios e transações com firmas estrangeiras, implicando um grupo empresarial brasileiro. O valor total desses negócios: R$ 500 milhões.

A tentativa de capturar papéis sobre contas no Exterior motivou a invasão do apartamento da viúva, deflagrando a briga familiar que inclui a acusação de furto de peças sacras e a revelação de que um novo herdeiro teve direito à partilha dos bens de Antônio Carlos MagalhãesPor MINO PEDROSA - SalvadorColaborou Rudolfo Lago
Com esse material em mãos, o senador, que se encontrava distante do genro, passou a ter César Mata Pires e a OAS sob controle. As conclusões do inquérito aberto naquela época, e que ganhou o número 95.0100045-1, eram de que os documentos e meios eletrônicos continham indícios de que "havia uma rede de empresas estrangeiras em paraísos fiscais, indiretamente constituídas pelo grupo OAS, com vista a proceder à lavagem de dinheiro proveniente de procedimentos ilícitos em exportações e outras fraudes." Era essa documentação que Mata Pires esperava encontrar no cofre de sua sogra. Mas, na lista do que foi achado pelos oficiais de Justiça que participaram da operação no apartamento de dona Arlette não há nenhuma menção a esses documentos. Ou seja, a jogada articulada por Mata Pires acabou resultando em um fracasso. O fracasso, porém, acabou acirrando a briga surda travada pelos Magalhães em torno do espólio de ACM, que coloca em pólos opostos o próprio Mata Pires e o atual senador Antônio Carlos Magalhães Jr., pai do líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto.
A tentativa de capturar papéis sobre contas no Exterior motivou a invasão do apartamento da viúva, deflagrando a briga familiar que inclui a acusação de furto de peças sacras e a revelação de que um novo herdeiro teve direito à partilha dos bens de Antônio Carlos MagalhãesPor MINO PEDROSA - SalvadorColaborou Rudolfo Lago
Documento falsoA disputa concentra-se numa das jóias da coroa da família Magalhães: a Rede Bahia, a emissora de tevê que lidera o império de comunicações da família. A legislação brasileira, segundo o artigo 54 da Constituição, proíbe que parlamentares sejam sócios de televisões. ACM Jr. era o gestor da tevê. Com a morte do pai, assumiu sua cadeira no Senado, mas não deixou a tevê, o que poderá fazer até com que o governo venha a cassar a concessão. Sabedor disso, Mata Pires planeja novos disparos contra os Magalhães. Ele tem interesse em voltar às suas origens empresariais na Bahia, e acredita que a posse da televisão é o melhor caminho para que a OAS reencontre espaço no fechado mercado baiano. Para evitar o golpe, ACM Jr. tratou de procurar se defender e para tanto carrega consigo uma ata de reunião dos acionistas da tevê mostrando que ele não mais exercia o posto de gestor, mesmo antes da morte de ACM pai. O problema é que, segundo laudo elaborado pelo perito Ricardo Molina, da Unicamp, o documento é falso. Em suas conclusões, o perito indica que a ata, apesar de datada de 2004, foi produzida e assinada em 2007. Esse documento está cuidadosamente guardado com Mata Pires e serve na busca de um acordo na divisão dos bens do falecido senador.
Enquanto o acordo não é obtido, os Magalhães também procuram se municiar contra Mata Pires. Valendo-se das prerrogativas de senador, em 18 de março, ACM Jr. apresentou um requerimento ao Tribunal de Contas da União pedindo informações sobre todos os processos, "instaurados a partir do ano de 2002, concluídos ou em andamento, que envolvam a Construtora OAS".
