Elio Gaspari
O Globo/Folha
Durante quatro anos, Bolsonaro sonhou com cataclismas que nunca vieram. Com menos de cem dias de governo, Lula está soprando as brasas da inflação ao brigar com o Banco Central e ao dizer que “se não pode cumprir [o teto de 4,75%], é melhor mudar”.
Com esse tipo de declaração ele estimula as expectativas inflacionárias e aí fica uma questão: o que ele pretende com isso? Bolsonaro sonhava com um caos que lhe permitisse tentar um golpe. Esse sonho não está no acervo de Lula.
CAMPOS E SUA COMUNICAÇÃO – Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, admitiu que “às vezes eu me vejo com alguma deficiência na comunicação” e prometeu melhorar.
Basta não agredir a inteligência de quem o ouve. Na sua entrevista ao programa Roda Viva, quando lhe perguntaram sobre a camiseta da seleção brasileira de futebol que vestiu ao ir votar, o doutor respondeu: “Voto é um ato privado”.
A pergunta tratava de sua camisa.
EXECUTIVO PREVIDENTE – Ainda não se conhecem os nomes dos diretores da rede varejista Americanas que venderam cerca de R$ 240 milhões de ações da empresa no ano passado, quando já sabiam que o negócio estava emborcado com um rombo bilionário.
Sabe-se, contudo, que pelo menos um deles transferiu o ervanário para as contas de familiares no exterior.
O anúncio de que os três grandes acionistas da rede Americanas colocarão até R$ 12 bilhões no poço da empresa esfriou o fervor de pelo menos um banqueiro contra o trio.