segunda-feira, dezembro 01, 2025

A Perenização do Rio Vaza-Barris e a Lição da BR-235: Entre Promessas, História e Realidade

 O Canal tem 317 quilômetros partindo do Vale do Salitre, em Juazeiro, e percorrendo 44 municípios até a Barragem de São José, entre São José do Jacuípe e Várzea da Roça - 


A Perenização do Rio Vaza-Barris e a Lição da BR-235: Entre Promessas, História e Realidade

Por José Montalvão

A discussão sobre a perenização do Rio Vaza-Barris me traz à memória um capítulo antigo — e muito conhecido — da história de Jeremoabo: a pavimentação da BR-235, no trecho que liga o município até a divisa com Sergipe, na cidade de Carira.
Durante décadas, sempre que se aproximava o período eleitoral, surgiam os mesmos discursos, as mesmas promessas, as mesmas “garantias” de que agora, definitivamente, o problema seria resolvido. A estrada era tratada como um símbolo de abandono e, ao mesmo tempo, uma moeda de troca eleitoral.

Mas a verdade é que somente quando o governo federal encarou a obra como prioridade, entendendo sua importância estratégica e econômica para toda a região, é que a pavimentação finalmente saiu do papel. E, com ela, veio o desenvolvimento, a integração regional e o fim de um sofrimento histórico das populações de Jeremoabo, Canché, Carira e arredores.

Hoje, a “bola da vez” voltou a ser outra promessa recorrente: o milagre da perenização do Rio Vaza-Barris através das águas do São Francisco. Muita gente fala, muita gente promete, mas poucos sabem — ou divulgam — os fatos históricos e legais que tornaram esse sonho possível.


Canal do Sertão Baiano: agora é real

Enfim, o Canal do Sertão — obra que tem potencial para transformar a economia do nordeste baiano, especialmente na região mais seca do estado — começa a tomar forma.

Na segunda-feira, no auditório da Cerb, ocorreu a primeira reunião do Grupo de Acompanhamento de Projetos e Obras do Canal do Sertão, criado pelo governador Jerônimo Rodrigues.

O Canal terá 317 km, partindo do Vale do Salitre, em Juazeiro, atravessando 44 municípios até a Barragem de São José. Uma etapa inicial já existe: pouco mais de 22 km concluídos, com quatro estações elevatórias. Ou seja: o projeto deixou de ser discurso e entrou na fase de execução progressiva.


Perenização do Vaza-Barris: a origem é antiga e tem nome e sobrenome

É importante que o povo saiba — e não esqueça — que a ideia de incluir a Bacia do Rio Vaza-Barris na área de atuação da Codevasf não nasceu ontem. Ela existe, oficialmente, desde 15 de janeiro de 2014, quando a Câmara dos Deputados registrou o andamento do projeto correspondente.

Tudo começou com o PL 6.096/2013 (antigo PLS 14/2013, no Senado), apresentado pelo senador sergipano Antônio Carlos Valadares, com apoio da senadora baiana Lídice da Mata.
Foram eles os primeiros a oferecer as bases legais para que o Vaza-Barris pudesse receber, um dia, as águas do São Francisco.

A perenização não é um ato isolado. Ela é consequência direta de um passo fundamental:

A Lei Federal nº 13.502/2017, que:

  • incluiu oficialmente a bacia do Rio Vaza-Barris na área de atuação da Codevasf;

  • autorizou a companhia a executar projetos federais de grande porte na região;

  • abriu caminho para que obras de integração hídrica, como canais, barragens e adutoras, possam receber investimentos do PISF (Projeto de Integração do Rio São Francisco).

Antes dessa lei, a Codevasf simplesmente não podia atuar na bacia. Não tinha competência legal.
Depois dela, o sonho da perenização deixou de ser ilusão e passou a ser projeto possível, ainda que complexo e caro.


Prometer é fácil; concluir é outra história

Assim como aconteceu com a BR-235, muitos ainda usarão o Vaza-Barris como vitrine eleitoral. Muitos prometerão o que não podem cumprir.
Mas a verdade é que:

  • a iniciativa original tem responsáveis claros e documentados — Valadares e Lídice da Mata;

  • o processo legal já existe, e isso é um avanço gigantesco;

  • o Canal do Sertão está andando, e isso muda completamente o cenário futuro.

Quando a perenização do Vaza-Barris será concluída?
Ninguém sabe. Talvez no próximo governo, talvez no outro, talvez mais além. Em obras de grande porte e impacto regional, o tempo é imprevisível — e Deus é quem sabe o dia da conclusão.


Conclusão: memória é o que impede que a história seja distorcida

Por isso, é preciso que a população não seja enganada por discursos recentes que tentam monopolizar o mérito de algo que foi iniciado há mais de dez anos.

A perenização do Vaza-Barris tem origem clara, documentada e política.
Todo o resto — os discursos modernos, as promessas e até os avanços atuais — são continuação, consequência e desdobramento de um trabalho legislativo que começou lá atrás.

Assim como a BR-235, um dia essa obra será concluída.
Mas até lá, é fundamental reconhecer quem plantou a semente, quem abriu o caminho e quem deu o primeiro passo para que o impossível começasse a se tornar possível.

A história existe para ser respeitada — e lembrada.


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