Tanto os Magalhães como Mata Pires evitam declarações públicas sobre a guerra que estão travando. Mas, a amigos, Mata Pires não tem poupado os parentes de sua mulher. Tem dito, por exemplo, que entre os bens relacionados no apartamento de dona Arlette estão imagens sacras que foram roubadas de Igrejas do interior da Bahia e que estão catalogadas pelo Iphan. "A acusação pode mesmo ser procedente. No apartamento existem várias imagens sacras e houve uma época em que era comum prefeitos do interior presentearem lideranças políticas estaduais com imagens retiradas das igrejas", disse à ISTOÉ um dos oficiais que participaram da invasão do apartamento de dona Arlette. Para a Polícia Federal, não é difícil descobrir se o falecido senador mantinha ou não em sua coleção de obras sacras santos roubados. Basta comparar a listagem já feita pela Justiça com os catálogos do Iphan e com as reclamações feitas pelos padres do interior do Estado.
No meio dessa disputa, foi dada a única declaração de ACM Jr. sobre o litígio, numa nota em que comentava declarações do advogado de Mata Pires, André Barachísio Lisboa, ao jornal baiano A Tarde. "Com a morte do senador ACM, o senhor César Mata Pires tentou de maneira agressiva, antiética - fugindo a todas as regras que regem uma empresa de comunicação com responsabilidades sociais e constitucionais - assumir o controle da Rede Bahia de Comunicação, conquanto dita rede não integra o patrimônio do espólio", diz a nota. "Frustrado no seu ambicioso intuito de controlar a Rede Bahia, o empresário César Mata Pires resolveu constranger a família do senador Antônio Carlos Magalhães, criando uma disputa dolorosa e desnecessária em torno do processo de inventário", prossegue. Mata Pires respondeu também com uma nota, enviada ao diretor superintendente do jornal A Tarde, Renato Simões. A nota, obtida por ISTOÉ, não foi publicada pelo jornal. Comenta o requerimento feito por ACM Jr. ao TCU. "Os pedidos (são) inócuos, pois tudo o que está no TCU tem um trâmite definido, em nada acrescentam aos eventuais processos existentes e revelam dois dos males do nepotismo: oportunismo e despreparo para a função pública", diz Mata Pires.
Em sua declaração de renda de 2002, apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral, ACM afirmou ter um apartamento em Salvador e outro no Rio de Janeiro, um terreno em Madre de Deus (BA), uma casa e um lote em Brasília. Além desses imóveis, havia os chamados "valores mobiliários": ações da Petrobras, Banco do Brasil, Banco Econômico, Vale do Rio Doce e Transworld & Trust Limited, além de pequenas participações em empresas da família - nenhuma delas da TV Bahia ou da Bahiapar. Na declaração, ACM não esqueceu de citar a coleção de "santos antigos brasileiros", "quadros de pintores nacionais" e "objetos de prataria antiga", mas nada individualizado e avaliado. Não se trata de bens que somariam R$ 500 milhões e nem que justificassem tanta briga entre pessoas de uma mesma família.
No caso da de ACM, ela foi ampliada pouco antes da sua morte com a revelação de que havia mais um herdeiro, até então mantido na sombra. Nessa conversa, ele pediu à família que reconhecesse como herdeiro legítimo um filho fruto de uma longa relação fora do casamento. Ele deveria ter os mesmos direitos dos demais na partilha dos seus bens. Após a morte de ACM, no entanto, sua vontade não foi imediatamente respeitada pelo resto da família. O novo herdeiro, então, ameaçou pedir a exumação do cadáver do pai, caso não lhe dessem uma parte igual à dos irmãos na partilha. A solução acabou surgindo com a oferta de uma considerável parte dos bens de ACM. Incluiuse nesse acordo o apartamento nº 202 do Edifício Ludwig, localizado na avenida Vieira Souto nº 272, no Rio de Janeiro, comprado no dia 3 de maio de 1978. Quando comprou o apartamento, ACM prometera à mãe do rapaz que ia romper o casamento para assumir a nova relação. Ao final, falou mais alto o apreço à estabilidade familiar. Estabilidade que ruiu estrepitosamente com a morte de Antônio Carlos Magalhães.
Fonte: ISTOÉ

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