Publicado em 29 de dezembro de 2023 por Tribuna da Internet
Marcelo Copelli
No Brasil, em meio ao espetáculo organizado com o dinheiro público, o cidadão não sabe para qual lado olhar ou de quem reclamar. Enquanto boa parte da população sequer viu algo de diferente na mesa de Natal ou mesmo tem perspectivas quanto aos próximos meses, juízes e servidores recebem bônus generosos, políticos tentam fechar o ano com o máximo de vantagens que puderem e até quem já se tornou inelegível continua a receber uma boa renda dos cofres públicos.
Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, poderão fechar 2023 com chave de ouro, gozando além de inúmeros privilégios que o antigo cargo de “ocupante” da cadeira presidencial os concedeu, também recebendo cerca de R$ 589 mil do PL ao longo de 2023. Após a derrocada nas urnas, o casal passou a integrar a cúpula do PL como “dirigentes partidários” e, para tanto, recebendo uma pequena bolada através do polpudo fundo partidário.
“SERVIÇOS” – Enquanto “dona” Michelle, “presidente” do PL Mulher desde fevereiro, já recebeu R$ 236,3 mil da legenda por “serviços técnico-profissionais” até setembro, Bolsonaro recebeu R$ 200 mil entre abril e outubro. O casal recebe como dirigentes partidários, de R$ 30.483,16. Não estão incluídos no valor despesas com assessores, advogados e despesas como deslocamentos e alimentação.
A questão não o partido travestir uma justificativa pelos (des) serviços de ambos, mas sobretudo remunerá-los com dinheiro público. Para o bolsonarismo a questão é resolvida, tentando manter viva qualquer brasa de esperança quanto à representatividade de Bolsonaro. Mas, para a maior parte da sociedade, trata-se de mais um episódio fatídico em que, ainda que viável legalmente, a situação beira a mais um descaso, uma vez que o ex-presidente só contribuiu para o retrocesso do país em quatro anos à frente (ou de costas) no Executivo.
FUNDO ELEITORAL – Principal beneficiado pelo fundo partidário, o PL somou R$ 141.072.720,75 em recursos disponíveis para gastos neste ano, sendo mais de 99% provenientes do conhecido “fundão”. Já no ano, a sigla declarou ter, até o momento, R$ 96.882.198,78 em despesas. Claro que a situação absurda se estende pelas demais siglas, mas isso não significa que se tenha obrigatoriaente uma concordância passiva por parte de quem assiste a tudo isso.
O clã Bolsonaro tenta de qualquer forma se manter no poder, mas como em política tudo pode mudar de acordo com os interesses, nas primeiras decisões judiciais em 2024, talvez os apoiadores repensem os seus posicionamentos e deixem o ex-mandatário naufragar.