Nos últimos dias, ao acompanhar os canais oficiais de comunicação do Republicanos na Câmara dos Deputados, encontrei um vídeo publicado pelo próprio partido que lança luz sobre o perigo da aprovação do chamado PL da Dosimetria.
Nele, o deputado federal Marcelo Crivella, autor da iniciativa que deu origem ao atual PL da Dosimetria, apresentado ainda em 2023, comenta os efeitos concretos da nova versão do projeto.
Ao falar sobre a tramitação do texto, Crivella afirma que o cenário ideal, em sua avaliação, teria sido a aprovação de uma anistia específica para aquele episódio. Segundo o deputado, a ausência da anistia levou à construção de uma alternativa legislativa que altera a forma de cálculo das penas, produzindo efeitos semelhantes.
Ele reconhece que, apesar de aparentemente mais amena, a nova proposta faz com que se ocorrerem novas manifestações marcadas por depredação e ataques às instituições, as punições aplicáveis já serão aquelas previstas na legislação modificada agora.
Crivella ressalta que o projeto impede a soma de penas para crimes cometidos dentro de um mesmo contexto, o que inviabiliza, nas palavras dele, a aplicação de “penas altíssimas”.
Ao avaliar essa consequência, o deputado admite que o PL da Dosimetria acaba incentivando manifestações como os atos golpistas de 8 de Janeiro, por reduzir o impacto penal de ações contra o Estado.
No mesmo vídeo, o parlamentar explica que a anistia defendida por seu campo político teria alcance restrito ao 8 de Janeiro, incluindo postagens em redes sociais, jornalistas, manifestantes, o ex-presidente Jair Bolsonaro e oficiais-generais envolvidos naquele episódio, sem se estender a outros eventos.
A mudança na dosimetria das penas surge, assim, não só como um caminho indireto para aliviar condenações passadas, mas também para moldar o tratamento jurídico de futuras tentativas de ruptura – o que torna o texto, em sua visão, pior do que o original.
“O ideal teria sido a gente aprovar a anistia, porque se no futuro houver outras manifestações como aquela quebradeira toda, as penas serão essas que agora estão sendo modificadas. Não vai poder mais somar as penas todas e dar penas altíssimas. Então nesse aspecto, realmente, o projeto acaba, vamos dizer assim, de certa forma, incentivando essas manifestações”, admitiu Crivella.