Atos criminosos contra os Três Poderes, em Brasília
A estratégia escolhida pelos governistas será a de tratar o dia 8 de janeiro como o ato final de uma articulação que teria começado ainda durante a campanha eleitoral de 2022
A base parlamentar aliada do governo federal, que inicialmente era contra a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os atos criminosos do 8 de janeiro, avança nas negociações para ter maioria na CPMI e conseguir indicar o presidente e o relator. As informações são da âncora da CNN Daniela Lima.
Os parlamentares governistas devem conseguir indicar tanto a presidência da Comissão, que deve ser ocupada por um deputado, como a relatoria, que deve ser ocupada por um senador.
Enquanto os nomes para ocupar estes cargos ainda não estão definidos, os governistas já possuem um roteiro de ação que indica como eles devem tratar a CPMI do 8 de janeiro.
A estratégia escolhida será a de tratar o dia 8 de janeiro como o ato final de uma articulação que teria começado ainda durante a campanha para as eleições de 2022, e não como o início de uma tentativa de golpe.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse à CNN que alguns tópicos considerados importantes de serem abordados já haviam sido decididos.
Dentre eles, o personagem-chave para emplacar essa narrativa será o ex-ministro e Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, que está preso preventivamente por suposta omissão durante o ataque aos Três Poderes desde 14 de janeiro.
Os parlamentares pretendem explorar o fato de que Torres viajou para os Estados Unidos porque sabia que haveriam protestos na primeira semana de janeiro.
A base do governo entende que ele tem um papel crucial para demonstrar que a tentativa de golpe começou a ser organizada no ano passado, ainda durante a campanha eleitoral, em episódios como as operações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno.
A diretora de inteligência do Ministério da Justiça durante o governo Bolsonaro afirmou, em seu depoimento à Polícia Federal (PF), que Torres havia solicitado um levantamento para identificar em quais municípios Lula havia tido mais votos no primeiro turno.
As operações organizadas pela PRF atingiram principalmente eleitores desses municípios.
Outro personagem que deve ser explorado pelos governistas é o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que chegou a ser afastado do cargo após o ataque aos Três Poderes.
Rocha havia afirmado que todo o contingente da Polícia Militar (PM) estaria atuando na segurança dos Três Poderes no dia 8. No entanto, apenas 200 cadetes estavam ocupando o local.
Por Fernanda Pinotti
CNN