A Perenização do Rio Vaza-Barris e a Lição da BR-235: Entre Promessas, História e Realidade
Por José Montalvão
Mas a verdade é que somente quando o governo federal encarou a obra como prioridade, entendendo sua importância estratégica e econômica para toda a região, é que a pavimentação finalmente saiu do papel. E, com ela, veio o desenvolvimento, a integração regional e o fim de um sofrimento histórico das populações de Jeremoabo, Canché, Carira e arredores.
Hoje, a “bola da vez” voltou a ser outra promessa recorrente: o milagre da perenização do Rio Vaza-Barris através das águas do São Francisco. Muita gente fala, muita gente promete, mas poucos sabem — ou divulgam — os fatos históricos e legais que tornaram esse sonho possível.
Canal do Sertão Baiano: agora é real
Enfim, o Canal do Sertão — obra que tem potencial para transformar a economia do nordeste baiano, especialmente na região mais seca do estado — começa a tomar forma.
Na segunda-feira, no auditório da Cerb, ocorreu a primeira reunião do Grupo de Acompanhamento de Projetos e Obras do Canal do Sertão, criado pelo governador Jerônimo Rodrigues.
O Canal terá 317 km, partindo do Vale do Salitre, em Juazeiro, atravessando 44 municípios até a Barragem de São José. Uma etapa inicial já existe: pouco mais de 22 km concluídos, com quatro estações elevatórias. Ou seja: o projeto deixou de ser discurso e entrou na fase de execução progressiva.
Perenização do Vaza-Barris: a origem é antiga e tem nome e sobrenome
É importante que o povo saiba — e não esqueça — que a ideia de incluir a Bacia do Rio Vaza-Barris na área de atuação da Codevasf não nasceu ontem. Ela existe, oficialmente, desde 15 de janeiro de 2014, quando a Câmara dos Deputados registrou o andamento do projeto correspondente.
A perenização não é um ato isolado. Ela é consequência direta de um passo fundamental:
A Lei Federal nº 13.502/2017, que:
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incluiu oficialmente a bacia do Rio Vaza-Barris na área de atuação da Codevasf;
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autorizou a companhia a executar projetos federais de grande porte na região;
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abriu caminho para que obras de integração hídrica, como canais, barragens e adutoras, possam receber investimentos do PISF (Projeto de Integração do Rio São Francisco).
Prometer é fácil; concluir é outra história
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a iniciativa original tem responsáveis claros e documentados — Valadares e Lídice da Mata;
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o processo legal já existe, e isso é um avanço gigantesco;
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o Canal do Sertão está andando, e isso muda completamente o cenário futuro.
Conclusão: memória é o que impede que a história seja distorcida
Por isso, é preciso que a população não seja enganada por discursos recentes que tentam monopolizar o mérito de algo que foi iniciado há mais de dez anos.
A história existe para ser respeitada — e lembrada.
